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Fundação Oswaldo Cruz

Instituto Nacional do Cinema Educativo

Em 1936, com o apoio do Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema (1900-1985), e a aprovação de Getúlio Vargas, foi criado o Instituto Nacional do Cinema Educativo (Ince). Seu principal inspirador e primeiro diretor foi o cientista, antropólogo e professor Roquette-Pinto (1884-1954). A idéia era promover e orientar a utilização do cinema como auxiliar do ensino e servir-se dele como um instrumento voltado para a educação popular.

Ao longo de sua existência, entre 1936 e 1966, há registro de mais de 400 filmes produzidos pelo INCE, entre curtas e médias, dos quais a direção de cerca de 350 é atribuída ao cineasta Humberto Mauro. Boa parte da produção voltava-se ao apoio às disciplinas das instituições de ensino, à divulgação de aplicações da ciência e da tecnologia, às pesquisas científicas nacionais e ao trabalho de instituições nacionais.

O INCE nasceu de um projeto articulado no governo de Getúlio Vargas, que valorizou os instrumentos de difusão cultural dentro da perspectiva de construir uma identidade nacional correlacionada com a ciência e o desenvolvimento industrial do país.  Foi o primeiro órgão estatal brasileiro voltado para o cinema, tendo se transformado também em um dos pilares de um projeto mais amplo, que buscava organizar a produção cinematográfica nacional, assim como o mercado exibidor e o importador. O incentivo do governo Vargas ao cinema educativo buscava, além de levar a educação aos lugares mais remotos do país, o estabelecimento de um veículo de comunicação a serviço do Estado e de seus propósitos políticos e ideológicos.

A partir da criação do instituto, realizaram-se vários filmes com fins educativos e também de documentação científica, técnica e artística, incluindo temas como prevenção e tratamento de doenças, costumes, plantas, animais. Na área de física, há, por exemplo, filmes sobre hidrostática, propriedades gerais da matéria e alavancas. Há registros ainda de filmes sobre as pesquisas de Cardoso Fontes (morfogênese das bactérias), Vital Brazil (ofidismo), Evandro Chagas (leishmaniose americana), Miguel Ozorio (fisiologia nervosa), Carlos Chagas Filho (peixe elétrico e cultura de tecidos in vitro), Dutra e Silva (choque elétrico no tratamento de psicopatas) e Maurício Gudin (cirurgia asséptica).

Além das pesquisas científicas desenvolvidas no país, os filmes buscavam também valorizar elementos genuinamente nacionais, por meio do enfoque de exemplares da fauna e flora locais. Bons exemplos apresentam-se nos títulos: Vitória Régia (1937); Orquídeas (1937); Papagaio (1937); O Puraquê (1939); Araras (1940); O Plâncton (1940); Flores do campo (1943); João de Barro (1956).

Fontes:

GALVÃO, Elisandra. A ciência vai ao cinema: uma análise de filmes educativos e de divulgação científica do Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE). Rio de Janeiro: UFRJ, 2004. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.

MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a década de 20. Rio de Janeiro: IBICT e UFRJ, 1998. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto Brasileiro de Informação em C&T e Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.


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