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Fundação Oswaldo Cruz

Conferências Populares da Glória

Na segunda metade do século 19, enquanto as ações de divulgação científica se fortaleciam no mundo, o Rio de Janeiro foi palco de uma das mais significativas atividades de difusão da ciência no Brasil: as Conferências Populares da Glória, inauguradas em 1873.

Realizadas em escolas públicas nesse bairro carioca, tais conferências pretendiam despertar o espírito do público para os mais diversos assuntos, como afirmou seu coordenador, Manoel Francisco Correia, senador do Império.

De fato, os temas abordados nas conferências eram bem variados, desde aspectos essencialmente culturais – como literatura, teatro e o papel da mulher na sociedade – até temáticas diretamente ligadas à ciência: glaciação, clima, origem da Terra, responsabilidade médica, doenças, bebidas alcoólicas, ginástica, educação etc.

Os protagonistas das conferências acreditavam que a nação poderia ser mudada por meio da ilustração do país, da divulgação da ciência e da cultura. A proposta inicial das conferências era abrir suas sessões ao público em geral, mas pesquisas constataram que sua platéia era formada por um público seleto, com a presença da família imperial, da aristocracia da corte, de profissionais liberais e estudantes.

O espaço chegou a ser conhecido como “Tribuna da Glória”, por haver se transformado numa verdadeira arena de polêmicas aguerridas, como as que tratavam da liberdade do ensino, da criação de universidades, e da defesa de doutrinas científicas (contagionistas versus anticontagionistas, por exemplo).

Artigo da pesquisadora Maria Rachel Fróes da Fonseca, da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta o ano de 1880 como o auge das conferências, “quando um grupo de professores e alunos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, liderados pelo prof. Francisco Praxedes de Andrade Pertence, ocupou este espaço para expor a precariedade do ensino médico praticado no país”.

Ainda de acordo com a pesquisadora, as Conferências Populares da Glória ocorreram até 1889 e foram retomadas em 1891, por ocasião do 4º Centenário do Descobrimento da América.

Fontes:

FONSECA, Maria Rachel Fróes da. “As 'Conferencias Populares da Gloria': a divulgação do saber cientifico”. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 135-166, nov-fev. 2006. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59701996000400007&script=sci_arttext>. Acesso em 08 abr. 2009.

MOREIRA, Ildeu de Castro e MASSARANI, Luisa. “Aspectos históricos da divulgação científica no Brasil". In: MASSARANI, Luisa; MOREIRA, Ildeu de Castro; BRITO, Maria de Fátima (orgs.). Ciência e público: caminhos da divulgação científica no Brasil. 1 ed. Rio de Janeiro: Casa da Ciência, 2002, p. 43-64.

 


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