Risco Químico
Os riscos apresentados
pelos produtos químicos dependem de sua reatividade. Não
é possível estabelecer uma regra geral que garanta a segurança
no manuseio de todas as substâncias químicas. É
necessária uma avaliação considerando não
só as características físico-químicas, a
reatividade e a toxicidade, como também as condições
de manipulação, as possibilidades de exposição
do trabalhador e as vias de penetração no organismo. Além
disso, tem-se que considerar a disposição final do produto
químico, sob a forma de resíduo, e os impactos que pode
causar no meio ambiente.
Riscos de natureza
físico-química
Os produtos químicos
podem reagir de forma violenta com outra substância química,
inclusive com o oxigênio do ar ou com a água, produzindo
fenômenos físicos tais como calor, combustão ou
explosão, ou então produzindo uma substância tóxica.
Na avaliação dos riscos devidos à natureza física,
devemos considerar os parâmetros de difusão (pressão
saturada de vapor e densidade de vapor) e os parâmetros de inflamabilidade
(limites de explosividade, ponto de fulgor e ponto de auto-ignição).
As reações químicas perigosas tanto podem ocorrer
de forma exotérmica quanto podem provocar a liberação
de produtos perigosos, fenômenos que muitas vezes ocorrem simultaneamente.
Para prevenir os riscos devido à natureza química dos
produtos, devemos conhecer a lista de substâncias químicas
incompatíveis de uso corrente em laboratórios a fim de
observar cuidados na estocagem, manipulação e descarte.
Exemplos
de substâncias químicas incompatíveis
Substância
|
Incompatibilidade
|
Reação
|
Ácidos minerais
fortes
|
Bases fortes
Cianetos
Hipoclorito
de sódio
|
Neutralização
exotérmica
Liberação
de gás cianídrico
Liberação
de cloro
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Àcido nítrico
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Matéria orgânica
|
Oxidação violenta
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Água oxigenada
|
Matéria orgânica
Metais
|
Oxidação
Decomposição
|
Riscos tóxicos
A toxicidade é
a capacidade inerente de uma substância em produzir efeitos nocivos
num organismo vivo ou ecossistema. O risco tóxico é a
probabilidade que o efeito nocivo, ou efeito tóxico, ocorra em
função das condições de utilização
da substância. O risco tóxico associado a uma substância
química depende de algumas variáveis: propriedades físico-químicas,
vias de penetração no organismo, dose, alvos biológicos,
capacidade metabólica de eliminação e efeitos sinergísticos
com outros agressores de natureza diversa (física, química
ou psíquica).
Não há uma classificação única dos
riscos tóxicos que contemple e esgote todos produtos químicos.
Podemos classificá-los, em função do alvo, como
produtos de toxicidade específica ou não específica:
relativa ao nível do alvo molecular (por exemplo, uma ligação
reversível ou não com uma molécula de ADN) ou relativa
à grande reatividade, deteriorando indistintamente as estruturas
vivas com as quais entre em contato (por exemplo, os corrosivos).
Também podem ser classificados, em função do mecanismo
de ação, como tóxicos diretos ou indiretos. No
primeiro grupo estão aquelas substâncias que agem sobre
os alvos biológicos sem ativação metabólica,
como os corrosivos ou os agentes alquilantes. E, no segundo, os compostos
que afetam as estruturas ou as funções celulares somente
após a ativação metabólica pelos sistemas
enzimático ou hospedeiro.
Algumas substâncias
podem ser agrupadas pela sua natureza, como os solventes orgânicos,
que devido às suas características físico-químicas,
facilidade de difusão, baixo ponto de fulgor, etc., são
facilmente penetráveis no organismo pela via respiratória.
Ou então os metais, como o cromo hexavalente, comprovadamente
cancerígeno, e o mercúrio, neurotóxico importante.
A classificação também pode ser feita pelo efeito
nocivo que o produto acarreta no organismo: anestésico, irritante,
asfixiante, mutagênico, teratogênico, etc.
Sinalização de segurança
No Brasil, a simbologia
de risco está normatizada pela ABNT, NBR 7.500, e é a
mesma adotada pela ONU em convenção internacional da qual
o país é signatário.
Cuidados na utilização
de produtos químicos
A primeira regra
é básica para qualquer trabalho em laboratório:
nunca comer, beber, fumar ou aplicar cosméticos durante a manipulação
de substâncias químicas. Nunca se deve pipetá-las
substâncias químicas com a boca, nem tentar identificá-las
através do olfato.
Ao se trabalhar pela primeira vez com uma substância, devemos
nos familiarizar com as suas características através de
leitura da literatura a respeito. Para tanto, devemos exigir do fornecedor
a ficha de segurança do produto contendo dados sobre: identificação
do produto e da empresa fornecedora ou fabricante; identificação
de danos à saúde e ao ambiente; medidas de primeiros socorros;
medidas de combate a incêndios; medidas a serem tomadas em caso
de derramamento acidental ou vazamento; manuseio e armazenagem; propriedades
físico-químicas; informações toxicológicas;
informações ambientais; etc. Esta exigência encontra
respaldo legal no Código de Defesa do Consumidor, que assegura
no seu artigo sexto os direitos básicos do consumidor, dentre
eles a proteção da vida, saúde e segurança
contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos
considerados perigosos ou nocivos, e a informação adequada
e clara sobre os diferentes produtos com especificação
correta de quantidade, características, composição
e qualidade, bem como sobre os riscos que apresentem. Determina, no
artigo oitavo, que os produtos colocados no mercado de consumo não
acarretarão riscos à saúde ou segurança
dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis
em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se
os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar informações
necessárias e adequadas a seu respeito, e o fabricante a prestar
as informações que devam acompanhar o produto.
Os locais de armazenagem devem ser adequadamente ventilados. Todas as
substâncias devem ser rotuladas, inclusive os resíduos
segregados para descarte apropriado. As substâncias incompatíveis
não devem ser armazenadas juntas. Os produtos muito tóxicos
devem ser guardados em armários fechados ou em locais que sejam
de acesso restrito.
Para prevenir reações entre produtos químicos,
devemos observar para que não ocorram misturas entre substâncias
incompatíveis na lavagem de vidrarias ou durante a segregação
de resíduos para descarte.
Gerenciamento
de resíduos químicos
Um dos grandes problemas
ambientais no mundo do hoje é o lançamento ao meio ambiente
de produtos químicos perigosos de forma inadequada.
No Brasil, a Constituição estabelece responsabilidades
às três esferas de governo: municipal, estadual e federal.
Um dos órgãos nacionais com competência para regular
o assunto é o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, que
em 1993, através da Resolução 05/93, definiu procedimentos
mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos
dos serviços de saúde, dividindo-os em quatro grandes
grupos: