Nível de Biossegurança 4 (NB-4)




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Práticas Padrões
Práticas Especiais
Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)
Instalação do Laboratório (Barreiras Secundárias)

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   O nível de Biossegurança 4 possui semelhanças quanto aos procedimentos e práticas estabelecidas ao nível de Biossegurança 3, nível de Biossegurança 2 e ao nível de Biossegurança 1, sendo acrescentado de especificidades que veremos a seguir, porisso recomendamos a leitura dos três níves anteriores, sendo que só deve operar com técnicos especializados e treinados em procedimentos de Biossegurança.

  Recomenda-se que os laboratórios de nível de Biossegurança 4, ou de contenção máxima, só funcionem sob o controle direto das autoridades sanitárias, além disso, dada a grande complexidade do trabalho, a equipe do laboratório deverá ter um treinamento específico e completo direcionado para a manipulação de agentes infecciosos extremamente perigosos e deverá ser capaz de entender as funções da contenção primária e secundária, das práticas padrões específicas, do equipamento de contenção e das características do planejamento do laboratório. É necessário a elaboração de um manual de trabalho pormenorizado; este deve ser testado previamente através de exercícios de treinamento.

   O nível de Biossegurança 4 é indicado para o trabalho que envolva agentes exóticos e perigosos que exponham o indivíduo a um alto risco de contaminação de infecções que podem ser fatais, além de apresentarem um potencial relevado de transmissão por aerossóis, classificados como microrganismos da classe de risco 4.

  Os trabalhadores devem ser supervisionados por profissionais altamente competentes, treinados e com vasta experiência no manuseio dos agentes manuseados, além dos procedimentos de segurança específicos.

  O acesso ao laboratório deve ser rigorosamente controlado por sistemas automátizados. A instalação laboratorial deve estar localizada em uma edificação separada ou em uma área controlada dentro do edifício, que seja totalmente isolada de todas as outras. Um manual de operações específico para as instalações deve ser preparado ou adotado.

  O trabalho deve ser executado exclusivamente dentro de cabines de segurança biológica Classe III ou dentro de cabines de segurança biológica da Classe II associadas ao uso de roupas de proteção com pressão positiva, ventiladas por sistema de suporte de vida. O laboratório do nível de Biossegurança 4 deve possuir características específicas quanto ao projeto e a engenharia para prevenção da disseminação de microorganismos no meio ambiente

  As seguintes práticas de segurança padrões e especiais e as instalações se aplicam aos agentes pertencentes ao nível de Biossegurança 4:


  • Práticas Padrões

  • 1.  O acesso ao laboratório deve se rigorosamente limitado e controlado.


    2.  É proibido o trabalho de pessoas que estiverem imunocomprometidas ou imunodeprimidas, portadores de ferimentos e de mulheres grávidas.


    3.  O trabalho no laboratório deve ser sempre executado em dupla.


    4.  Existência de um sistema de contenção primária, constituído de um ou mais dos seguintes equipamentos: cabines de segurança biológica da classe III, macacões ventilados com pressão positiva. Neste último caso, exige-se um chuveiro especial para desinfecção química das pessoas que deixam o vestuário.


    5.  Restringir ao máximo a utilização de agulhas. Deve haver procedimentos padrões para o manuseio de agulhas e de outros materiais perfurocortantes e seu cumprimento ser constantemente supervisionado.


    6.  Todos os procedimentos devem ser realizados cuidadosamente a fim de minimizar a formação de aerossóis.


    7.  As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas com desinfetantes que sejam eficazes contra os agentes manipulados, ao final do trabalho ou no final do dia e após qualquer vazamento ou borrifada de material viável.


    8.  Todos os resíduos produzidos devem ser obrigatoriamente esterilizados antes de serem retirados do laboratório. Todos os resíduos devem ser incinerados após serem removidos do laboratório.


    9.  Todos os líquidos que deixam o laboratório, incluindo a água do chuveiro, precisam ser descontaminados antes de serem definitivamente descartados.


