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Ciência para Todos

Ciência para Todos, suplemento de divulgação científica do jornal carioca A Manhã, circulou entre 1948 e 1953, sempre no último domingo de cada mês. Durante os três primeiros anos de sua publicação, foi editado por Fernando de Sousa Reis, sobrinho de José Reis, figura central na história da divulgação científica no Brasil, e de Ernani Reis, que dirigia à época A Manhã e estimulou a criação de um suplemento de ciências.

A publicação tinha um grande comprometimento com as causas defendidas pela parcela mais atuante da comunidade científica brasileira. Assumia a tarefa de tornar público o trabalho dos cientistas, com o claro objetivo de sensibilizar a sociedade e conquistar novos aliados na luta por melhores condições materiais para a prática da pesquisa no Brasil. Propunha-se também como porta-voz dos anseios da incipiente comunidade científica.

As principais seções de Ciência para Todos eram produzidas por jovens professores e cientistas, na maioria com idade entre 25 e 35 anos. Muitos deles tinham estudado na Escola de Ciências da Universidade do Distrito Federal (UDF) e na Faculdade Nacional de Filosofia (FNF) e davam aulas de ciências no ginásio e no ensino secundário. Outros eram professores e pesquisadores em universidades e centros de pesquisa do Rio de Janeiro, como a própria FNF ou o Museu Nacional.

A equipe inicial girava em torno de Fernando de Sousa Reis, maior responsável por configurar a identidade de Ciência para Todos ao definir os nomes dos principais integrantes da equipe, a estrutura e o projeto gráfico do suplemento – é dele a idéia de muitas seções publicadas desde as primeiras edições. Entre os que fizeram parte da equipe que trabalhou com Sousa Reis estão Oswaldo Frota-Pessoa, Newton Dias dos Santos, Ayrton Gonçalves da Silva, Antônio Luiz Boavista Nery, Roberto José Fontes Peixoto, e o ictiólogo Haroldo Travassos, que passou a editar o suplemento após a saída de Reis.

Além da equipe central responsável pela maior parte do conteúdo publicado, Ciência para Todos contou com colaborações esporádicas de uma série de autores, a maioria de cientistas vinculados a centros de pesquisas do Rio de Janeiro, com destaque para o Museu Nacional. O suplemento publicou também, em menor proporção, textos de colaboradores estrangeiros, por intermédio de agências de notícias internacionais.

Após o número de estreia, o suplemento recebeu várias cartas com elogios e incentivos e, já no número 2, ganhou mais quatro páginas, passando a ter 16 páginas e novas seções. Nas primeiras edições, estrearam algumas das rubricas que seriam publicadas durante praticamente toda a trajetória do suplemento, como “A biologia ao alcance de todos”, “Cinema educativo” e “No mundo dos números”. Ao longo de seus dois primeiros anos, Ciência para Todos foi marcado por uma grande profusão de colaboradores e seções, muitas de vida breve, e pela grande visibilidade dada a temas ligados à ciência brasileira.

Ao longo dos anos, o suplemento perdeu gradativamente colaboradores e seções, além de aumentar o espaço para notas distribuídas por agências internacionais. Quando A Manhã encerrou suas atividades, em 1953, grande parte do material que publicava era reproduzida de agências internacionais; além disso, suas seções fixas dedicavam-se ao rádio, à TV e à fotografia, em detrimento da ciência básica.

Fonte:

ESTEVES, Bernardo; MASSARANI, Luisa; MOREIRA, Ildeu de Castro. Ciência para Todos e a divulgação científica na imprensa brasileira entre 1948 e 1953. Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 62-85, 2006. Disponível em: www.mast.br/arquivos_sbhc/192.pdf.


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