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Fundação Oswaldo Cruz

O papel da interatividade na constituição de um modelo de percepção pública da ciência e da tecnologia - um olhar sobre o Canal Saúde

Dissertação (Mestrado) - 2012

Autor: Samuel Antenor dos Santos

Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural, IEL/Labjor – Universidade Estadual de Campinas

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo investigar o papel da interatividade na constituição de um modelo de percepção pública da ciência e da tecnologia (C&T), com vistas a uma análise da divulgação científica da saúde em mídias digitais. Para tanto, partimos do pressuposto de que os usuários dessas mídias, valendo-se de recursos que considerem a troca de informações e a interação entre diferentes agentes, mediada por recursos tecnológicos como a Internet, possam tomar parte na constituição de um modelo participativo de divulgação científica, com a ampla partilha de conteúdos científico-culturais. Como metodologia, buscamos estudar um caso específico de divulgação científica da saúde via Internet, com base no conceito de Cultura Científica, o qual considera o percurso que envolve o desenvolvimento científico como um processo cultural, do ponto de vista de sua produção, da difusão entre pares, do ensino e da educação, ou ainda de sua divulgação na sociedade. Nesse sentido, como primeira hipótese, pensamos que a divulgação científica via Internet poderia permitir a adoção de uma posição que considerasse a participação dos cidadãos nesse processo, de modo a tornar possível a troca de informações em diferentes esferas de espaço-tempo e de forma multidirecional. Por conseguinte, nossa escolha investigativa difere dos estudos sobre comunicação pública da ciência que definiram esse enfoque como modelo de déficit, o qual pressupõe o conhecimento como parte do domínio dos que fazem ciência e a aplicam, limitando a maneira como essas informações chegam ao público - hierarquicamente e numa única direção -, conjugando uma suposta superioridade de quem detém o conhecimento científico com a suposta incapacidade ou limitação de compreensão e interpretação das demais pessoas. Em nossa segunda hipótese, pensamos que, na medida em que se abandone a noção de déficit de conhecimento, poder-se-ia promover não só a participação e a interatividade entre as várias esferas da sociedade, mas também uma profunda reflexão da parte de todos os envolvidos com a produção e divulgação científicas. Para tanto, buscamos analisar se - e em que medida - esta participação permite que os cidadãos usuários das mídias digitais “interajam” não apenas com instâncias diversas, mas também entre si; se essa participação contribui ou não para o processamento crítico de informações; e se pode ou não reorientar os processos comunicacionais. Para desenvolver nosso trabalho, dividimos o texto em cinco partes, compostas por quatro capítulos e uma conclusão. Na primeira parte, buscaremos tratar, em linhas gerais, do campo da percepção pública da ciência e da tecnologia, discorrendo sobre os modelos de percepção, estabelecendo contrapontos entre o modelo de déficit e o modelo participativo, a partir de pressupostos metodológicos da Cultura Científica, com base em autores como Carlos Vogt e Carmelo Polino. Na segunda parte, buscaremos discutir um ideal filosófico para a área, o qual teria na crítica ao positivismo, feita por Walter Benjamin, as bases de uma possível crítica que o modelo participativo dirige ao cientificismo. Em nossa terceira parte, propomos discutir o papel da interatividade na constituição dos modelos de percepção, para o que trabalharemos com a visão de Marshall Mcluhan, sobre os meios de comunicação como extensões do homem, e de Pierre Lévy, sobre virtualidade e ciberespaço. Para tanto, buscaremos exemplificar e discutir, na quarta parte desta dissertação, mecanismos e experiências de divulgação científica dos temas da saúde via Internet, mais especificamente em um recorte sobre questões retratadas pelo Canal Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Por fim, uma quinta parte fecha o trabalho, com as principais conclusões a que chegamos durante nossa pesquisa de Mestrado.

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