    10.  Os procedimentos de Biossegurança devem ser incorporados aos procedimentos operacionais padrões ou a um manual de Biossegurança específico do laboratório, adotado ou preparado pelo diretor do laboratório. Todo pessoal deve ser orientado sobre os riscos e devem ler e seguir as instruções sobre as práticas e procedimentos requeridos.


    11.  Deve-se providenciar um programa rotineiro de controle de insetos e roedores.


  • Práticas Especiais

  • 1.  Somente as pessoas envolvidas na programação e no suporte ao programa a ser desenvolvido e cujas presenças forem solicitadas no local ou nas salas do laboratório devem ter permissão para entrada no local. O chefe do laboratório deverá ter a responsabilidade final no controle do acesso. Antes de entrar no laboratório, as pessoas devem ser avisadas sobre o risco potencial e devem ser instruídas sobre as medidas apropriadas de segurança. As pessoas autorizadas devem cumprir com rigor as instruções dadas e todos os outros procedimentos aplicáveis para a entrada e saída do laboratório. Deve haver registro de entrada e de saída de pessoal.


    2.  O chefe do laboratório deve ser o responsável por assegurar que, antes de iniciar o trabalho com microrganismos pertencentes à classe de risco 4, toda a equipe demonstre uma alta competência em relação às práticas e técnicas de segurança e em práticas e operações especiais específicas para a execução das atividades do laboratório. Isto poderá incluir uma experiência anterior no manuseio de patógenos humanos ou culturas de células, ou um treinamento específico fornecido pela chefia do laboratório ou por outro perito com experiência nestas técnicas e práticas microbiológicas singulares.


    3.  O pessoal do laboratório deve ser apropriadamente imunizado e examinado periodicamente.


    4.  Amostras sorológicas de toda a equipe do laboratório e de outras pessoas expostas a um elevado risco deverão ser coletadas e armazenadas. Amostras sorológicas adicionais devem ser periodicamente coletadas, dependendo dos agentes manipulados ou do funcionamento do laboratório. Ao estabelecer um programa de vigilância sorológica deve-se considerar a disponibilidade dos métodos para a avaliação do anticorpo do(s) agente(s) em questão. O programa para o teste das amostras sorológicas deve ter um intervalo a cada coleta e o responsável pelo projeto deve comunicar os resultados aos participantes.


    5.  Um manual sobre Biossegurança deve ser preparado e adotado. A equipe deve ser avisada quanto aos perigos e riscos especiais e deve ler e seguir as instruções sobre as práticas e procedimentos.


    6.  A equipe do laboratório e a equipe de apoio devem receber treinamento adequado sobre os perigos e riscos associados ao trabalho, as precauções necessárias para a prevenção de exposições e os procedimentos de avaliação da exposição. A equipe também deve participar de cursos de atualização anual ou treinamento adicional quando necessário em caso de mudanças nos procedimentos.


    7.  A entrada e saída de pessoal do laboratório devem ocorrer somente após uso do chuveiro e troca de roupas. Os funcionários devem usar o chuveiro de descontaminação a cada saída do laboratório.


    8.  Todos os materias de entrada devem ser descontaminadas em autoclave de dupla porta, câmara de fumigação ou sistema de antecâmara pressurizada antes de serem utilizados.


    9.  Deve-se sempre tomar extrema precaução com qualquer objeto perfurocortante contaminado, como seringas e agulhas, lâminas, pipetas, tubos capilares e bisturi.

    a.  Agulhas e seringas hipodérmicas ou outros instrumentos cortantes são restritos ao laboratório e usados somente quando não houver outra alternativa para inoculação parenteral, flebotomia ou aspiração de fluídos de animais de laboratório e de garrafas com diafragma. Recipientes plásticos devem ser substituídos por recipientes de vidro sempre que possível.

    b.  Devem ser usadas somente seringas com agulhas fixas ou agulha e seringa em uma unidade única e descartável (por exemplo, quando a agulha é parte integrante da seringa) usada para injeção ou aspiração de materiais infecciosos. As agulhas descartáveis usadas não devem ser dobradas, quebradas, reutilizadas, removidas das seringas ou manipuladas antes de serem desprezadas. Ao contrário, elas devem ser cuidadosamente acondicionadas em um recipiente resistente a perfurações localizado convenientemente, utilizado para recolhimento de objetos cortantes desprezados. Objetos cortantes não descartáveis devem ser acondicionados em um recipiente cuja parede deverá ser bem resistente para o transporte até uma área para descontaminação, de preferência através de uma autoclave.

