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Instituto Oswaldo Cruz lança videoaulas sobre o Aedes aegypti

Baseado no conhecimento científico de especialistas, projeto disponibiliza gratuitamente na internet aulas sobre diversos aspectos do vetor da dengue

O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) acaba de lançar o projeto de videoaulas ‘Aedes aegypti – Introdução aos Aspectos Científicos do Vetor’ (disponível em www.ioc.fiocruz.br/auladengue). Pensado para ajudar a população a conhecer um pouco mais sobre o mosquito, a doença e seus impactos, a iniciativa apresenta, de forma simples e objetiva, informações capazes de contribuir também na rotina de diversos públicos, como professores, estudantes e profissionais de comunicação, tornando-os verdadeiros multiplicadores de conhecimento e colaborando para a prevenção da doença.

O projeto aborda assuntos variados, incluindo orientações sobre combate aos focos do mosquito, diferenças entre A. aegypti e pernilongo doméstico, informações sobre o vírus, a história do Aedes e como ele se espalhou pelo mundo, além de dados sobre o comportamento do mosquito, conhecido por sua característica oportunista. As vídeo-aulas são disponibilizadas em dez módulos temáticos, que podem ser assistidos separadamente ou em versão integral.

Idealizadora da iniciativa, a pesquisadora do IOC Denise Valle ressalta a importância da informação no caso da dengue. “Quando se leva em conta que 80% dos criadouros dos mosquitos estão dentro das casas das pessoas, fica fácil perceber que é praticamente impossível creditar ao poder público a responsabilidade exclusiva pelo controle da doença”, destaca a especialista, reforçando, ainda, que ‘prevenção’ é a palavra-chave.

Infográficos e animações tornam as vídeo-aulas mais dinâmicas e de mais fácil compreensão

“Para prevenir é preciso saber o que fazer, conhecer o que se quer prevenir. E é com esse objetivo que o projeto foi desenvolvido, reunindo especialistas e resultados de observações de várias instituições de pesquisa e ensino do país”, completa a coordenadora do projeto. “Queremos colocar em movimento o conhecimento da Ciência sobre o Aedes aegypti”, sintetiza. Ela destaca que as escolas são um dos focos centrais da iniciativa.

“Nós recebemos muitos pedidos de professores, que solicitam tanto materiais educativos quanto a presença de cientistas no ambiente escolar, como forma de sensibilizar os alunos. Esperamos que o projeto permita preencher esta lacuna. Optamos por uma linguagem audiovisual justamente para dialogar ainda melhor com esta necessidade”, Denise pontua. A iniciativa está sendo divulgada entre as Secretarias de Educação dos Estados com maior ocorrência de casos de dengue atualmente, disponibilizando o material online e também cartazes para escolas. “Novas parcerias são bem-vindas, de escolas públicas ou privadas. Basta entrar em contato por meio do site”, a pesquisadora acrescenta. 

O projeto realizado pelo IOC/Fiocruz é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, no âmbito do Projeto Desenvolvimento e Avaliação de Novas Tecnologias e Estratégias de Vigilância e Controle de A. aegypti no Brasil (Pronex-Rede Dengue) e conta com a colaboração de especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Federal de Sergipe.

Módulos temáticos

As vídeo-aulas são disponibilizadas em dez módulos temáticos, que podem ser assistidos separadamente, com duração entre 2 e 15 minutos cada, e também em versão integral. São eles: O Aedes e sua História; Biologia do Aedes; Criadouros e Hábitos; Aedes X Culex; Armadilhas: Vigilância ou Controle?; Estratégias de Controle do Vetor; Mitos e Verdades sobre Dengue; Campanha 10 Minutos Contra a Dengue; Mosquito X Vírus; e Novas Alternativas de Controle do Vetor.

Todos os vídeos estão disponíveis gratuitamentes no site do projeto, que contou com a colaboração de diversos especialistas no assunto

O ‘Módulo 1 - O Aedes e sua História’ esclarece que o mosquito é originário do Egito, na África, e vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta desde o século XVI, inicialmente por meio de navios que traficavam escravos. Com a ajuda de infográficos, os internautas têm, ainda, acesso exemplificado a mapas que mostram que, no Brasil, os primeiros relatos de dengue datam do final do século XIX, em Curitiba, no Paraná, e do início do século XX, em Niterói, no Rio de Janeiro.

Por que, dentre tantos mosquitos que existem, o Aedes aegypti interessa? É com essa questão inquietante que tem início o ‘Módulo 2 - Biologia do Aedes’. O pesquisador Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Rafael Freitas  explica a importância do inseto do ponto de vista da saúde pública, os três componentes que envolvem a doença (o mosquito, o vírus e o homem, sendo o mosquito o mais fácil de ser controlado), e também o ciclo de vida do vetor, que abrange o ovo, a fase aquática (com as etapas de larva e pupa) e a fase adulta. O vídeo também aborda duas curiosidades apresentadas pelo biólogo Gabriel Sylvestre: só a fêmea do Aedes de alimenta de sangue e, ao se alimentar, ela pode sugar até duas vezes seu peso em sangue.

