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No rastro de novos medicamentos

Na mesa redonda 'Bioquímica aplicada à Saúde', pesquisadores debateram sobre inibidores de enzimas inéditos e eficazes contra leucemia, diabetes e picadas de serpente

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Por trás de todo medicamento novo na prateleira de uma farmácia, existe a jornada longa e incerta de um cientista que pode durar, entre os primeiros achados e os últimos testes clínicos, cerca de dez anos, por exemplo. Intitulada ‘Bioquímica aplicada à Saúde’ e mediada pelo vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Hugo Caire de Castro Faria Neto, a segunda mesa redonda do I Simpósio Jovens Cientistas do IOC reuniu os mais recentes pesquisadores da Casa e seus achados sobre moléculas e compostos para o tratamento de doenças infecciosas, crônicas e autoimunes.

Tratamento para picada de cobras venenosas

Na palestra ‘A estrutura, dinâmica e atividade da DM43, uma proteína inibidora natural da metaloproteinase do plasma de Didelphis marsupialis por espectroscopia de RMN em solução e Simulação de Dinâmica Molecular’, o pesquisador Francisco Gomes Neto, do Laboratório de Toxinologia do IOC, liderado por Jonas Perales, apresentou o potencial da molécula DM43 para o tratamento de picadas de serpente venenosa. 

 Gutemberg Brito

 

 Francisco Gomes Neto, pesquisador do Laboratório de Toxinologia, apresentou o potencial da molécula DM43 para o tratamento de picadas de serpente venenosa

Esta proteína antiofídica é encontrada no plasma do gambá, um dos diversos animais marsupiais resistentes aos efeitos do envenenamento. “A DM43 é um excelente inibidor das hemorragias provocadas pela metaloproteinase, presente no veneno. Como a comunidade científica vem discutindo a possibilidade de dividir o tratamento antiofídico em duas etapas – administração intravenosa e tópica – podemos a partir desta proteína desenvolver soros e pomadas, por exemplo”, explicou Neto.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 420 mil pessoas são atacadas por serpentes venenosas a cada ano, das quais cerca de 20 mil morrem. Em determinados casos as lesões são tão graves que, quando o membro afetado não é amputado, pode ficar inutilizado. “No laboratório, estamos estudando a dinâmica molecular da DM43 com o objetivo de chegar a um inibidor peptídico. A ideia é montar, ainda, um banco de dados com as metaloproteinases e seus diversos inibidores, contribuindo com outras pesquisas do gênero”, concluiu.

Novos compostos para o tratamento da diabetes e leucemia

Já o pesquisador Rafael Ferreira Dantas, do Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos, liderado por Floriano Paes Silva Junior, apresentou seus estudos sobre glicosidases, enzimas que clivam a ligação entre carboidratos e outras macromoléculas. “Devido sua participação em diferentes vias metabólicas, as glicosidases tem sido avaliadas como alvos potenciais de fármacos para o tratamento de doenças, como diabetes, câncer e infecções virais”, explicou Rafael. O objetivo do projeto é identificar novos inibidores destas enzimas a partir de diferentes séries de 1H-1,2,3-triazólicos, uma classe de compostos que apresenta diversas atividades biológicas. Dentre as séries avaliadas até o momento, três delas se mostraram potentes inibidoras de glicosidases e serão estudadas mais detalhadamente em testes in vitro e in vivo. Os resultados obtidos com estas séries auxiliarão no desenho racional de novos compostos com maior potência e especificidade.

 Gutemberg Brito

 

 Já o pesquisador Rafael Ferreira Dantas, do Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos, atua na identificação de novos inibidores de glicosidases, enzimas que participam de diversos eventos biológicos importantes, tais como digestão, reprodução e inflamação

De acordo com Dantas, as atividades da equipe contemplaram, ainda, testes com a lapachona (composto extraído do ipê roxo, árvore cujo tronco tem substâncias com alto valor terapêutico), acarbose e miglitol. “A lapachona se mostrou eficaz contra a leucemia em testes de cultura de células. Precisamos, agora, testá-la em modelos experimentais da doença. Já a acarbose e o miglitol diminuíram, substancialmente, a hiperglicemia pós-refeições”, disse.


Isadora Marinho
08/11/2013
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