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Brasil na vitrine – as Exposições Universais e a propaganda de um novo país

Conhecidas como “espetáculos da modernidade” e “festas do progresso”, as Exposições Universais foram uma série de megaeventos científicos e empresariais a partir da segunda metade do século 19. Iniciadas em Londres em 1851 e sediadas principalmente na Europa e nos Estados Unidos, elas apresentavam novidades que vinham do mundo inteiro para formar uma grande feira de negócios e divulgação da ciência e da técnica, da arte e da cultura.

Impulsionadas inicialmente pelo desejo de fomentar a indústria, as Exposições serviram também de palco para congressos científicos e demonstrações públicas de novas invenções – como o telefone de Graham Bell, apresentado na Filadélfia na Exposição de 1876 – e para a inauguração de grandes monumentos, como o Palácio de Cristal inglês, inaugurado em Londres em 1851, e a Torre Eiffel, inaugurada em Paris em 1889.

O país sede convidava outras nações à participação e estas, por sua vez, enviavam produtos para exibição especialmente selecionados junto aos seus setores industriais mais importantes, além de folhetos, livros e outros meios de propaganda das riquezas nacionais. Ao final, as mostras eram julgadas e os expositores, condecorados com medalhas e diplomas, que, no mercado internacional, lhes rendiam credibilidade no comércio de suas mercadorias.

Quanto ao público atraído pelas Exposições, era tão variado quanto possível: incluía empresários, consumidores e até observadores enviados por governos estrangeiros. Para milhões de visitantes, essas feiras representavam a oportunidade de percorrer o que havia em todo o mundo civilizado, atravessando tempos e espaços inimagináveis na distância de alguns quarteirões.

Foi em Londres, em 1862, a primeira participação brasileira numa Exposição Universal. Enquanto participante, o Brasil pretendia mostrar ao mundo seu potencial natural e industrial, de modo a atrair, além de imigrantes, investidores e mercados externos. Com apoio e subsídio de Dom Pedro II, essa era uma forma de inserir o país no grupo das nações civilizadas, exibindo, para isso, seus avanços científicos e estabilidade política.

A seleção dos produtos brasileiros a serem enviados para as feiras era feita por meio de exposições regionais e nacionais. Entre as amostras enviadas às Exposições pelo setor agrícola, o café tinha posição de destaque, acompanhado do guaraná, do açúcar, do cacau, da mandioca e do fumo. Na Exposição de Paris, em 1889, o estande do Brasil chegou a incluir também um lago artificial com vitórias-régias, para que os visitantes pudessem ter uma experiência sensorial da flora tropical.

Por outro lado, havia uma preocupação de desfazer a imagem exótica do país, exibindo também fotos de estradas de ferro e outras demonstrações do potencial brasileiro para a indústria. Os estandes exibiam, ainda, minerais como manganês, ouro, zinco, diamantes e minério de ferro. Junto a eles, estudos sobre a formação geológica do solo e a viabilidade de exploração desses recursos.

Outros materiais apresentados incluíam ossadas arqueológicas, destacando o Brasil como campo privilegiado para o estudo das civilizações primitivas, e até representantes indígenas – os cientistas internacionais surpreendiam-se com seu conhecimento das propriedades de várias plantas nativas.

Embora seus expositores tenham recebido medalhas em várias Exposições, a posição do Brasil ainda era bastante modesta, sobretudo em comparação à Europa e aos Estados Unidos. Apesar disso, no início do século 20, o país se aventurou como anfitrião de uma grande Exposição Universal que tomou parte das comemorações do centenário da independência em 1922. ( Leia mais sobre a exposição de 1922)

Fontes:

AMOROSO, Marta. Crânios e cachaça: coleções ameríndias e exposições no século XIX. Revista de História, São Paulo, v.154, n.1, p. 119-150, 1º semestre 2006.

HEIZER, Alda Lúcia. Observar o céu e medir a Terra. Instrumentos científicos e a participação do Império do Brasil na Exposição de Paris de 1889. Campinas: Unicamp, 2005. 233p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Ensino, História e Ciências da Terra, Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.

SANTOS, Paulo Coelho Mesquita; COSTA, Adilson Rodrigues da. A Escola de Minas de Ouro Preto, a 'Sociedade de Geographia Economica de Minas Geraes' e as Exposições Universais do final do século XIX e início do século XX. REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, v. 58, n. 3, p. 279-285, jul/set 2005.

SANTOS, Paulo Coelho Mesquita; COSTA, Adilson Rodrigues da. "A Escola de Minas de Ouro Preto e as 'Seções de Geologia' do Brasil nas Exposições Universais. REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, v. 59, n. 3, p. 347-353, jul/set 2006.


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