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Pesquisadores debatem a resistência às drogas antimaláricas

Especialistas abordaram temas relacionados à resistência do Plasmodium falciparum e do Plasmodium vivax a artemisininas, grupo de drogas que até então agia de forma eficaz contra os parasitos

Como o parasito responsável por causar malária se torna resistente aos medicamentos? Foi essa a questão que norteou a mesa-redonda “Malária: resistência às drogas”, realizada nesta segunda-feira, 24 de setembro, durante o XVIII Congresso Internacional de Medicina Tropical e Malária.

O Plasmodium falciparum consegue rapidamente sobreviver às drogas que são usadas atualmente. De acordo com pesquisadores, a proporção do número de casos está aumentando, uma vez que os parasitos não são mais eliminados com os medicamentos disponíveis. Grupo de drogas específicas, que até pouco tempo agiam contra o parasito, as artemisininas foram o tema de debate do Professor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG), Pedro Cravo. “Estudos indicam que estes parasitos têm apresentado resistência contra as drogas disponíveis. O objetivo da minha pesquisa é entender as mutações que ele sofre, a fim de adquirir resistência”, explicou.

Divulgação ICTMM

De acordo com pesquisadores, a proporção do número de casos está aumentando, uma vez que os parasitos não são mais eliminados com os medicamentos disponíveis

Já o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mariano Gustavo Zalis, debateu sobre o fenótipo e o genótipo da suscetibilidade dos derivados das artemisininas em cepas do Plasmodium falciparum. Zalis analisou as alterações genéticas deste Plasmodium em diferentes doses de artemether, éter de metilo derivado da artemisinina. De acordo com o especialista, com o estudo será possível identificar novos alvos moleculares, além de novas formas para evitar a malária. “Somente a análise de polimorfismos do gene não foi suficiente para verificar a associação com a suscetibilidade reduzida à antimalárica. Por outro lado, o número de cópias e a expressão de genes mostraram um aumento significativo, devido à resposta do fármaco in vitro”, destacou.

O professor de Infecções e Doenças Parasitárias da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e pesquisador da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, Franklin Simões de Santana Filho, apresentou a relação do Plasmodium vivax com a resistência às principais drogas consideradas padrão pelo Ministério da Saúde para tratamento da malária. Em Manaus, área do estudo, houve um aumento dos níveis de resistência parasitária entre 2000 e 2012. “A pesquisa acompanhou pacientes que foram submetidos adequadamente ao tratamento e constatou que de 5 a 10% das pessoas voltaram a adoecer”, explicou. “Esse resultado não está associado à nova infecção, apesar de eles estarem expostos, mas, sim, ao mesmo parasito, que não foi curado. Portanto, estes pacientes apresentaram resistência ao medicamento”, frisou.
 
A resistência à artemisinina no Plasmodium falciparum foi o tema de debate proposto por Rick Fairhust, presidente da Comissão Interamericana Molecular, Celular e de Imunoparasitologia da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene. Durante a pesquisa, realizada na província de Pursat, em Camboja, as contribuições genéticas do parasita e os fatores que levam o hospedeiro a adquirir resistência à artemisinina foram investigadas. “O estudo avaliou mais de três mil pacientes que procuraram tratamento para os sintomas da malária e os resultados comprovaram a resistência à artemisinina pelo Plasmodium falciparum. Este cenário pode comprometer a eficácia de todas as terapias de combinação à base dessa droga,” constatou Fairhust.


Manoela Andrade
26/09/2012
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