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Rio sedia congresso mundial sobre doenças tropicais negligenciadas

Cientistas de 59 países participam de encontro sobre agravos que afetam 1/6 da população mundial. Organização aguarda duas mil pessoas a partir do próximo domingo (23/09)

::Veja os destaques da programação do XVIII CIMTM::
::Conheça as principais doenças tropicais negligenciadas::

Cerca de um bilhão de pessoas no mundo são afetadas por doenças tropicais negligenciadas, como malária, doença de Chagas e doença do sono, leishmanioses, esquistossomose e dengue. Estes temas são o foco do XVIII Congresso Internacional de Medicina Tropical e Malária, que reúne dois mil cientistas de 59 países de 23 a 27 de setembro de 2012, no Rio de Janeiro. O evento é promovido pela Federação Internacional de Medicina Tropical (IFMT) e pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), que contam com a Fiocruz, através do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), como parceira na organização.

Serão discutidos os estudos de vacinas candidatas contra malária e a resistência do parasito às drogas contra a doença; a busca de uma vacina contra a Aids; o impacto das mudanças climáticas sobre a transmissão das doenças tropicais; a busca da origem dos parasitas desde a era dos dinossauros até a atualidade; a chegada da leishmaniose às grandes cidades, como Manaus e Madri, na Espanha; o impacto global das gastroenterites e rotavírus; infecções associadas à Aids; e dispersão mundial da doença de Chagas.

Alguns destaques do Congresso, que teve sua primeira edição realizada em 1913, incluem a presença de Stanley Plotkin, cientista que desenvolveu a vacina contra a rubéola de uso padrão mundial e que atua na elaboração de vacinas para antraz e raiva; Scherif Zaki, chefe do Departamento de Patologia de Doenças Infecciosas do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, que atuou diretamente no controle dos surtos de Ebola (na África, entre 1995 e 2002) e Vírus do Oeste do Nilo (nos Estados Unidos, em 2000 e 2002), além de ter trabalhado como consultor no controle de suspeitas de antraz em 2001; Jorge Alvar, representante da OMS, que apresentará as iniciativas do organismo internacional para controle das doenças negligenciadas; Pedro Garbes Netto, que mostrará o estágio de desenvolvimento de vacinas contra a dengue; e Julio Urbina, pesquisador que abordará as novas drogas para o tratamento da doença de Chagas.

O evento inclui a realização simultânea do XLVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, as Reuniões de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas (28ª) e em Leishmanioses (16ª) e o III Congresso Latino Americano em Medicina de Viagem.

Brasil como protagonista

O evento tem significado especial por acontecer no Brasil. “Estamos em uma fase de transição. Há 20 anos, as doenças infecciosas eram a primeira causa de morte no país. Atualmente, ocupam a terceira colocação, atrás de doenças cardiovasculares e câncer”, contextualiza o presidente do Congresso e chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC, José Rodrigues Coura, que também é um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).

Coura reforça as consequências da globalização na disseminação de doenças. “Antes, cada país se limitava aos seus problemas. O cenário mudou. A doença de Chagas, por exemplo, era um problema restrito à América Latina. Hoje, com as viagens frequentes, tornou-se uma preocupação em países como Espanha e Estados Unidos”, explica o renomado especialista em doenças tropicais.

Para o presidente da Comissão Científica do evento e chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, a realização do congresso no Brasil é oportuna. “Nossa população sofre com várias doenças tropicais, como malária, leishmanioses, doença de Chagas, esquistossomose e hanseníase, e também com agravos que igualmente afetam a população do Hemisfério Norte, como a Aids e a tuberculose. Mas não é só isso: o fato do Brasil ser um dos dois únicos países (juntamente com a Holanda) a abrigar duas vezes o congresso diz algo sobre nosso protagonismo em pesquisa”, enfatiza o especialista, informando que a sétima edição do evento, em 1963, também foi sediada no Rio de Janeiro. Claudio será o primeiro brasileiro a assumir a presidência da Federação Mundial de Medicina Tropical para o período de 2012 a 2016, em cerimônia a ser realizada durante o congresso.

A possibilidade de reunir estudantes com especialistas e o desafio de construir um programa científico que contemplasse a diversidade dos temas abordados também são aspectos pontuados pelo pesquisador. “Com o aumento do apoio à ciência e tecnologia no nosso País, é cada vez maior a participação de estudantes e jovens profissionais em Congressos Científicos. Esperamos encher as plenárias e tê-los numerosos nas sessões de apresentação de trabalhos, dividindo o espaço com colegas e estudantes de quase 60 países”, conclui o especialista.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Carlos Henrique Nery Costa, será possível fazer uma abordagem decisiva e profunda sobre a saúde e a integração dos trópicos, através de debates com cientistas dedicados ao tema. "A expectativa é que além dos resultados científicos, o congresso também produza documentos atualizados produzidos por especialistas do Brasil, e de outros países. Este intercâmbio é fundamental. Esse é o maior congresso da Medicina Tropical já ocorrido no Brasil", afirmou.

Carta do Rio
No encerramento do congresso, os cientistas reunidos publicarão a Carta do Rio, documento com recomendações sobre o tema das doenças tropicais negligenciadas para organismos internacionais, governos e agências financiadoras.

 

21/09/2012
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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