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Fundação Oswaldo Cruz

A década de 20

A segunda década do século 20 foi marcada, no Rio de Janeiro, por uma intensa atividade de divulgação científica, não só em veículos como jornais, revistas e livros, mas também por meio de conferências abertas ao público e do rádio -- com a criação da primeira emissora do país, a Rádio Sociedade, em 1923.

Muitos fatores colaboraram para esta efervescência das iniciativas de difusão da ciência, a começar pela atuação de um grupo de acadêmicos – entre os quais Manoel Amoroso Costa, Miguel Ozório de Almeida, Henrique Morize e Edgard Roquette-Pinto. Era um movimento organizado, com forte sentimento de nacionalidade, que buscava traçar um caminho para o desenvolvimento da pesquisa básica e para a difusão mais ampla da ciência no Brasil.

Também neste período foram criados espaços de reflexão e atuação dos cientistas, como a Sociedade Brasileira de Ciências, em 1916 -- que seis anos mais tarde tornou-se a Academia Brasileira de Ciências -- e a Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1924, que promoveu ao longo da década cursos e conferências de divulgação, feitas por professores e pesquisadores brasileiros e estrangeiros. ( Leia mais sobre a mobilização da comunidade científica na década de 1920)

Poucas eram as instituições de ensino superior, o que implicava na ida dos mais abastados para estudar fora do país. Porém, é possível perceber uma renovação das instituições científicas já existentes e uma valorização da ciência e do cientista.

Toda essa movimentação fez com que a década de 20 fosse um período muito rico na difusão científica. Algumas publicações destinavam-se especificamente à divulgação de temas científicos, tais como “Radio - Revista de divulgação científica geral especialmente consagrada à radiocultura” (1923) e “Electron” (1926), ambas voltadas para a radiocultura; e a revista “Sciencia e Educação” (1929).

Os jornais diários também abriam, em maior ou menor grau, espaço para a ciência. A visita do físico Albert Einstein ao Brasil, em 1925, por exemplo, mereceu amplo destaque nos jornais cariocas. Também nessa década publicaram-se vários livros de divulgação da ciência, em diferentes áreas do conhecimento, e lançaram-se algumas coleções científicas, como a Coleção Cultura Contemporânea.

Outro veículo de comunicação usado para divulgação científica nessa época – embora mais orientado para a educação científica – foi o cinema. No Rio de Janeiro, a reforma de 1928 no setor da educação realizada por Fernando de Azevedo, determinou a existência de salas de projeção de filmes para fins educativos nas escolas brasileiras. Em 1936, foi criado o Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE), responsável pela realização de vários filmes com fins educativos e também de documentação científica, técnica e artística, incluindo temas como prevenção e tratamento de doenças, costumes, plantas e animais.

Fonte:

MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a década de 20. Rio de Janeiro: IBICT e UFRJ, 1998. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto Brasileiro de Informação em C&T e Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.


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