Publicada em: 01/10/2012 às 16:14 |
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Patologista relembra surtos históricos e alerta para o risco dos transplantes Considerado o “Dr. House” do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, Sherif Zaki falou sobre agentes infecciosos emergentes Para a 18ª edição do Congresso Internacional de Medicina Tropical e Malária, Sherif Zaki, um dos principais nomes do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, fez sua 10ª visita ao país. Egípcio radicado nos EUA e a serviço do governo americano desde 1988, Zaki vem aplicando seus conhecimentos em patologia experimental e molecular para solucionar surtos misteriosos ao redor do mundo. Durante a conferência “Patologia e epidemiologia de vírus emergentes”, ele relembrou sua atuação em casos históricos, como a identificação de um novo hantavírus nos EUA, em 1993, considerado “a nova peste negra”; controle do surto de Ebola na África, entre 1995 e 2002; descoberta da leptospirose na Nicarágua, em 1995; controle do antraz, nos EUA, em 2001; e da síndrome respiratória aguda grave (Sars), que atingiu países de todo o mundo em 2003. Atualmente, ele é diretor do setor de Patologia para Doenças Infecciosas na filial do CDC em Atlanta. Zaki relembrou sua primeira visita ao Brasil, em 1994. “Estava investigando o hantavírus e tive acesso a imagens da bactéria causadora da leptospirose no Instituto Adolpho Lutz, em São Paulo”, contou. Esta visita se revelaria fundamental em 1995, quando Zaki identificou a mesma cepa em vítimas de uma doença misteriosa na Nicarágua. “Falava-se muito de um novo hantavírus, mas eu já havia visto as imagens e pude reconhecê-la”, disse. Enquanto mutações, recombinações genéticas e a própria adaptabilidade de vírus e bactérias representam ameaça permanente à vida, para Zaki, são elas as partes mais interessantes do trabalho. “Você está sempre aprendendo algo novo, porque sempre há patógenos diferentes emergindo no cenário”, declarou.
Divulgação ICTMM
Zaki vem aplicando seus conhecimentos em patologia experimental e molecular para solucionar surtos misteriosos ao redor do mundo Conhecimento é maior defesa contra zoonoses Zaki também ressaltou a importância de manter uma articulação entre virologistas, patologistas, veterinários, médicos, pesquisadores e membros do poder público, de forma a identificar doenças emergentes antes que elas causem surtos ou epidemias. Promovido pelo CDC, o Projeto Mortes Inexplicáveis (Unexplained Deaths Project, em Inglês), coordenado por ele, recebe três mil amostras por ano, enviadas por laboratórios de todo o mundo incapazes de determinar a causa da morte do paciente. Apenas 30% são desvendadas. “Autópsias são fundamentais nesse sentido, principalmente em doadores de órgãos”, destacou. Zaki relatou alguns casos onde doenças como a raiva, febre do Oeste do Nilo, amebíase e coriomeningite linfocítica foram transmitidas aos pacientes após transplante de órgãos – sendo que muitos deles morreram. “É muita gente para pouco órgão. E se por um lado não há tempo para realizar autópsia antes de uma doação, ela deve ser feita após. A raiva, por exemplo, tem cura se a pessoa receber a vacina a tempo”, explicou. O médico participa, uma vez ao mês, do programa “Grandes Rodadas da Saúde Pública” (Public Health Grand Rounds), disponível online no site do CDC. São vídeos de uma hora de duração que, segundo o slogan, tentam “explicar o inexplicável” universo das doenças. Isadora Marinho 01/10/2012 |
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