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Revista Nacional de Educação

Lançada em outubro de 1932 pelo Museu Nacional, a Revista Nacional de Educação apostava na renovação da sociedade brasileira. Apresentava a história do Brasil em seu vigor, infundindo em seus leitores a convicção do valor próprio e mostrando as potencialidades a serem exploradas por um povo esclarecido.

A publicação, dirigida por Edgar Roquette-Pinto e financiada pelo Ministério da Educação e Saúde Pública, tinha uma significativa tiragem: 12.500 exemplares, número que expressava o ideal de sua ampla distribuição por todo o território do Brasil.

Para Roquette-Pinto, tratava-se da coroação de um sonho de mais de 20 anos em sua carreira de pesquisador e professor. Ele apontava os milhares de exemplares da revista como um marco na transformação das relações entre o governo e as classes populares, que poderiam reconhecer um dos primeiros atos de criação de valores culturais e certamente “o primeiro gesto educativo rigorosamente popular praticado pela República”.

Com periodicidade mensal, a revista era impressa em papel simples, com média de 96 páginas por volume. Era leve, pequena e de fácil manuseio. Os artigos eram numerosos, cerca de 16 por volume, na maioria curtos e invariavelmente escritos em linguagem acessível e, sobretudo, didática. Seus colaboradores eram expressivos cientistas e intelectuais da época. Boa parte deles pertencia ao Museu Nacional, como o zoólogo Cândido de Mello Leitão, o arqueólogo Alberto Childe, os botânicos Alberto Sampaio e Carlos Vianna Freire, o geólogo Moysés Gikovate, o antropólogo Raimundo Lopes e o próprio Roquette-Pinto.

Na busca da receptividade pelo público leitor, as edições da revista contavam com uma ampla quantidade de imagens. Em preto e branco e com excelente qualidade, as fotos reproduziam brasileiros ilustres, belezas e paisagens naturais, grandes pinturas de artistas internacionais e brasileiros, entre outras.

A distribuição da revista tinha como obstáculo a imensidade do território brasileiros e da precariedade dos transportes. Mas, para Roquette-Pinto, a publicação, mesmo vagarosa na entrega, seria um fator de agilização das comunicações, pois, divulgando a ciência, daria a todos as ferramentas intelectuais necessárias para que a extensão territorial deixasse de ser um elemento antagônico.

Apesar do entusiasmo, a publicação não durou muito: foram 21 números veiculados em 16 volumes, entre outubro de 1932 e junho de 1934. Durante esse período, forma e conteúdo da edição estabeleceram um rico diálogo, dinamizando um ao outro. Seguindo a intenção de criar referências compartilhadas, propôs-se não apenas a uma leitura do Brasil, mas sobretudo a “alfabetizar” seus leitores para uma leitura da nação. Ao longo dessa trajetória, seu diretor e muitos de seus autores construíram um novo papel para o Museu Nacional e, sobretudo, novas práticas de divulgação científica e de constituição de um saber especializado sobre o Brasil.

Fonte:

DUARTE, Regina Horta. "Em todos os lares, o conforto moral da ciência e da arte: a Revista Nacional de Educação e a divulgação científica no Brasil (1932-34)”. História, Saúde, Manguinhos, vol.11, n.1, jan/abr 2004. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-59702004000100003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em 09 fev. 2009.


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