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Fundação Oswaldo Cruz

Repensando o Modelo para a Divulgação Científica: o caso da aids na imprensa brasileira (1981-2001)

Dissertação (Mestrado) - 2002

Autor: Martha San Juan França

Programa de Pós-Graduação em História da Ciência, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumo

Uma análise detalhada das notícias indica que nem sempre o espaço dedicado à ciência representa informações relevantes ou reveladoras sobre os rumos do conhecimento ou contribui para diminuir o preocupante analfabetismo científico da população. Muitas vezes, o noticiário até apresenta um desserviço, ao divulgar informações que reforçam preconceitos e visões de mundo favorecedoras de interesses particulares. Esse trabalho visa mostrar como e porque isso ocorre, apresentando com o exemplo a cobertura de imprensa dos vinte anos da epidemia de Aids. A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids) foi reconhecida oficialmente nos Estados Unidos em 5 de junho de 1981, quando um artigo na newsletter do Centro de Controle de Doenças (CDC) daquele país alertava os médicos para o aparecimento de uma doença mortal entre a comunidade de homens homossexuais de São Francisco. Ainda não tinha o nome de Aids, sigla com a qual foi batizada em 1982. Nos primeiros tempos por sua associação com os homossexuais americanos, foi apelidada de Grid (Gay Related Immune Deficiency) ou, mais simplesmente, de 'câncer gay'. Essa associação levou os doentes, durante muitos anos, a serem vítimas de preconceitos e culpabilização. No Brasil, a Aids chegou primeiro como notícia importada. Os primeiros doentes brasileiros só foram diagnosticados em 1983. A imprensa, no entanto, se encarregou de divulgar informações sobre a doença a partir das agências internacionais de notícias que reproduziam os fatos ocorridos nos Estados Unidos.


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