Nível de Biossegurança 2 (NB-2)


NuBio


Práticas Padrões
Práticas Especiais
Equipamento de Segurança (Barreira Primária)
Instalações Laboratoriais (Barreiras Secundárias)

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   O nível de Biossegurança 2 é semelhante ao nível de Biossegurança 1, sendo acrescentado de especificidades que veremos a seguir. É adequado ao trabalho que envolva agentes de risco moderado para as pessoais e para o meio ambiente, classificados como microrganismos da classe de risco 2.. Difere do NB-1 nos seguintes aspectos:


(1)  O pessoal de laboratório deverá ter um treinamento específico no manejo de agentes patogênicos e devem ser supervisionados por profissionais competentes;

(2)  o acesso ao laboratório deve ser limitado durante os procedimentos operacionais;

(3)  precauções extremas serão tomadas em relação a objetos perfurocortantes infectados; e

(4)  determinados procedimentos nos quais exista possibilidade de formação de aerossóis e borrifos infecciosos devem ser conduzidos em cabines de segurança biológica ou outros equipamentos de contenção física.

  Os seguintes padrões e práticas especiais, equipamentos de segurança (EPC e EPI) e instalações são aplicáveis aos agentes designados para o Nível de Biossegurança 2:


  • Práticas Padrões

  • 1.  O acesso ao laboratório restrito ou limitado somente às pessoas autorizadas pela chefia.


    2.  Não é permitida a presença de crianças.


    3.  Lavar as mãos:

    ­  antes e após a manuseio de materiais viáveis, após a remoção das luvas e antes de sair do laboratório.

    ­  antes e após o uso de luvas.

    ­  antes e depois do contato físico com pacientes.

    ­  depois de manusear material infectante, mesmo quando as luvas tenham sido usadas.

    ­  mãos e antebraços devem ser lavados cuidadosamente (o uso de escovas deverá ser feito com atenção).


    3.  As salas devem ser mantidas trancadas quando fora de uso. Manter um controle de chaves.


    4.  É proibido comer, beber, fumar, mascar chicletes, manusear lentes de contato e aplicar cosméticos nas áreas de trabalho.


    5.  Os alimentos devem ser guardados fora das áreas de trabalho.


    6.  É proibida a pipetagem com a boca; devem ser utilizados dispositivos mecânicos. É proibido lamber as etiquetas ou colocar os materiais na boca.


    7.  Durante o trabalho no laboratório, a equipe deve usar roupas, aventais ou uniformes próprios. Essas peças de vestuário não devem ser usadas em outros espaços que não sejam do laboratório (escritório, biblioteca, salas de estar e refeitório). As roupas contaminadas devem ser desinfetadas com técnica adequada.


    8.  A indumentária para proteção dentro do laboratório não deve ser guardada no mesmo armário, junto com trajes pessoais.


    9.  Não é permitidos o uso de calçados que deixem os artelhos à vista.


    10.  Restringir ao máximo a utilização de agulhas. Instituir procedimentos operacionais padrões para o manuseio das mesmas.


    11.  Todos os procedimentos devem ser realizados cuidadosamente a fim de minimizar a criação de borrifos ou aerossóis.


    12.  Usar óculos de segurança e os protetores de face (visores), assim como outros dispositivos de proteção sempre que forem indicados para a proteção de olhos e face e contra os salpicos.


    13.  As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas com desinfetantes que sejam eficazes contra os agentes manipulados, ao final do trabalho ou no final do dia e após qualquer vazamento ou borrifada de material viável.


    14.  Usar luvas adequadas em todo o tipo de atividade que possa resultar em contato acidental direto com sangue, tecidos, fluidos ou animais infectados. Depois de usadas, as luvas serão removidas e autoclavadas juntamente com o resíduo do laboratório, antes de serem eliminadas.


    15.  odas as culturas, colônias e outros resíduos devem ser descontaminados antes de serem descartados através de um método de descontaminação aprovado como, por exemplo, esterilização por calor úmido (autoclave). Os materiais que forem ser descontaminados fora do próprio laboratório devem ser colocados em recipientes inquebráveis, à prova de vazamentos e hermeticamente fechados para serem transportados ao local desejado.


    16.  Cabines de segurança biológica devem ser usadas quando o procedimento é de alto potencial de produção de aerossóis.


    17.  É recomendável não permitir o trabalho de pessoas portadoras de ferimentos, queimaduras, imunodeficientes ou imunodeprimidas.


    18.  Cumpre providenciar o exame médico periódico..


    19.  Presença de kits de primeiros socorros, na área de apoio ao laboratório.


    20.  O responsável pelo laboratório precisa assegurar a capacitação da equipe em relação às medidas de segurança e emergência.


    21.  Deve haver um programa de controle de roedores e artrópodes.


  • Práticas Especiais

  • 1.  O acesso ao laboratório deverá ser limitado ou restrito de acordo com a definição do chefe do laboratório, quando o trabalho com agentes infecciosos estiver sendo realizado. Em geral, pessoas susceptíveis às infecções, ou pessoas que quando infectadas possam apresentar sérias complicações, não são permitidas no laboratório.


