Publicada em: 08/11/2013 às 18:20 |
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Aposta no verde fluorescente Para desvendar como funciona uma etapa do processo de produção da vacina contra febre amarela, que dá certo há 70 anos, estudo recorre a uma recombinação genética usando o gene famoso por produzir cor vibrante :: Acesse o Caderno de resumos
Em todo o mundo, mais de 600 milhões de pessoas já foram vacinadas contra a febre amarela ao longo de cerca de 70 anos. O imunizante utilizado – chamado YF17D – é capaz de promover a mobilização de um amplo espectro do arsenal imune do corpo humano. Por ser considerada uma estratégia eficaz e segura, os cientistas investigam o uso da YF17D como ‘vetor’ pra novas vacinas: por técnicas de biotecnologia, a YF17D é utilizada como ‘base’ para, a partir de modificações genéticas, atuar na imunização para outros agravos. Por seu potencial de uso em outras situações, o conhecimento a fundo da vacina YF17D adquire relevância. Para produção do imunizante, é utilizado um vírus vivo da febre amarela, submetido a uma metodologia no qual é atenuado. Pelos métodos utilizados há décadas, este vírus é replicado em ovos de galinha, no pequeno embrião formado em seu interior. Apesar do conhecimento ser antigo, até hoje os mecanismos de replicação viral no ovo de galinha permanecem desconhecidos.
O desafio de preencher esta lacuna foi assumido recentemente pela biomédica Patrícia Carvalho de Sequeira, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Liderado pela pesquisadora Myrna Bonaldo, o Laboratório foi pioneiro no desenvolvimento de uma técnica inovadora, reconhecida internacionalmente, que permite produzir recombinações seguras e estáveis a partir da vacina YF17D. “Apesar de ser uma vacina bem estabelecida há anos, não existem estudos que descrevam o caminho de replicação do vírus no processo de inoculação em ovos de galinha. Estas respostas podem ser importantes para compreender a produção de imunidade”, descreve Patrícia. “Nosso objetivo é realizar a caracterização dos caminhos da replicação viral no ovo de galinha, num projeto em parceria com o Laboratório de Patologia do IOC”, apresenta Patrícia, ressaltando que o Brasil é o principal produtor mundial da vacina. O Laboratório de Patologia já estudava a dispersão da cepa vicinal YF17D em ovos embrionários. Nos resultados obtidos até o momento, no entanto, não havia sido possível chegar a resultados conclusivos. “Nossa estratégia será baseada em uma combinação do vírus vacinal com um gene que expressa a proteína GFP”, a pesquisadora detalha. Como a proteína tem a característica de emitir a cor verde fluorescente, a expectativa é de que será possível acompanhar visualmente os caminhos da replicação do vírus no ovo de galinha. Patrícia explica que, na etapa atual do projeto, o grupo conseguiu obter uma combinação geneticamente estável do vírus combinado. “Em seguida, vamos realizar experimentos em diversos modelos animais com foco em determinar o perfil de proliferação e dispersão do vírus”, a pesquisadora antecipa, acrescentando que estudos imunológicos também estão previstos.
07/11/2013 |
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