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Desafios contemporâneos da doença de Chagas na Amazônia

A transmissão da doença de Chagas por rotas alternativas, como a ingestão de alimentos contaminados, vem ganhando espaço como preocupação em saúde pública. Pacientes diagnosticados recentemente com quadro agudo da doença de Chagas no Pará levaram à convocação de uma verdadeira força tarefa para esclarecimento da origem dos casos. Pesquisadores do Instituto Oswaldo cruz (IOC/Fiocruz) participam da iniciativa.
Em um conjunto de ilhas próximo à região metropolitana de Belém, foi conduzida a segunda etapa da pesquisa coordenada pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (SESPA) em áreas com elevado número de transmissão da doença de Chagas. Entre os dias 6 e 18 de novembro, a investigação, inserida no ‘Protocolo de Definição das Áreas de Risco de Transmissão de Trypanossoma cruzi na Região Amazônica’ contou com a participação dos Laboratórios de Biologia de Tripanosomatídeos, Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios, Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos e Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC, além de profissionais de outras instituições do Brasil e do exterior. A primeira fase do estudo, realizada em 2009 na área urbana da capital, sinalizara a necessidade de continuidade da iniciativa, desta vez englobando as ilhas da região.

Foto: Lab. de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos/IOC

 

Colaboração entre especialistas de diversas instituições é a aposta para elucidação dos casos

Como uma das principais suspeitas é a transmissão por via oral da doença, o trabalho foi desenvolvido nas Ilhas de Combu, região onde se concentra grande parte da plantação de açaí consumido na capital paraense. Além de realizarem o georreferenciamento das casas da comunidade, os pesquisadores fizeram inquéritos da fauna e da população local, coletando quase duas mil amostras humanas e dezenas de amostras animais. Para Elenild Góes, coordenadora estadual do programa de doença de Chagas, o protocolo superou as expectativas. “Nosso trabalho foi estendido a outras ilhas do arquipélago e, em certas localidades, superamos 100% do planejado. A própria população solicitou o aumento da área de abrangência do estudo”, enfatizou.

Para André Roque, pesquisador do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos do IOC, que também participou do estudo, os resultados da pesquisa contribuirão para desvendar a origem dos casos agudos da doença detectados recentemente no estado. “A suspeita é de que esteja havendo uma transmissão a distância, a partir de materiais contaminados provenientes de regiões longínquas, não precisamente em Belém”, destacou André, citando, ainda, a parceria entre os laboratórios e a secretaria de saúde paraense. “Nossa participação consistiu em analisar potenciais reservatórios em mamíferos silvestres e domésticos. As amostras estão sendo analisadas no sentido de elucidar como o ciclo de transmissão do parasito está sendo mantido entre estes animais.” Além de André, a chefe do Laboratório, Ana Jansen, e dois mestrandos também integraram a equipe. Rosana Gentile e seu mestrando Sócrates Neto também tem atuado no protocolo com regularidade, auxiliando a esclarecer os reservatórios de T. cruzi no ambiente.

Foto: Lab. de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos/IOC

 

Os resultados da pesquisa contribuirão para desvendar a origem dos casos agudos da doença detectados recentemente no estado

O Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos iniciou o estudo sobre os elementos de motivação e agregação de equipes multi-profissionais e inter-disciplinares necessárias para ações educativas de amplo espectro, associadas a projetos de pesquisa em campo. A maior parte dos membros da equipe que trabalhou na ilha do Combu foi entrevistada pela bolsista Cristina Borges e pela pesquisadora Tania Araújo Jorge, estando os dados em fase de análise. Elias Lorosa, pesquisador do Laboratório Nacional e Internacional de Taxonomia de Triatomíneos, coordenou a equipe de mapeamento de vetores e ficou impressionado com o alto número de barbeiros capturados nas armadilhas montadas. “Nunca vi tamanha densidade de barbeiros num mesmo nicho”, afirmou.

Mais de 100 profissionais de cerca de 18 instituições completaram a equipe que trabalhou na realização da segunda parte da pesquisa. Palestras sobre manipulação correta de alimentos, orientações sobre a doença e inquéritos entomológicos e ambientais foram realizados para os participantes, em um intercâmbio de saberes, e para os moradores das ilhas.

Vinicius Ferreira

28/11/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

 

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