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Fundação Oswaldo Cruz

Annaes das Sciencias, das Artes e das Letras

Este foi um dos periódicos mais densos do século 19 no que tange à divulgação de temas científicos. Publicado trimestralmente em Paris, na França, entre julho de 1818 e abril de 1822, tinha entre seus assinantes cerca de duzentos habitantes do Brasil, inclusive o próprio D. João VI, além de outros 600 na Europa.

Cada número do jornal constituía um volume com cerca de 320 páginas, tendo sido publicados 18 volumes, com uma periodicidade trimestral. Era dirigido e redigido por Francisco Solano Constâncio (1777-1846), único que teve atividade editorial em todos os números dos Annaes, tendo sido, de fato, o seu principal responsável. Foram também redatores José Diogo Mascarenhas Neto (1752-1826), Cândido José Xavier da Silva (1769-1833) e, a partir de 1821, Luís da Silva Mousinho de Albuquerque (1792-1846).

Dados disponíveis na própria publicação mostram que o periódico chegou a ter perto de 750 assinantes em 1818, número excepcional para a época. A maior parte, aproximadamente 60%, vivia em Portugal continental, enquanto cerca de 25% vivia no Brasil. Os restantes 15% viviam nos arquipélagos dos Açores e Madeira (6%) e no estrangeiro (9%).

Apesar de também abarcar assuntos ligados às artes e letras, a grande maioria das matérias abordava temas científicos. Tendo artigos de qualidade técnica e teórica, a aposta do jornal era a transmissão de informações científicas úteis para o progresso português, ao qual o Brasil ainda estava ligado. Além de preocupar-se com a divulgação das ciências e das técnicas como meio de contribuir para o desenvolvimento econômico do país, os Annaes também buscavam provar que os portugueses tinham tantas ou mais capacidades como os habitantes de outras nações.

Objetivando atingir a públicos distintos, os Annaes tinham duas grandes seções: “Notícias das Ciências, das Artes, etc.” e “Resenha Analítica”, além da parte de “Correspondência”. A primeira seção voltava-se para os “sábios”, com formação acadêmica e científica, que precisavam acompanhar o que acontecia fora de Portugal e ter acesso a referências de possíveis fontes de informação. A segunda seção, destinada aos “curiosos”, reunia textos de divulgação científica e tecnológica, extratos de obras publicadas e análises críticas de publicações disponíveis.

Entre os temas com maior destaque nos Annaes está, primeiramente, a agricultura. Segundo Constâncio, a área carecia de fundamentação científica e de um melhor conhecimento da realidade por parte dos especialistas, que deveriam tentar aplicar os conhecimentos adquiridos. A exploração de minas e a fabricação de metais e de produtos químicos, bem como o conhecimento dos processos químicos essenciais para a indústria, eram também assuntos considerados relevantes pelo periódico.

Fontes:

OLIVEIRA, José Carlos. “As ciências no paço de d. João...”, História, Ciências e Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, vol.6, n.1, mar./jun. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59701999000200009&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> Acesso em 09 fev. 2009.

OLIVEIRA, José Carlos. Palestra proferida na Fiocruz. Rio de Janeiro, 14 ago. 2007.

REIS, Fernando Egídio. As ciências nos periódicos portugueses de finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX. 2004. Trabalho apresentado em Ciências da Comunicação em Congresso na Covilhã (CCCC 2004), Covilhã, 2004. Disponível em <http://www.proformar.org/revista/edicao_13/divulga_cienc_portugal.pdf>. Acesso em 09 fev. 2009.


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