Publicada em: 21/03/2011 às 12:08 |
||||||
O lado intelectual e humano de Paulo Freire :: Galeria de Imagens do Evento Com uma palestra de uma hora e meia – que de tão leve passou voando –, Nita Freire, viúva do educador Paulo Freire, abriu na sexta-feira, dia 18 de março, o Ano Acadêmico e o ciclo do Centro de Estudos 2011do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) . Alternando informações fundamentais sobre a pedagogia freireana com histórias sobre a vida do educador, Nita envolveu completamente os mais de 120 presentes, sem nem precisar de uma apresentação de slides.
Gutemberg Brito
Nita Freire: “Não podemos estar certos das nossas certezas, temos que problematizar e a pergunta é um instrumento pedagógico fundamental" A educadora explicou que para Freire a educação é um ato político. “Não existe uma educação neutra, ela tem caráter político e é dirigida a classes sociais. No Brasil, durante décadas não se fez educação para os excluídos”, reclamou. Alguns pontos fundamentais para Freire, disse ela, foram a problematização, criticidade e o dialogismo na educação. Nita explicou que no processo educacional é preciso problematizar as questões. “Não podemos estar certos das nossas certezas, temos que problematizar e a pergunta é um instrumento pedagógico fundamental. Desde o aluno primário até o presidente da república deveriam se autoquestionar”, defendeu. “A criticidade deve ser incentivada, precisamos buscar uma consciência crítica”, disse ela, acrescentando, porém, que este não é um caminho fácil. “O processo de aprendizagem não é indolor, mas o descobrimento do saber é uma imensa alegria. É como o processo de começar a caminhar: você consegue ver a alegria no rosto da criança.” Sobre o dialogismo, Nita explicou a importância do diálogo entre o educador, o educando e o objeto em análise, com um exemplo do início da carreira do marido, ainda em Recife. “O Paulo resolveu largar Direito, porque achava que nunca ia conseguir defender alguém que ele soubesse culpado, e foi dar aulas para funcionários da indústria, no Sesi de Recife. Ele ficava muito chateado porque todo mundo dormia. Ele dizia: eu estudo Piaget e todo mundo dorme. Então ele resolveu mudar o foco e, ao invés de fileiras de cadeiras, resolveu adotar círculos de alunos e a perguntar sobre as aspirações e a vida de cada um deles. Deu certo”, contou. Antes de prometer voltar ao IOC para uma palestra apenas sobre o seu caso de amor com Paulo Freire, Nita, a única preocupada em não estourar o tempo de sua apresentação, lembrou que um gongo mudou a vida do educador. “Ainda no segundo grau, ele estava na dúvida se seria cantor ou professor. Ele foi a um programa de rádio em Recife e no meio da música soou um gongo, desclassificando-o. Mudou a vida dele”, diverte-se ela contando. Não só mudou a vida de Paulo Freire, que completaria 90 anos de nascimento este ano, mas a de milhares de outros brasileiros. Educação: missão do IOC Presente à cerimônia, a diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge, destacou algumas ações do ensino do IOC, como os projetos de estágio curricular para graduação, de iniciação científica e os cursos de férias, dentre outros. “O Ensino está na missão e na visão de futuro do IOC, fazemos a formação desde pesquisadores até alunos do segundo grau, e ainda promovemos atividades de extensão universitária”, destacou, acrescentando que, assim como defendido por Freire, não há educação fora da cultura e da sociedade.
:: Galeria de Imagens do Evento 21/03/11 |
||||||