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Fundação Oswaldo Cruz

Civilizando as artes de curar: CHERNOVIZ e os manuais de medicina popular no império

Dissertação (Mestrado) - 2003

Autor: Maria Regina Cotrim Guimarães

Programa de Pós-Graduação em História das Ciências da Saúde, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz

Resumo

Os manuais de medicina popular da autoria do polonês Pedro Luiz Napoleão Chernoviz (1812-1881) são situados no contexto médico do Brasil imperial, tanto como elementos de divulgação da ciência médica acadêmica, quanto como elementos da medicina popular propriamente dita (nesse caso, devido à sua larga utilização por leigos). Os manuais publicados no Brasil oitocentista apresentaram alguns pontos de continuidade e de ruptura com os do século XVIII, tanto em relação à apresentação quanto ao seu conteúdo. O caráter acadêmico, pedagógico, civilizador e higienista destes manuais do Império capacita pessoas do interior do país, longe dos médicos, aos primeiros-socorros e à formulação de diversos remédios. Num período em que a indústria dos livros é incentivada, o tipo de manual escrito por Chernoviz alcança grande sucesso. Através de uma nova identidade sócio-profissional, firmada em seu empreendimento editorial, Chernoviz comprovou seu domínio dos códigos da sociedade de corte que foi o Rio de Janeiro imperial. Personagens famosos da literatura nacional foram freqüentadores do manual, e, ficcionais ou reais, seus principais usuários foram os boticários, que atendiam também nas casas dos doentes, os sinhôs e sinhás, que medicavam seus agregados e escravos, além de diversas lideranças políticas e religiosas, e curiosos, cujos manuais serviriam de salvo-conduto científico para suas medicinas junto à população pobre. Longe de representar a ubiqüidade dos médicos do Império, o Chernoviz, enquanto medicina de cabeceira, mostrou-se condizente com a estrutura social patriarcal, na medida em que seu conteúdo acadêmico se contamina de uma medicina doméstica, já familiar aos leitores.

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