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Ezequiel Caetano Dias

 Ezequiel Dias
“Um dos pioneiros da medicina experimental do Brasil, [...] de técnica irrepreensível, raciocínio atilado e clarividência científica. [...] Ídolo do lar, nem um dia esmoreceu, e na adversidade de longos anos soube caminhar sereno, bemdizendo o destino, de ânimo forte e perspectivas sempre renovadas”. Assim Carlos Chagas define o amigo e parceiro de trabalho Ezequiel Caetano Dias, no obituário publicado na Revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, em 1922.

Nascido em 11 de maio de 1880 na cidade de Macaé, no Rio de Janeiro, Ezequiel é o primeiro de uma geração de célebres cientistas da família Dias, hoje representada pelo neto João Carlos Pinto Dias, pesquisador emérito da Fiocruz-Minas. Cunhado de Oswaldo Cruz, Ezequiel se formou no curso de farmácia para atender aos desejos do pai e, depois, se forma médico pela Faculdade Nacional de Medicina (hoje vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ). Ainda jovem, ingressou no Instituto Soroterápico Federal como ajudante acadêmico de Medicina e, em 1902, quando Oswaldo Cruz assume a direção geral, é escolhido para ser seu assistente, dedicando-se aos estudos da microbiologia e da medicina experimental. Em 1904, participa de comissão para os estudos do beriberi, doença causada pela má nutrição. O comprometimento lhe rende, no ano seguinte, a nomeação de diretor de Higiene do Laboratório Bacteriológico.

Dentre suas atribuições, está equipar e dirigir uma unidade do mesmo gênero no Maranhão, para onde viaja naquele mesmo ano. Lá, monta uma completa estrutura de pesquisa, além de transmitir, de forma prática, os ensinamentos experimentais em serviços de higiene pública de saúde adquiridos em Manguinhos.

Recebe o diagnóstico de tuberculose e regressa ao Rio, com a saúde já debilitada. Por orientação médica, se muda de forma definitiva com a esposa Maria Cândida Fonseca Dias e os filhos para Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde o clima seria ideal para o controle da doença.

Depois de um ano instalado na capital mineira e apresentando expressiva melhora, Ezequiel recebe de Cruz o convite para dirigir a primeira filial do Instituto em Minas Gerais. Nascida da visão progressista dos primeiros anos da República, Belo Horizonte era beneficiada pela rápida expansão da economia agrícola e da pecuária no estado. No entanto, os mesmos motores que traziam a modernidade traziam também pragas agrícolas e moléstias humanas e animais desconhecidas até então. Em 1907, é inaugurado o Instituto Filial de Manguinhos, onde hoje funciona a biblioteca pública do Estado. O casarão situado à Rua da Bahia fora adaptado pelo o arquiteto português Luís de Morais, o mesmo que projetou o Castelo Mourisco, no Rio de Janeiro.

Não só o Instituto como também a casa de Ezequiel se tornam o berço de florescimento científico da capital mineira. Às quintas-feiras, o cientista promove serões para médicos e naturalistas, que se reúnem em sua casa ou na biblioteca da filial para discutir artigos nacionais e estrangeiros. Documentos da época dão conta de que foi nestas reuniões que nasceu e se concretizou o projeto da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, fundada em 1911 e, hoje, vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A implementação da cadeira da bacteriologia foi acompanhada de perto por Ezequiel, que também trabalharia como professor do curso nos anos que se seguiriam.

À frente da filial do IOC, Ezequiel coordena inúmeras pesquisas e análises relacionadas a problemas rurais como escorpiões, febre aftosa, piobacilose (peste dos pulmões) e doença de Chagas. Comanda, ainda, a produção de soros e vacinas, como o antidiftérico e a antivariólica. Em 1918, através de uma parceria com o governo de Minas e o Instituto Butantan, de São Paulo, inaugura o Posto Antiofídico na Filial. O serviço era responsável por receber espécimes de cobras encontradas por fazendeiros para retirar o veneno, que seria encaminhado ao Butantan para a produção de soro antiofídico. Acompanha, ainda, Carlos Chagas em suas viagens a Lassance, interior do estado, ocasião em que desenvolve estudos sobre os aspectos hematológicos da doença de Chagas.

Em 22 de outubro de 1922, após longa e penosa luta contra a tuberculose, Ezequiel morre. Uma década depois, o Instituto é transferido para o governo estadual e passa a se chamar Fundação Ezequiel Dias (Funed), uma forma de eternizar a inestimável contribuição ao desenvolvimento da Ciência e da Saúde em Minas Gerais. Mas seu legado seria perpetuado, também, pela geração de cientistas que o tiveram como mestre e pelos seus próprios herdeiros. Emmanuel, que tinha apenas 14 anos quando Ezequiel morreu, viria a se tornar um dos maiores nomes na luta contra a doença de Chagas no mundo.

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