Embora tenham enfrentado redução significativa na última década do século 19 e nos primeiros anos do século seguinte, as atividades de divulgação científica no Brasil experimentaram um verdadeiro boom na década de 1920. O crescente interesse pela ciência após a Primeira Guerra Mundial, a importância de uma opinião pública favorável para permitir o desenvolvimento da ciência pura e a necessidade de sensibilizar o poder público para as questões científicas foram alguns dos fatores que deram forma a este período fértil da divulgação científica no país. Nas décadas seguintes, porém, o Brasil enfrentou nova redução das atividades de divulgação científica e, sobretudo, do envolvimento das lideranças da comunidade científica com esse tipo de atividades. Algumas iniciativas, porém, foram contra essa tendência, como a utilização do cinema como meio de divulgação.
A segunda década do século 20 foi marcada, no Rio de Janeiro, por uma intensa atividade de divulgação científica, não só em veículos como jornais, revistas e livros, mas também por meio de conferências abertas ao público e do rádio -- com a criação da primeira emissora do país, a Rádio Sociedade, em 1923.
Pode-se dizer que o embrião da comunidade científica brasileira surgiu nos anos 20, junto com a tentativa de se criarem condições para a institucionalização da pesquisa no país. Os cientistas que se destacaram por sua atuação na divulgação e educação científica no país, nessa época, eram em sua maioria médicos e engenheiros, muitos de classe média alta.
Às vésperas do centenário da independência do Brasil, como sede do governo, o Rio de Janeiro deveria ser não só o palco principal das comemorações, mas também um modelo de civilização e progresso para a nação. Na imprensa, sugestões de atividades e cobranças de iniciativas para a festa. Entre as programações, a mais ousada era sem dúvida a realização de uma Exposição Universal em terras cariocas.
Criada em 1924, a Associação Brasileira de Educação (ABE) também foi fruto do movimento organizado de cientistas e intelectuais da época. Sua finalidade era promover a difusão e o aperfeiçoamento da educação e cooperar com as iniciativas que viessem ao encontro desse objetivo.
Considerada o principal agente de iniciativas ligadas à divulgação da ciência nos anos 20, a Associação Brasileira de Educação (ABE) recebeu muitos dos cientistas e acadêmicos da época, além de estrangeiros como Marie Curie, Rivet (Musée de Paris) e Langevin (Collège de France).
Surgida em 1923, a primeira rádio brasileira foi uma iniciativa de cientistas e intelectuais, interessados em divulgar temas científicos para o público geral. Fechada em 1936, a rádio teve parte de seu acervo de correspondências preservado e disponibilizado no site do projeto "Memória da Rádio Sociedade".
As primeiras iniciativas de utilização do cinema como auxiliar na pesquisa científica e no ensino no Brasil surgiram no início do século 20. Mas o grande impulso para o fortalecimento do cinema educativo no país foi a criação, em 1936, do Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE).
Outros documentos relacionados:
Um entusiasta da radiodifusão educativa
Destaque na pesquisa e na divulgação da física e da astronomia
Conferencista considerado o primeiro divulgador e expositor da teoria da relatividade de Einstein para o grande público
Criado em 1936, o Instituto Nacional do Cinema Educativo (Ince) teve como principal inspirador e primeiro diretor o cientista, antropólogo e professor Roquette-Pinto. A idéia era promover e orientar a utilização do cinema como auxiliar do ensino e servir-se dele como um instrumento voltado para a educação popular.
Av. Brasil, 4365 - Manguinhos, Rio de Janeiro CEP: 21.045-900 - nestudos@fiocruz.br
Realização: Museu da Vida / Casa de Oswaldo Cruz / Fundação Oswaldo Cruz - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Universidade Federal de Minas Gerais.
Apoio: CNPq