    c.  Vidros quebrados não devem ser manipulados diretamente com a mão, devem ser removidos através de meios mecânicos como uma vassoura e uma pá de lixo, pinças ou fórceps. Os recipientes que contêm agulhas, equipamentos cortantes e vidros quebrados contaminados devem passar por esterilização antes de serem incinerados.


    10.  Nenhum material, com exceção do material biológico que deve permanecer intacto ou viável pode ser removido de um laboratório de nível de Biossegurança 4, sem antes ter sido autoclavado. Equipamentos ou materiais que não resistam a temperaturas elevadas ou ao vapor devem ser descontaminados utilizando-se outras metodologias de descontaminação comprovadas e validadas.


    11.  Um sistema de notificação de acidentes e exposições laboratoriais, absenteísmo de empregados e doenças associadas ao laboratório deve ser organizado, bem como um sistema de vigilância médica. Relatos por escrito deverão ser preparados e mantidos. Deve-se ainda, prever uma unidade de quarentena, isolamento e cuidados médicos para o pessoal contaminado por doenças conhecidas ou potencialmente associado a laboratório.


    12.  Todos os materiais não relacionados ao experimento que estiver sendo realizado no momento não devem ser permitidos no laboratório.


  • Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)

  • Todos os procedimentos dentro do laboratório devem ser conduzidos em cabines de segurança biológica Classe III ou cabines de Classe II usadas em associação com roupas de proteção pessoal com pressão positiva e ventiladas por sistema de suporte de vida.


  • Instalação do Laboratório (Barreiras Secundárias)

    1. Existem dois modelos de laboratório de nível de Biossegurança 4:

    (A)  Laboratório onde todas as manipulações do agente são realizadas em uma cabine de segurança biológica Classe III

    (B)  Laboratório onde a equipe usa uma roupa de proteção depressão positiva.


    Os laboratórios de nível de Biossegurança 4 podem se basear em um dos modelos ou em uma combinação dos dois modelos na construção de um só laboratório. Se a combinação for utilizada, cada tipo deve atender todos os requisitos identificados para o mesmo.


    (A)  Laboratório com uso de cabine de seguranç biológica Classe III


    1.  O laboratório de nível de Biossegurança 4 deve estar separado do prédio ou em uma área claramente demarcada e isolada dentro de um prédio.


    2.  A entrada e a saída de técnicos deve ser feita através de sanitários/vestiários de barreira, com diferencial de pressão e sistema de bloqueio de dupla porta, providos de dispositivos de fechamento automático e de intertravamento. O controle de acesso deve ser feito através de sistema de leitor de íris, leitor de digital, cartão magnético ou outro sistema automático.


    3.   Devem estar previstas câmaras de entradas e saídas de pessoal, para troca de roupas, separadas por chuveiro. Deve ser um sistema de autoclave de duas portas, um tanque de imersão contendo desinfetante, uma câmara de fumigação ou uma ante-sala ventilada para descontaminação na barreira de contenção para o fluxo de materiais, estoques ou equipamentos que não passam no interior dos pelos vestiários para chegarem até a sala.


    4.  Inspeções diárias de todos os parâmetros de contenção (por exemplo, fluxo de ar direcionado) e sistemas de suporte de vida devem estar concluídos antes que o trabalho se inicie dentro do laboratório para assegurar que este esteja funcionando de acordo com os parâmetros de operação.


    5.  As paredes, tetos e pisos do laboratório devem ser construídos com sistema de vedação interna, para permitir maior eficiência da fumigação e evitar o acesso de animais e insetos. As superfícies internas do laboratório devem ser resistentes a líquidos e produtos químicos para facilitar a limpeza e a descontaminação da área.


    6.  As bancadas devem possuir superfícies seladas e sem reentrâncias que deverão ser impermeáveis à água e resistentes ao calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis e solventes químicos utilizados na descontaminação das superfícies de trabalho e dos equipamentos.