    2.  Estabelecimento de normas e de procedimentos com ampla divulgação para todos os trabalhadores sobre o potencial de risco associado ao trabalho, bem como sobre os requisitos específicos (por exemplo, imunização) para entrada em laboratório.


    3.  O símbolo de "Risco Biológico" deve ser colocado na entrada do laboratório onde agentes etiológicos estiverem sendo utilizados. Este sinal de alerta deverá conter informações como o(s) nome(s) o(s) agente(s) manipulado(s), o nível de Biossegurança, as imunizações necessárias, o nome e número do telefone do pesquisador resposável, o tipo de equipamento de proteção individual que deve ser usado no laboratório e os procedimentos necessários para sair do laboratório.


    4.  O pessoal do laboratório deve estar apropriadamente imunizado ou examinado quanto aos agentes manipulados ou potencialmente presentes no laboratório (por exemplo, vacina contra a hepatite B ou teste cutâneo para a tuberculose).


    5.  Os procedimentos de Biossegurança devem ser incorporados aos procedimentos operacionais padrões ou a um manual de Biossegurança específico do laboratório, adotado ou preparado pelo diretor do laboratório. Todo pessoal deve ser orientado sobre os riscos e devem ler e seguir as instruções sobre as práticas e procedimentos requeridos.


    6.  O chefe do laboratório deve assegurar que o laboratório e a equipe de apoio receba um treinamento apropriado sobre os riscos potenciais associados ao trabalho desenvolvido, as precauções necessárias para prevenção de exposição e os procedimentos para avaliação das exposições. A equipe de funcionários deve receber cursos de atualização anuais ou treinamento adicional quando necessário e também no caso de mudanças de normas ou de procedimentos.


    7.  Deve-se sempre tomar uma enorme precaução em relação a qualquer objeto perfurocortante, incluindo seringas e agulhas, lâminas, pipetas, tubos capilares e bisturis.

    a.  Agulhas e seringas hipodérmicas ou outros instrumentos perfurocortantes devem ficar restritos ao laboratório e usados somente quando não houver outra alternativa. Recipientes plásticos devem ser substituídos por recipientes de vidro sempre que possível.

    b.  Devem ser usadas somente seringas com agulha fixa ou agulha e seringa em uma unidade única descartável usada para injeção ou aspiração de materiais infecciosos. As agulhas descartáveis usadas não devem ser dobradas, quebradas, reutilizadas, removidas das seringas ou manipuladas antes de serem desprezadas. Ao contrário, elas deverm ser cuidadosamente colocadas em recipiente resistente a perfurações localizado convenientemente, utilizado para recolhimento de objetos perfurocortantes descartados. Objetos perfurocortantes não descartáveis devem ser colocados em um recipiente cuja parede seja bem resistente para o transporte até a área para descontaminação, de preferência através de uma autoclave.

    c.  Vidros quebrados não devem ser manipulados diretamente com a mão, devem ser removidos através de meios mecânicos como uma vassoura e uma pá de lixo ou pinças. Os recipientes que contêm agulhas, equipamentos cortantes e vidros quebrados contaminados devem passar por um processo de descontaminação antes de serem desprezados.


    8.  Os equipamentos laboratoriais com defeitos devem ser descontaminados antes de serem enviados para conserto ou removidos do local.


    9.  Respingos e acidentes resultantes de uma exposição ao material infeccioso devem ser imediatamente notificados ao chefe do laboratório. A avaliação médica, a vigilância e o tratamento devem ser providenciados e registros do acidente e das providências adotadas deverm ser mantidos por escrito.


    10.  É proibida a presença de animais em áreas laboratoriais.


  • Equipamento de Segurança (Barreira Primária)

  • 1.  Usar cabines de segurança biológica, de preferência de Classe II, ou outro equipamento de proteção individual adequado ou dispositivos de contenção física sempre que:

    a.  Sejam realizados procedimentos com elevado potencial de criação de aerossóis ou borrifos infecciosos como centrifugação, trituração, homogeneização, agitação vigorosa, misturas, ruptura por sonificação ou abertura de recipientes contendo materiais infecciosos onde a pressão interna possa ser diferente da pressão ambiental.

    b.  Altas concentrações ou grandes volumes de agentes infecciosos forem utilizados. Tais materiais só podem ser centrifugados fora das cabines de segurança se forem utilizadas centrífugas de segurança e frascos lacrados. Estes só devem ser abertos no interior de uma cabine de segurança biológica.


    2.  Proteção para o rosto (máscaras de proteção, protetor facial, óculos de proteção ou outra proteção para respingos) deve ser usada para prevenir respingos ou sprays proveniente de materiais infecciosos ou de outros materiais perigosos, quando for necessária a manipulação de microrganismos fora das cabines de segurança biológica.


