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Fundação Oswaldo Cruz

"O imortal"

Publicado originalmente em 1882 na revista feminina carioca A Estação, dividido em seis partes, o conto “O imortal” foi baseado em outro conto de Machado de Assis, “Rui de Leão”, publicado dez anos antes. A narrativa conta a história de Ruy Garcia de Meirelles e Castro Azevedo de Leão, um ex-frade franciscano que, ao largar a batina, vai morar numa aldeia indígena onde se casa com o chefe da tribo, Pirajuá.

Sentindo que a morte se aproximava, Pirajuá mostra ao genro um segredo precioso: um elixir da vida eterna que ele, no entanto, não ousava tomar. Tempos depois, quando o próprio Rui de Leão encontra-se à beira da morte, lembra-se do elixir apresentado pelo sogro e decide tomá-lo:

“Já agora a morte era certa, que perderia ele com a experiência? A ciência de um século não sabia tudo; outro século vem e passa adiante. Quem sabe, dizia ele consigo, se os homens não descobrirão um dia a imortalidade, e se o elixir científico não será esta mesma droga selvática?”

A bebida misteriosa curou-o de imediato da febre que parecia levar-lhe à morte, mas a imortalidade Leão comprovou depois, quando nenhum ferimento ou moléstia conseguia tirar-lhe a vida. O protagonista deixou a aldeia com a idéia de “fazer analisar a droga na Europa, ou mesmo em Olinda ou no Recife, ou na Bahia, por algum entendido em cousas de química e farmácia”.

Desenrola-se a vida de Leão, que viajava pelo mundo sem envelhecer e vendo morrer seus amores e conhecidos. Foi inclusive condenado à morte, sem sucesso: “uma vez dado o golpe, os tecidos do pescoço ligavam-se outra vez rapidamente, e assim os mesmos ossos”.

A ciência, embora não seja protagonista neste conto, aparece de forma sutil em vários momentos. O imortal é descrito por seu filho – o narrador da história – como um homem muito culto e que “sabia uma infinidade de coisas: filosofia, jurisprudência, teologia, arqueologia, química, física, matemáticas, astronomia, botânica”. Além disso, o final do conto – quando Leão finalmente se livra da imortalidade – é apresentado como uma “prova” da eficácia da homeopatia.

Fonte:

CAUSO, Roberto de Sousa. Os melhores contos brasileiros de ficção científica. São Paulo: Devir, 2007.


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