    7.  Os móveis do laboratório devem ter uma construção simples e deverão suportar cargas e usos previstos. O espaçamento entre as bancadas, as cabines e armários e o equipamento deve ser suficiente para facilitar a limpeza e a descontaminação. As cadeiras e outros móveis usados em um laboratório devem ser cobertos por um material que não seja tecido e que possa ser facilmente descontaminado.


    8.  Pias com acionamento automático ou que sejam acionadas sem uso das mãos, deverão ser construídas próximas à porta da sala da cabine e perto dos vestiários internos e externos.


    9.  Se existir um sistema central de vácuo, este não deve servir as áreas fora da sala das cabines. Filtros HEPA em série devem ser colocados da forma mais prática possível em cada ponto onde será utilizado ou próximo da válvula de serviço. Os filtros devem ser instalados de forma a permitir a descontaminação e a substituição local dos mesmos. Outras linhas utilitárias, como a de gás e líquidos, que convergem para a sala das cabines devem ser protegidas por dispositivos que evitem o retorno do fluxo.


    10.  Todas as janelas devem ser seladas.


    11.  A cabine de segurança biológica Classe III deve possuir autoclave de porta dupla para a descontaminação de todos os materiais utilizados. As portas da autoclave que abre para fora da barreira de contenção deve ser selada às paredes. Estas portas devem ser controladas automaticamente de forma que a porta externa da autoclave somente possa ser aberta depois que o ciclo de "esterilização" da autoclave tenha sido concluído.


    12.  Os efluentes líquidos, incluindo a água dos vasos sanitários, dos chuveiros de desinfecção química, das pias e de outras fontes devem ser descontaminados através de um método de descontaminação comprovado, de preferência através de um tratamento por calor - antes de serem jogados no esgoto sanitário. O processo usado para a descontaminação de dejetos líquidos deve ser validado fisicamente e biologicamente.


    13.  Todos os laboratórios deverm possuir um sistema de ventilação sem uma re-circulação. Os sistemas de insuflação e de exaustão devem estar equilibrados para assegurar um fluxo de ar direcionado da área de menos risco para área(s) de maior risco potencial. O sistema de ar no laboratório deverá prever uma pressão diferencial e fluxo unidirecionado de modo a assegurar diferencial de pressão que não permita a saída do agente de risco. O fluxo de ar direcionado/pressão diferencial deve ser monitorado e deve conter um alarme que acuse qualquer irregularidade no sistema. Um dispositivo visual que monitorize a pressão de maneira apropriada, que indique e confirme o diferencial da pressão da sala das cabines deve ser providenciado. O fluxo de ar de entrada e saída também deve ser monitorado, e um sistema de controle HEPA deve existir para evitar uma contínua pressurização positiva do laboratório. A cabine de Classe III deve ser diretamente conectada ao sistema de exaustores. Se a cabine de Classe III estiver conectada ao sistema de abastecimento, isto deverá ser feito de forma que previna uma pressurização positiva da cabine.


    14.  O ar de exaustão dos laboratórios e das cabines deve passar por um sistema de dupla filtragem com filtros absolutos tipo HEPA em série. Este ar deve ser liberado longe dos espaços ocupados e das entradas de ar. Os filtros devem estar localizados de maneira mais próxima possível da fonte a fim de minimizar a quantidade de canos potencialmente contaminados. Todos os filtros HEPA devem ser testados e certificados anualmente. A instalação dos filtros HEPA deve ser projetada de tal forma que permita uma descontaminação in situ do filtro antes deste ser removido, ou antes, da remoção do filtro em um recipiente selado e de contenção de gás para subseqüente descontaminação e destruição através da incineração. O projeto do abrigo do filtro HEPA deve facilitar a validação da instalação do filtro. O uso de filtros HEPA pré-certificado pode ser vantajoso. A vida média de filtros HEPA de exaustão pode ser prolongada através de uma pré-filtração adequada do ar insuflado.


