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Coleção Helmintológica: um século de ciência

Aliando valor histórico a modernidade, acervo reconhecido internacionalmente segue ativo, contribuindo para pesquisas científicas e para a preservação da biodiversidade



Um dos mais valiosos acervos biológicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) completa 100 anos em 2013, mantendo-se em plena atividade científica. A Coleção Helmintológica, iniciada pelos renomados pesquisadores José Gomes de Faria e Lauro Pereira Travassos no início do século XX, constitui o maior acervo do gênero na América Latina. Com mais de 37.500 lotes, o acervo tem amostras provenientes dos cinco continentes. Expoentes da ciência brasileira, como Oswaldo Cruz, Adolpho Lutz e Gaspar Viana, depositaram ali helmintos utilizados em seus estudos que ainda estão disponíveis até hoje para consulta e pesquisa. Modernizada do ponto de vista da estrutura e do gerenciamento de informações, a Coleção é também reconhecida como fiel depositária de amostra de componentes do patrimônio genético nacional pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

Os helmintos são causadores de muitas doenças, conhecidas vulgarmente como verminoses de humanos – como a esquistossomose, ascaridíase, teníase, cisticercose, filariose, entre outras – que podem ter sua ocorrência relacionada a condições precárias de higiene e de saneamento. A Coleção contempla, ainda, verminoses de interesse veterinário.

Por dentro da Coleção

Curador da Coleção desde 2007, o pesquisador do Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados (LHPV) do IOC, Marcelo Knoff, é responsável por administrar o funcionamento e garantir constantes melhorias para o espaço. O interesse de Knoff sobre helmintos vem desde a graduação, e continuou no estágio na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), seguindo-se na formação como mestre em Parasitologia Veterinária-Medicina Veterinária (UFRRJ) e como doutor em Biologia Parasitária (IOC). De acordo com o especialista, a importância principal da Coleção reside na preservação dos helmintos lá depositados, que são representantes da biodiversidade mundial. A maior parte dos estudos conduzidos com base nos espécimes do acervo é de caráter taxonômico, ou seja, inclui processos de identificação, descrição, nomenclatura e classificação.

 Gutemberg Brito

 

 Depósitos centenários passam por manutenção cotidiana

“Aqui existem helmintos depositados desde o início do século XX, totalizando 872 tipos, entre holótipos e parátipos, de espécies coletadas no Brasil e no exterior”, afirma. Enquanto os holótipos são utilizados como base para descrição de uma nova espécie, os parátipos são os espécimes semelhantes de um mesmo lote depositado. A cada ano, aproximadamente 250 novos lotes de helmintos são depositados, o que resulta em um grande fluxo de crescimento anual. Entre 2003 e 2012, 3.774 lotes foram depositados por pesquisadores do Brasil e 65 lotes foram recebidos de instituições do exterior.

Em dia com as tendências

O ambiente que abriga o acervo sofreu importantes mudanças ao longo de 2007 e 2008, por meio de suporte financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), obtido a partir de projeto desenvolvido pelas ex-curadoras Delir Corrêa Gomes Maués da Serra Freire, atual chefe do Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados do IOC, e Dely Noronha de Bragança Magalhães Pinto. Além de melhorias de infraestrutura, saíram as estantes e gavetas de madeira do início do século XX e entraram em cena modernos armários deslizantes de aço. O espaço é suficiente para comportar os atuais itens da Coleção, depositados ao longo de um século, e ainda abrigar os depósitos a serem realizados nos próximos 100 anos.

O gerenciamento de dados do acervo também foi modernizado: as tradicionais fichas catalográficas ganharam o mundo virtual. Segundo o curador, apostar em tecnologia favorece a pesquisa virtual dos itens da Coleção, procurada por pesquisadores do Brasil e do exterior. “Concluímos a digitalização, iniciada em 2003, das fichas de todos os helmintos depositados. Hoje, as informações estão disponíveis online para consulta de forma gratuita”, salienta.

 Gutemberg Brito

 

As fichas catalográficas ganharam versão digital, ampliando o acesso aos dados do acervo

Serviços oferecidos

Atualmente, o cuidado da Coleção Helmintológica é responsabilidade de uma equipe zelosa, formada por pesquisadores, técnicos e bolsistas que atuam em atividades de preservação e de atualização de dados. As amostras estão preservadas em lâminas ou acondicionadas em frascos, em meio líquido (álcool, formol, entre outros). Devido à evaporação do líquido e aos processos comuns de deterioração dos recipientes, é preciso fazer manutenção regularmente. A equipe também acompanha visitas e consultas ao acervo, a partir de solicitações de cientistas de diversas instituições. “Essas visitas são programadas, geralmente com um mês de antecedência, tanto para finalidade de pesquisa quanto para conhecer a Coleção”, afirma Marcelo.

 Gutemberg Brito

 

 Lâminas servem de base para a visualização de helmintos em recorte

Além dos depósitos, o empréstimo de espécimes é um dos principais serviços prestados. Em geral, o serviço é procurado por pesquisadores em busca de um item específico, com base no nome da espécie e numeração no acervo. “Muitas vezes, pesquisadores solicitam empréstimos dos helmintos para comparar as suas estruturas morfológicas e a morfometria com as espécies por eles encontradas”, contou Marcelo.

De 2003 a 2012, foram realizados 2.519 empréstimos em território nacional e 673 itens serviram de base para pesquisas fora do país. No Brasil, além dos Laboratórios do IOC, as instituições que mais solicitaram serviços da Coleção foram a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Estadual de Maringá. A Coleção disponibiliza empréstimos para pesquisadores de qualquer parte do mundo, desde que estejam vinculados a uma instituição. Entre os países que já solicitaram empréstimos de helmintos da Coleção estão Argentina, Estados Unidos, México, Itália, França, Bélgica, Suíça e Cuba.

 

Lucas Rocha
09/12/2013
Autorizada a reprodução sem fins lucrativos desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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