Publicada em: 21/10/2010 às 22:58 |
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“Nunca planejei ser Deus” Em palestra no IOC, Eckard Wimmer, cientista que criou o primeiro vírus sintético, há oito anos, comentou os rumos e as encruzilhadas da biotecnologia Rodrigo Ávila/IOC
Wimmer destacou a possibilidade de desenvolvimento de vacinas com base na biologia sintética A convite do pesquisador Edson Elias da Silva, chefe do Laboratório de Enterovírus do IOC, Wimmer apresentou a conferência “Recodificação de Genomas Virais de RNA Através da Síntese do Genoma Inteiro: Genética e Aplicações Práticas” para um público formado por cientistas, estudantes e jornalistas. Durante uma hora de apresentação, o pesquisador -- que visita o Brasil pela primeira vez --, falou sobre a recodificação do genoma do RNA do vírus da pólio apontando o procedimento da pesquisa que revolucionou a biologia. Perdas e ganhos Ao mesmo tempo em que abre caminho para novas formas de combate a doenças, a biologia sintética é observada com cautela por Wimmer. “Nós não podemos proteger totalmente os dados daqueles que poderiam fazer mau uso dos avanços da biologia sintética. A responsabilidade cabe aos cientistas, de agir eticamente”, afirma. “Existe sim motivo para temer que grupos mal intencionados, com recursos, possam acessar na internet o genoma de um vírus como o da varíola e criá-lo em uma estrutura de laboratório,” frisou Perfil O pesquisador já publicou cerca de 300 artigos científicos. Em 1991, publicou a síntese do vírus da poliomielite - experiência que estimulou vários estudos sobre replicação viral. A partir da síntese, em 2002 o cientista publicou os estudos sobre a síntese do vírus da polio na ausência de um modelo natural fora das células vivas. O trabalho, que marcou uma nova era na Biologia com a criação do primeiro vírus artificial em laboratório, chamou a atenção mundial, com elogios e críticas pesadas da comunidade científica e da sociedade civil. O feito foi reconhecido como uma nova estratégia de investigação da função gênica e da patogenicidade, permitindo alterações em larga escala em um genoma. Wimmer e seus colaboradores recodificaram e desenvolveram genomas virais de RNA alterados por computadores, através da síntese do genoma. A estratégia, segundo Wimmer, é levar a engenharia de genomas virais para o desenvolvimento de vacinas. 21/10/2010 Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz) |
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