    15.  O projeto e procedimentos operacionais de um laboratório de nível de Biossegurança 4 devem ser documentados. O local deve ser testado em função do projeto e dos parâmetros operacionais para ser verificado se realmente atendem a todos os critérios antes que comecem a funcionar. Os locais devem ser checados novamente pelo menos uma vez ao ano e os procedimentos neles existentes devem ser modificados de acordo com a experiência operacional.


    16.  Sistemas de comunicações apropriados devem ser instalados entre o laboratório e o exterior (por exemplo, fax, computador, interfone).


    (B) Laboratório com utilização de roupa de proteção específica com pressão positiva


    1.  A instalação deste laboratório deve ser em um edifício separado ou de uma área claramente demarcada e isolada dentro do edifício. As salas devem ser construídas de forma que assegurem a passagem através dos vestiários e da área de descontaminação antes da entrada na(s) sala(s) onde há a manipulação dos agentes de risco biológico da classe de risco 4.


    2.  Vestiários interno e externo, separados por um chuveiro devem ser construídos para a entrada e saída da equipe. Uma área para que a equipe vista as roupas protetoras deve ser construída para proporcionar uma proteção pessoal equivalente àquela proporcionada pelas cabines de segurança biológica Classe III. As pessoas que entram nesta área devem vestir uma roupa de peça única de pressão positiva e que seja ventilada por um sistema de suporte de vida protegido pelo sistema de filtros HEPA. O sistema de suporte de vida inclui compressores de respiração de ar, alarmes e tanques de ar de reforço de emergência. A entrada nesta área deve ser feita através de uma câmara de compressão adaptada com portas herméticas.

    3.  Um chuveiro químico para descontaminação da superfície da roupa antes que o trabalhador saia da área deve ser instalado.


    4.  Um gerador de luz, automaticamente acionado em casos de emergência, deve ser instalado para evitar que os sistemas de suporte de vida, os alarmes, a iluminação, os controles de entrada e saída e as cabines de segurança parem de funcionar.


    5.  A iluminação e os sistemas de comunicação de emergência devem ser instalados.

    6.  Todas as aberturas e fendas dentro da concha interna da sala da roupa de proteção, do chuveiro químico e das fechaduras devem ser seladas.


    7.  Uma inspeção diária de todos os parâmetros de contenção (por exemplo, o fluxo de ar direcionado, chuveiros químicos) e dos sistemas de suporte de vida devem estar concluídos antes que o trabalho no laboratório se inicie para garantir que o laboratório esteja operando de acordo com os parâmetros operacionais.


    8.  Uma autoclave de portas duplas deve ser instalada na barreira de contenção para descontaminação dos dejetos a serem removidos da área do laboratório escafandro. A porta da autoclave, que se abre para a área externa da sala escafandro, deve ser automaticamente controlada de forma que a porta exterior só possa ser aberta depois que o ciclo de "esterilização" esteja concluído.


    9.  As paredes, pisos e tetos do laboratório devem ser construídos de maneira que formem uma concha interna selada, que facilite a fumigação e que evite a entrada de animais e insetos. As superfícies internas devem ser impermeáveis e resistentes as soluções químicas, facilitando a limpeza e a descontaminação da área. Todas as aberturas e fendas nestas estruturas e superfícies devem ser seladas. Qualquer sistema de drenagem do piso deve conter sifões cheios de desinfetante químico de eficácia comprovada contra o agente alvo e devem estar conectados diretamente ao sistema de descontaminação de resíduos líquidos. O esgoto e outras linhas de serviço devem possuir filtros HEPA.


    10.  Acessórios internos como dutos de ventilação, sistemas de suprimento de luz e água devem ser instalados de maneira que minimizem a área da superfície horizontal.


    11.  As bancadas devem possuir superfícies seladas e sem emendas que deverão ser impermeáveis e resistentes ao calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis e solventes químicos utilizados na descontaminação das superfícies de trabalho e nos equipamentos.


    12.  As bancadas devem ser impermeáveis e resistentes ao calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis e solventes químicos utilizados para descontaminação de superfícies e equipamentos. Recomenda-se o uso de materiais não porosos.


