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Agentes biológicos como fator de risco para a ocorrência intencional de Epidemias

Pelos atentados terroristas que vêm ocorrendo nos últimos anos, se tem a nítida impressão de que o terrorismo convencional ainda é o método de eleição de grupos que praticam esse tipo de atividade. Acredito que a escolha esteja ligada à eficiência (número de vítimas) entre as duas modalidades de terrorismo, ou seja, terrorismo convencional e bioterrorismo (com uso de armas químicas ou biológicas). Vemos que o primeiro vem se mostrando mais eficiente em seu propósito, quando comparamos o número de vítimas ocorrido nas duas modalidades. Essa menor eficiência pode ser atribuída aos importantes entraves técnicos inerentes essa modalidade.
O bioterrorismo possui duas armas distintas, uma química e uma outra biológica. A contenção da arma química, após o seu ataque, é em geral facilitada pelos sintomas, muitas vezes, imediatos apresentados pelas pessoas por ela vitimadas. Os efeitos das armas químicas são dependentes da quantidade do produto químico que tenha sido inalado, ingerido ou absorvido pela pele e/ou mucosa. Já os sintomas apresentados pelas pessoas vitimadas por armas biológicas são, muitas vezes, de difícil diagnóstico, pois esses sintomas são dependentes do tipo de microrganismo que tenha sido utilizado para produzir esta arma. A arma biológica, ainda, poderá produzir um efeito dominó, ou seja, pessoas contaminadas poderão se tornar "bombas ambulantes", contaminando outras pessoas.
Acredito que para se obter um ataque, bem sucedido, utilizando o bioterrorismo, existe a necessidade de se vencer alguns entraves técnicos, que só poderiam acontecer, através de aliança ou até mesmo, contratação de técnicos altamente especializados em armas químicas ou biológicas.
Apesar dos três tratados para proibição de produção e uso de armas químicas e biológicas, existem dificuldades para que alguns países venham a abandonar essas práticas.
Com certeza não devemos desprezar a abnegação e o fanatismo de grupos praticantes do terrorismo, pois os mesmos poderão um dia vencer os referidos entraves técnicos e vir a fazer uso de práticas de bioterrorismo.
As unidades de saúde, públicas ou privadas, potencialmente, indicadas a prestar o primeiro atendimento às possíveis vítimas de ataques do bioterrorismo, deverão no mínimo, atentar para a necessidade de se implantar, em sua unidade, uma política adequada de biossegurança, contemplando as precauções básicas de biossegurança. Essas precauções são definidas como medidas que devem ser utilizadas na assistência a todos os pacientes e também na manipulação de sangue, secreções, contato com mucosas e pele não íntegra. Isso independe do diagnóstico definido ou presumido de doenças infecciosas. Essas medidas incluem a utilização de equipamentos de proteção individual com a finalidade de reduzir a exposição do profissional a sangue e fluidos corpóreos, e os cuidados específicos recomendados para manipulação e descarte de materiais perfuro-cortantes contaminados por material biológico.

 

HAMILTON COELHO
hscoelho@iff.fiocruz.br

Docente dos Cursos de Biossegurança: Fundação Oswaldo Cruz - Universidade da Força Aérea - Escola de Comando e Estado Maior do Exército - Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército - Escola de Saúde do Exército.

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