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Fundação Oswaldo Cruz

O relatório da expedição científica de Belisário Penna e Arthur Neiva (1912)

Durante a primeira década do século 20, o Instituto Oswaldo Cruz promoveu importantes expedições destinadas a realizar campanhas profiláticas e investigar as condições sanitárias de diferentes regiões do país. No início do ano de 1912, os pesquisadores Arthur Neiva e Belisário Penna partiram do Rio de Janeiro para viajar, durante nove meses, pelos estados da Bahia, Pernambuco, Piauí e Goiás. Ao longo desse período, após percorrer mais de sete mil quilômetros, os cientistas empreenderam amplo levantamento da flora e da fauna, do quadro de doenças e das condições de vida das populações locais.

A expedição chefiada por Neiva e Penna destaca-se entre as demais realizadas na época como a mais rica e contundente em observações de caráter sociológico. Quatro anos depois da partida, em 1916, os pesquisadores publicaram um amplo e bem documentado relatório de viagem, no qual denunciavam as más condições de saúde e de vida da população rural do Brasil. Na liderança do movimento em prol do saneamento do Brasil, Neiva e Penna defendiam a tese de que a redenção econômica, social e moral da nação dependia necessariamente do compromisso dos poderes públicos com a melhoria das condições de saúde da população rural.

A publicação do relatório teve forte impacto sobre as elites intelectuais brasileiras. A descrição minuciosa dos locais percorridos mostrava a situação do interior do Brasil a um público distante daquele contexto, estimulando discussões e debates.

A viagem de Neiva e Penna estimulou a realização de campanhas em favor do saneamento. Em 1918, foi criada a Liga Pró-Saneamento do Brasil, sob grande influência dos artigos publicados por Belisário Penna, entre novembro de 1916 e janeiro de 1917, no jornal Correio da Manhã.

Fontes:

CASA DE OSWALDO CRUZ. "Arthur Neiva".  In: Biblioteca Virtual Carlos Chagas. Disponível em: http://carloschagas.ibict.br/traj/links/textos/arthur.html Acesso em 05 mar. 2009.

CASA DE OSWALDO CRUZ. “Viagens científicas do Instituto Oswaldo Cruz”. In: Biblioteca Virtual Carlos Chagas. Disponível em: http://carloschagas.ibict.br/traj/links/textos/viagenscientificas.html Acesso em 05 mar. 2009.

CASA DE OSWALDO CRUZ. "Movimento Sanitarista". In: Biblioteca Virtual Carlos Chagas. Disponível em: http://carloschagas.ibict.br/traj/links/textos/movimentosanitarista.html Acesso em 05 mar. 2009.

Para saber mais:

BENCHIMOL, Jaime Larry; TEIXEIRA, Luiz Antônio. Cobras, lagartos e outros bichos: uma história comparada dos institutos Oswaldo Cruz e Butantan. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1993.

LIMA, Nísia Trindade; HOCHMAN, Gilberto. “Condenado pela raça, absolvido pela medicina: o Brasil descoberto pelo movimento sanitarista da Primeira República”. In: MAIO, Marcos Chor; SANTOS, Ricardo Ventura (org.). Raça, Ciência e Sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz/CCBB, 1996.

LIMA, Nísia Trindade. “Um sertão chamado Brasil: intelectuais e representação geográfica da identidade nacional”. Rio de Janeiro: Revan: IUPERJ, UCAM, 1999.

LOBATO, J. B. Monteiro. “A nossa doença”. Revista do Brasil. v.7, n.25, jan. 1918.

________ O problema viral. São Paulo: Brasiliense, 1918.

NEIVA, Arthur; PENA, Belisário. Viagem cientifica: pelo norte da Bahia, sudoeste de Pernambuco, sul do Piauí e de norte a sul de Goiás. Ed. fac-sim. Brasília: Senado Federal, 1999.

NEIVA, Arthur. “Cinco Annos no Norte do Brasil”, Revista do Brasil. v.11, n.41, mai. 1919.

PENNA, Belisário. “Pequenos Cuidados Hygienicos”, Revista do Brasil. v.9, n.33, set. 1918.

PENNA, Belisário. Saneamento do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Jacinto Ribeiro dos Santos, 1923.

THIELEN, Eduardo Vilela et alli. A ciência a caminho da roça: imagens das expedições científicas do Instituto Oswaldo Cruz ao interior do Brasil entre 1911 e 1913. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz: Casa de Oswaldo Cruz, 1991.

WELTMAN, Wanda Latmann. “A produção científica publicada pelo Instituto Oswaldo Cruz no período de 1900 a 1917: um estudo exploratório”. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, vol.9, n.1, pp.159-86, jan./abr., 2002.


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