    3.  Utilização de roupas apropriadas como jalecos, gorros ou uniformes de proteção, dentro do laboratório. Antes de sair do laboratório para as áreas externas (cantina, biblioteca, escritório administrativo), a roupa protetora deve ser retirada e deixada no laboratório, ou encaminhada para a lavanderia da instituição. A equipe do laboratório nunca deve levá-la para a casa.


    4.  Devem ser usadas luvas, quando houver um contato direto com materiais e superfícies potencialmente infecciosas ou equipamentos contaminados. O mais adequado é usar dois pares de luvas. Essas luvas devem ser desprezadas quando estiverem contaminadas, o trabalho com materiais infecciosos for concluído ou quando a integridade da luva estiver comprometida. Luvas descartáveis não podem ser lavadas, reutilizadas ou usadas para tocar superfícies "limpas" (teclado, telefones, etc.), e não devem ser usadas fora do laboratório. As mãos deverão ser lavadas após a remoção das luvas. Luvas descartáveis não devem ser reutilizadas.


  • Instalações Laboratoriais (Barreiras Secundárias)

  • 1.  É exigido um sistema de portas com trancas.


    2.  Considere a construção de novos laboratórios longe de área públicas.


    3.  O laboratório deve possuir uma pia para a lavagem das mãos, próximo à saída do mesmo. É recomendado a utilização de torneiras com acionamento automático (células fotoelétricas) ou que sejam acionadas com o pé.


    4.  O laboratório deve ser projetado de modo a permitir fácil limpeza e descontaminação. Carpetes e tapetes não são apropriados para laboratório.


    2.  As paredes, o teto e os pisos devem ser lisos, impermeáveis a líquidos e resistentes a produtos químicos e a desinfetantes que são usados no laboratório. Os pisos não devem ser escorregadios. As superfícies horizontais devem ser evitadas, na medida do possível, para evitar o acúmulo de poeira.


    3.  Superfície das bancadas impermeável à água e resistente ao calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis e químicos usados para a descontaminação da superfície de trabalho e do equipamento.


    5.  Os móveis do laboratório devem suportar cargas e usos previstos com espaçamento suficiente entre as bancadas, cabines e equipamentos para permitir acesso fácil para limpeza. As cadeiras e outros móveis utilizados no trabalho laboratorial devem ser cobertos com um material que não seja tecido e que possa ser facilmente descontaminado.


    6.  Cabines de segurança biológica devem ser instaladas, de forma que a variação da entrada e saída de ar da sala, não provoque alteração nos padrões de contenção de seu funcionamento. As cabines de segurança biológica devem estar localizadas longe de portas, janelas que possam ser abertas e fora de áreas laboratoriais com fluxo intenso de pessoas, de forma que sejam mantidos os parâmetros de fluxo de ar nestas cabines de segurança biológica.


    7.  Um lava olhos deve estar disponível.


    8.  A iluminação deve ser adequada para todas as atividades, evitando reflexos e luzes fortes e ofuscantes que possam impedir a visão.


    9.  Providenciar sistema mecânico de ventilação que proporcione um fluxo interno de ar sem que haja uma recirculação para os espaços fora do laboratório.


    11.  Deve ser reservado um local, fora da área do laboratório, destinado ao armazenamento de substâncias químicas.


    12.  Deve haver um sistema de segurança para combate à incêndios e saídas de emergência.


    13.  A água utilizada deve ser de boa qualidade e nunca deve faltar. O sistema de água pública precisa ser protegido por um dispositivo anti-refluxo.


    14.  O fornecimento de eletricidade precisa ser adequado. Sistema de gerador, afim de manter os equipamentos indispensáveis (cabines de segurança biológica, freezers, etc).


    15.  É necessário haver uma autoclave no próprio local ou próximo ao mesmo (dentro do prédio).


    16.  Para que sejam atendidas as exigências à performace e ao controle da poluição, os seguintes aspectos relativos ao descarte do resíduo sólido merecem atenção especial:

    ­  as autoclaves para tratamento do lixo sólido exigem desenho, tamanho e utilidades especiais;

    ­  pode haver necessidade de desinfecção da água do esgoto.


      Referências Bibliográficas

    Cardoso, T. A. O. Biossegurança no Manejo de Animais em Experimentação. Pp.105-159. In: Oda, L.M. & Avila, S.M. (orgs.). Biossegurança em Laboratórios de Saúde Pública. Ed. M.S., 1998. 304 p. ISBN: 85-85471-11-5


    Centers for Disease Control and Prevention - CDC. Biosafety in microbiological and biomedical laboratories. 4a. ed. U.S. Department of Health and Human Services, Atlanta, 1999. 250p.


    Lima e Silva, F. H. A. Barreiras de contenção. In: Oda, Leila Macedo; Ávila, Suzana (Orgs) et al. Biossegurança em laboratório de saúde pública. Rio de Janeiro: Fiocruz. 1998. 304 p. ISBN: 85-85471-11-5