Publicada em: 29/10/2013 às 12:50
Teses e Dissertações


A ciência no Jornal Nacional e na percepção do público
Núcleo de Estudos da Divulgação Científica

Tese (Doutorado) - 2013

Autora: Marina Ramalho e Silva

Programa de Pós-Graduação em Química Biológica, Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

A ciência e a tecnologia permeiam diversas esferas da vida pública e privada. A todo momento, cidadãos lidam, em maior ou menor medida, com algum aspecto da ciência, seja tomando um novo medicamento, acessando a internet ou escolhendo produtos no supermercado. Ainda assim, a ciência praticada pelos cientistas dificilmente corresponde à ciência que habita o senso comum, onde é marcada, muitas vezes, por estereótipos. Distorções nesse percurso – entre a Academia e o imaginário popular – podem ter consequências negativas, como a falta de interesse de jovens pelas carreiras científicas, a supervalorização acrítica da ciência e a conformação de uma sociedade despreparada para participar de decisões políticas que envolvam conhecimentos científicos. Por isso, são tão importantes ações para o fortalecimento dos laços entre ciência, tecnologia e sociedade, ações que chamaremos aqui, genericamente, de iniciativas de divulgação científica. Nossos objetivos neste trabalho são analisar como a ciência e a tecnologia são retratadas no principal telejornal brasileiro, o Jornal Nacional (da Rede Globo), identificar alguns aspectos da dinâmica de produção deste informativo que possam ter reflexos nessa cobertura e investigar como tais conteúdos são percebidos e apropriados por alguns grupos de telespectadores. Para isso, foram coletadas as notícias de C&T transmitidas nesse telejornal ao longo de um ano, entre 2009 e 2010 (uma amostra formada por meio da técnica de semana construída), as quais foram submetidas a um protocolo de análise de conteúdo, para identificar suas principais características. Uma entrevista foi feita com o editor-chefe do Jornal Nacional e nove grupos focais foram realizados – com recortes baseados em faixa etária e de renda. Buscamos, assim, identificar indícios da percepção desses grupos sobre ciência, tecnologia e seus atores e como essa percepção dialoga com a imagem sobre ciência, tecnologia e cientistas transmitida pelo Jornal Nacional. Identificamos 77 matérias de ciência, que ocuparam uma média de 7,4% do tempo diário do programa, evidenciando que o tema faz parte da agenda do JN. Observamos ainda que: a maioria das matérias enfatizou o anúncio de resultados de pesquisas; as principais áreas abordadas foram medicina e saúde; a ciência nacional ganhou destaque na cobertura; pesquisadores e instituições científicas representaram as principais fontes das matérias; os cientistas foram retratados principalmente em escritórios e, quando estes profissionais eram entrevistados, as mulheres foram minoria. A abordagem da ciência foi mais positiva que negativa e aspectos controversos foram pouco explorados. Do ponto de vista dos receptores, verificamos, entre outros aspectos, que, nos grupos estudados, a ciência esteve vinculada mais fortemente a aspectos positivos e a seus produtos concretos. A imagem do cientista esteve associada a estereótipos físicos e comportamentais. A estratégia narrativa de “personalização” foi bem recebida pela maior parte dos participantes, que, entretanto, opinaram que a cobertura de C&T pelo JN é reduzida, superficial e descontínua.

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