Publicada em: 28/01/2009 às 09:55
Literatura


O Doutor Benignus
Núcleo de Estudos da Divulgação Científica

Em 1875, o português Augusto Emílio Zaluar escreveu e publicou no Brasil o romance O Doutor Benignus, influenciado pelas obras iniciais de Júlio Verne, Cinco semanas num balão (1863) e Viagem ao redor da lua (1870).

Escrita para jornais do Rio de Janeiro, a obra é considerada o primeiro romance brasileiro no qual se exprimem claramente as várias convenções do gênero ficção científica, à época em formação: o cientista como protagonista, a máquina de ver o futuro e o primitivo mundo perdido.

O romance antecipa algumas das preocupações da ficção científica moderna, consoante com algumas então recentes teses científicas, como a pluralidade dos mundos habitados e a evolução das espécies. Zaluar trouxe para o Brasil, mais do que um novo gênero literário, as idéias que povoavam o âmbito científico europeu da época.

No romance, a reprodução de informações encontradas em compêndios de história natural substitui a especulação. A maior parte da história descreve a natureza e suas atrações e perigos, aos quais o distraído doutor sobrevive graças à coragem e ao senso prático de Katini, seu fiel cozinheiro peruano.

Entretanto, ao contrário de protagonistas anteriores, prontos a aplicar com ousadia as descobertas científicas de sua época e defender especulações ainda mais arrojadas, os personagens de O Doutor Benignus são passivos, não intervêm na realidade do mundo. Mesmo assim, o livro traz para o público brasileiro o sonho de Benignus, a visita de um ser espiritual proveniente do Sol que o cumprimenta por sua “impaciência de saber”, animando-o a infiltrar o bem na alma de seus semelhantes.


Brasiliana