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Publicada em: 20/10/2009
Por: Igor Cruz
Após a adesão da Colômbia ao Programa Ibero-americano de Bancos de Leite Humano (Programa Iber-BLH) no ano passado, este ano foi a vez do governo peruano aderir ao acordo de cooperação, do qual já fazem parte Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Espanha e Colômbia. Inspirado no modelo da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (Rede BLH), o programa ibero-americano tem o objetivo de reduzir a mortalidade infantil e melhorar a qualidade da atenção neonatal e já atua em 22 países do continente americano e da Europa. A Rede Ibero-americana e brasileira de Banco de Leite Humano é uma iniciativa do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
A oportunidade para formalizar o acordo partiu de uma demanda peruana em reunião realizada no fim de 2008, pela Organização Pan-americana de Saúde, (OPS) sobre alimentação da criança no primeiro ano de vida. A adesão do Peru ao programa irá acontecer, primeiramente, no modelo de cooperação bilateral, em que o Brasil dará todo o suporte. Para o secretário executivo do programa e coordenador da Rede BLH, João Aprígio Guerra, esta é a forma mais usada para atender uma demanda de um país, sendo uma ação específica, de curto prazo, com início, meio e fim.
O coordenador ainda explica que, além da perspectiva biomédica do modelo bilateral, o programa trabalha com uma perspectiva multilateral de cooperação, no qual os temas são tratados com um enfoque múltiplo, com o intuito de considerar o interesse comum de todos os países. “No modelo bilateral, um país atende a uma necessidade específica do outro, como por exemplo, a instalação de um banco de leite em um hospital. Já no multilateral, a perspectiva aborda toda a questão do conhecimento, da informação, da comunicação, etc.”, explica João Aprígio Guerra.
A expectativa do programa é seguir os passos da rede brasileira que, no ano passado, atendeu mais de 157 mil recém-nascidos prematuros e de baixo peso. Para João Aprígio, talvez as oito mil crianças beneficiadas na América Latina e no Caribe, no mesmo período, representem um avanço maior do que as atendidas no Brasil. “Apesar deste número reduzido, devemos considerar o tamanho do Brasil, o tamanho da população brasileira e, principalmente, o acesso ao sistema de saúde brasileiro, que é melhor do que nesses outros países”, pondera o coordenador. Ainda de acordo com João Aprígio, um dos objetivos do programa é criar um centro de referência em doação de leite humano em cada país, que assine o convênio de cooperação.
Segundo João Aprígio, o ponto chave para o sucesso do programa é a militância dos profissionais. O governo espanhol, por exemplo, segue o modelo brasileiro de banco de leite humano e tem apresentado resultados excelentes, como a melhora no padrão de aleitamento materno nas crianças e a diminuição do tempo na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal. Além disso, a Espanha doou, recentemente, a quantia de 20 mil euros para o programa ibero-americano.
Nos acordos de cooperação de bancos de leite humano, o Brasil oferece transferência de tecnologia de baixo custo; assistência técnica nos projetos de instalação e formulação do banco; treinamento de recursos humanos; subsídios para criação de uma política pública nesta área; construção de um sistema de informação que garanta a definição de indicadores e etc. “Temos a preocupação de dar total assistência não só no momento da instalação do banco, mas também nos próximos passos do projeto, como por exemplo, capacitação e atualização de pessoal”, conclui o coordenador.
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