    13.  Os móveis do laboratório devem ter uma construção simples e devem suportar cargas e usos previstos. As cadeiras e outros móveis do laboratório devem ser cobertos por um material que não seja tecido e que possa ser facilmente descontaminado.


    14.  Pias com funcionamento automático ou que sejam acionadas sem o uso das mãos, devem ser construídas próximas à área em conjunto com a roupa de proteção.


    15.  Todos os serviços de gás e líquidos devem ser protegidos por dispositivos que evitem o retorno do fluxo.


    16.  Todas as janelas devem ser seladas.


    17.  Efluentes líquidos provenientes das pias, dos canos de esgoto do piso (se utilizado), das câmaras da autoclave e de outras fontes dentro da barreira de contenção devem ser descontaminados através de um método de descontaminação comprovado, de preferência através de um tratamento com calor - antes de serem jogados no esgoto sanitário. Os efluentes vindo de chuveiros e vasos sanitários limpos devem ser jogados no esgoto sem antes passar por um tratamento. O processo usado para a descontaminação de dejetos líquidos deverá ser validado fisicamente e biologicamente.


    18.  Todos os laboratórios devem possuir um sistema de ventilação sem re-circulação. Os componentes de insuflação e exaustão de ar do sistema devem estar equilibrados para assegurar um fluxo de ar direcionado da área de menos risco para área(s) de maior perigo. O fluxo de ar direcionado/pressão diferencial entre as áreas adjacentes deve ser monitorado e deveconter um alarme para indicar qualquer irregularidade no sistema. Um dispositivo visual que monitore a pressão de maneira apropriada, que indique e confirme o diferencial da pressão da sala das cabines deve ser providenciado e deve ser colocado na entrada do vestiário. O fluxo de ar nos componentes de abastecimento e escape também deve ser monitorado, e um sistema de controle HVAC deve ser instalado para evitar uma pressurização positiva do laboratório.


    19.  O ar de exaustão deve passar por dois filtros absolutos tipo HEPA em série antes de ser jogado para fora. O ar deve ser lançado distante dos espaços ocupados e das entradas de ar. Os filtros HEPA devem estar localizados de maneira mais próxima possível da fonte a fim de minimizar a extensão dos canos potencialmente contaminados. Todos os filtros HEPA devem ser testados e certificados anualmente. O local da instalação dos filtros HEPA deve ser projetado de maneira que permita uma descontaminação in situ do filtro antes deste ser removido. Este local deve facilitar a validação da instalação do filtro. O uso de filtros HEPA pré-certificados pode ser vantajoso. A vida média de filtros HEPA exaustores pode ser prolongada através de uma pré-filtração adequada do ar fornecido.


    20.  O posicionamento dos pontos de entrada e saída de ar deve ser de tal forma que os espaços de ar estáticos dentro do laboratório sejam minimizados.


    21.  O projeto e procedimentos operacionais de um laboratório de nível de Biossegurança 4 devem ser documentados. O local deve ser testado em função do projeto e dos parâmetros operacionais para que se verifique se realmente atendem a todas as necessidades antes que comecem a funcionar. Os locais devem ser checados novamente uma vez ao ano e os procedimentos neles existentes devem ser modificados de acordo com a experiência operacional.


    22.  Sistemas de comunicações apropriados devem ser instalados entre o laboratório e o exterior (por exemplo, fax, computador, interfone).


      Referências Bibliográficas

    Cardoso, T. A. O. Biossegurança no Manejo de Animais em Experimentação. Pp.105-159. In: Oda, L.M. & Avila, S.M. (orgs.). Biossegurança em Laboratórios de Saúde Pública. Ed. M.S., 1998. 304 p. ISBN: 85-85471-11-5


    Centers for Disease Control and Prevention - CDC. Biosafety in microbiological and biomedical laboratories. 4a. ed. U.S. Department of Health and Human Services, Atlanta, 1999. 250p.


    Lima e Silva, F. H. A. Barreiras de contenção. In: Oda, Leila Macedo; Ávila, Suzana (Orgs) et al. Biossegurança em laboratório de saúde pública. Rio de Janeiro: Fiocruz. 1998. 304 p. ISBN: 85-85471-11-5