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Fundação Oswaldo Cruz

Miguel Ozorio de Almeida

O fisiologista Miguel Ozorio de Almeida (1890-1953) desempenhou importante papel na divulgação científica brasileira, principalmente nas décadas de 1920 e 1930. Ao longo de sua carreira, fez conferências públicas e publicou vários textos de divulgação, muitos dos quais incluídos no livro A vulgarização do saber, que talvez seja o primeiro no país a discutir de forma mais sistemática a prática da divulgação científica. O livro inclui ensaio homônimo, no qual Osório discute as vantagens e limitações das atividades de divulgação da ciência.

Ele fazia parte de um grupo de intelectuais e cientistas, atuantes no início do século 20, que tinham como propósito a valorização da pesquisa básica. Eram professores, cientistas, engenheiros, médicos e outros profissionais liberais ligados em geral às principais instituições científicas e educacionais do Rio de Janeiro. Entre eles, o irmão de Miguel Ozorio, Álvaro, além de Manoel Amoroso Costa, Henrique Morize, Juliano Moreira, Edgard Roquette-Pinto, Roberto Marinho de Azevedo, Edgard Süssekind de Mendonça, Lélio Gama, Teodoro Ramos, Francisco Venâncio Filho e outros.

A idéia do grupo era estimular o desenvolvimento da pesquisa científica por meio do aprimoramento do sistema educacional, da criação de faculdades de ciências e letras e de um ambiente junto ao público e aos governantes favorável ao avanço da ciência. A divulgação científica para o público ilustrado era um dos instrumentos para isso.
Entre as atividades realizadas por Ozorio destaca-se sua participação nos ciclos organizados pela Associação Brasileira de Educação (ABE), entre 1926 e 1929, com o curso “A regulação nervosa da respiração” (que incluiu quatro conferências, em 1927) e a palestra “O otimismo de Metchnikoff” (1928).

Uma preocupação de Miguel Ozorio era quanto à produção, no Brasil, de livros relacionados à ciência, em particular os didáticos e a chamada literatura de vulgarização. Seu primeiro livro nesse domínio foi A mentalidade científica brasileira (1922), integrando a Coleção Cultura Contemporânea, dirigida por Afrânio Peixoto, da Livraria Científica Brasileira. Escreveu também Homens e coisas de ciência (1925), A vulgarização do saber (1931) e Ensaios, críticas e perfis (1938), que reúnem no total cerca de 60 textos, boa parte de divulgação científica, originários de conferências ou de ensaios, e resenhas publicados em jornais e revistas da época, sobre temas variados.

Miguel Ozorio publicou ainda um romance científico, Almas sem abrigo (1933), que aborda as vicissitudes de um cientista, no caso de um matemático, no Brasil do início do século 20. Além disso, colaborou com a incipiente produção cinematográfica brasileira voltada para a educação e a difusão da ciência e da cultura, ao dirigir, junto com Humberto Mauro, o documentário Fisiologia geral (1938).

Fonte:

MASSARANI, Luisa; MOREIRA, Ildeu. “Miguel Ozorio de Almeida e a vulgarização do saber”, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, vol.11, n.2, mai/ago 2004.


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