Você sabia que em apenas 10 minutos de contato com a água, ovos do mosquito Aedes, que podem ter sido colocados até um ano atrás, eclodem dando origem a larvas? Essa curiosidade é trazida pelo pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, José Bento Pereira Lima, no ‘Módulo 3 - Criadouros e Hábitos’. O vídeo também traz exemplificações de possíveis criadouros em ambiente doméstico com o especialista do IOC Ademir Martins e com a mestre em Biologia Parasitária Gabriela Azambuja Garcia e, ainda, como evitá-los, a partir de intervenções práticas na arquitetura de uma residência, como a construção correta do caimento de água em um ralo e como utilizar uma tela para evitar focos do mosquito em canaletas, com explicações da arquiteta e especialista em conforto ambiental para insetos da Fiocruz, Márcia Adegas. Informações sobre vôo, dispersão e locais preferenciais de repouso do mosquito também são apresentas pelos biólogos Luiz Paulo Brito e Priscila Viana Medeiros.

As principais diferenças entre o Aedes e o Culex, o pernilongo comum, são o destaque do ‘Módulo 4 - Aedes X Culex’, com o pesquisador José Bento Pereira Lima. Comportamento, coloração, criadouros e postura de ovos são algumas delas. O especialista explica, por exemplo, que o mosquito da dengue é diurno, enquanto o pernilongo comum é noturno. Porém, devido ao caráter oportunista do Aedes, ele pode aproveitar uma ocasião favorável à noite para se alimentar.

Os três principais tipos de controle do vetor Aedes aegypti – mecânico, biológico e químico – são apresentados no ‘Módulo 5 - Estratégias de Controle do Vetor’. A bióloga Luana Farnesi destaca que, com base na biologia do mosquito, a fase de mais fácil controle é a aquática, quando as larvas e pupas estão restritas a recipientes confinados. Já a pesquisadora do IOC Denise Valle explica dois fatores importantes sobre o controle químico: o primeiro é que é preciso entender o uso de inseticida como medida complementar de controle do vetor da dengue; e o segundo, que o fumacê é o controle de mosquitos adultos, recomendado apenas em situações particulares.

No ‘Módulo 6 - Armadilhas: Vigilância ou Controle?’, a entomologista Denise Valle esclarece o equívoco de considerar que armadilhas de captura de Aedes poderiam servir como forma de controle do mosquito. Ela menciona que as armadilhas são utilizadas oficialmente para fazer a vigilância de populações de mosquitos em determinada área, enquanto o controle deve ser feito pelo cidadão, checando semanalmente criadouros em suas residências.

Cravo da índia, uso de vitaminas e consumo de alho. Ao longo do ‘Módulo 7 - Mitos e Verdades sobre Dengue’, o pesquisador do IOC Ademir Martins comenta estes e outros mitos relacionados ao combate do Aedes aegypti. Ele também faz um alerta para o perigo de fórmulas que circulam na internet que garantem repelir o mosquito transmissor da dengue. Ademir também comenta o uso de repelentes, lembrando que essa é uma medida individual de proteção e destaca os cuidados que devem ser tomados. Ele ressalta, ainda, as diferenças entre repelente e inseticida.

No ‘Módulo 8 - 10 Minutos Contra a Dengue’, a pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz Denise Valle apresenta o projeto, seus antecedentes, conceito, justificativa científica e estratégia de implementação. A campanha foi criada com base nas características da biologia do mosquito Aedes aegypti: como o vetor leva de 7 a 10 dias para chegar de ovo à fase adulta, basta que a população verifique e elimine os criadouros de sua casa uma vez por semana. Assim, o A. aegypti não consegue completar seu ciclo de desenvolvimento até a fase adulta, capaz de transmitir a dengue. No vídeo, a especialista explica como deve ser feita a checagem semanal de criadouros e informa que através do site da campanha a população tem acesso gratuito ao checklist dos principais lugares onde o mosquito pode depositar seus ovos.

O pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marcos Sorgine explica as diferenças e semelhanças entre os quatro sorotipos de vírus da dengue no ‘Módulo 9 – Mosquito X Vírus’. Ele fala sobre a reação dos anticorpos aos sorotipos e desmistifica a relação entre o sorotipo e a gravidade da doença. Para isso, aborda a questão dos genótipos do vírus e destaca que, no que se refere ao agravamento do paciente, tão importante quanto o genótipo viral, são os fatores relacionados ao próprio indivíduo. O ciclo de transmissão da doença também é apresentado, esclarecendo sobre a relação entre mosquito infectado (com o vírus) e mosquito infectivo (capaz de transmitir o vírus).

Algumas das mais recentes alternativas de combate e controle à dengue são apresentadas no ‘Módulo 10 - Novas Alternativas de Controle do Vetor’, como o desenvolvimento de vacinas, de novos inseticidas e de alternativas inovadoras de controle do mosquito, como o projeto ‘Eliminar a Dengue: Desafio Brasil’. O pesquisador da Fiocruz Minas, Luciano Moreira, fala sobre o projeto que usa a bactéria Wolbachia para bloquear a transmissão do vírus dengue quando inserida no Aedes aegypti. Explica, ainda, que é uma iniciativa natural, pois a bactéria já é encontrada em cerca de 70% dos insetos do planeta, e autossustentável, uma vez que a fêmea infectada passa a Wolbachia para sua prole. Já o pesquisador da Universidade Federal de Sergipe Sócrates Cavalcanti explica a iniciativa de busca de novos agentes larvicidas para o controle da dengue.

 

Vinicius Ferreira
24/04/2013
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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