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Publicada em: 28/05/2009
Por: Rafael Vinícius
Um grupo de pesquisadores brasileiros e portugueses desenvolveu um modelo animal apropriado para estudar os efeitos da malária durante a gravidez em zonas de alta endemicidade. A doença causa anemia materna, diminuição da viabilidade do feto e crescimento intrauterino retardado. De acordo com o primeiro autor do trabalho publicado na revista de acesso aberto PLoS One, o brasileiro Cláudio Marinho, o estabelecimento do novo modelo contribui para a compreensão de diversos aspectos particulares da malária gestacional, além de ser uma importante ferramenta para o teste de novas drogas e vacinas.
Todos os anos, pelo menos 50 milhões de mulheres grávidas são expostas à malária, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que no continente africano, anualmente, 10 mil gestantes e 200 mil crianças morram em decorrência da malária associada à gravidez. Em maio de 2008, o mesmo grupo de pesquisadores, em trabalho também publicado na PLoS One, descreveu pela primeira vez um modelo animal apropriado para o estudo da malária gestacional, mas com foco específico nas características patológicas observadas em casos ocorridos em zonas de baixa endemicidade.
“Quando se fala de malária associada à gravidez, temos que distinguir em que tipo de zona a mulher afetada habita. Em zonas onde a doença é endêmica, as mães têm um certo grau de imunidade ao parasita, por estarem sempre expostas a ele. Mas, em zonas de baixa endemicidade, tanto a mãe como o feto correm grande risco de vida”, disse Marinho.
De forma semelhante à do primeiro trabalho, o grupo utilizou uma linhagem de camundongos que foi infectada com um parasita transgênico. O gene inserido no protozoário, quando transcrito, gera a proteína GFP, que emite luz verde ao ser estimulada com determinado comprimento de onda. Isso possibilita a visualização do parasita, que pode ser facilmente localizado em qualquer tecido do animal.
“Naquele modelo, infectamos os camundongos durante a gravidez e isso fez com que o animal não tivesse qualquer tipo de imunidade ao parasita, simulando as condições das zonas de baixa endemicidade. No caso, tanto a mãe como o filhote apresentavam graves problemas”, explicou Marinho.
A estratégia consistiu em criar nos camundongos uma infecção crônica, ou subclínica, ao contrário da primeira situação, na qual os animais desenvolviam a doença muito rapidamente após a infecção. “Desta vez, infectamos os animais e, depois de alguns dias, os tratamos com a droga apropriada para a malária – a cloroquina. Mas não é um tratamento curativo, ele apenas controla a infecção. Portanto, o animal permanece com o plasmodium, mas em uma infecção crônica. Depois disso, deixávamos o animal engravidar”, disse.
Fonte: Agência Fapesp
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