Publicada em: 25/03/2014 às 12:31 |
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Leônidas Deane: um legado de inspiração para a ciência Sessão Especial do Centro de Estudos lembrou o centenário do parasitologista. Exposição, que reúne acervo de objetos pessoais, fotografias, caricaturas, ilustrações científicas, que pertenciam ao pesquisador, fica disponível até abril :: Leônidas Deane: uma vida dedicada à ciência Cerimônia de abertura Dando início à jornada, Wilson Savino ressaltou a importância de manter viva a memória de grandes cientistas brasileiros: “Hoje é um dia muito importante para o IOC, onde se festeja e resgata a memória da ciência brasileira, trazendo à luz a recordação do grande cientista que foi o Leônidas Deane”, disse Savino.
Gutemberg Brito
Para o diretor do IOC, Wilson Savino, é fundamental resgatar a memória de grandes cientistas Para Ricardo Lourenço, promover um evento para lembrar o emblemático cientista não foi uma tarefa fácil: “Foi uma grande responsabilidade ter que resumir uma vida inteira de dedicação à ciência. Fui um dos únicos que conviveu com o Dr. Deane em seus últimos dias. Ele soube fazer escola e conquistou muitas pessoas com seu entusiasmo e modéstia”, afirmou o pesquisador. Coube ao pesquisador José Rodrigues Coura narrar a trajetória do cientista no Instituto, onde permaneceu por dez anos como chefe do Departamento de Entomologia. Visivelmente emocionado, Coura enalteceu a falta que o cientista faz: “Quando recebi por telefone a notícia do falecimento de Leônidas, uma enorme sensação de perda apoderou-se da minha mente e do meu ser inteiro. Se o céu existe, Leônidas Deane certamente está lá e, se Deus o chamou, é porque precisava de um grande ministro e conselheiro. Felizes aqueles que tiveram um mestre como Leônidas Deane”, finalizou.
Em seguida, um registro histórico de Leônidas Deane discursando no Palácio do Planalto, em frente ao ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, deu o tom dos comentários do Presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, que consagrou a tarde dedicada à memória dos feitos do pesquisador. Segundo o presidente, Deane traduziu a proximidade do sociólogo com o cientista. “Deane expressou, ao longo da vida, um tipo de formação de pensamento que é quase constituinte dessa instituição. A ideia de que a pesquisa deve ser voltada para a resolução de problemas, alvo daquilo que é relevante para a sociedade e para a saúde. Outra característica é o pensar nacional, refletida na trajetória de um pesquisador que sai de Belém e se envolve em um processo de exploração do que seriam grandes serviços nacionais”, destacou.
A segunda palestra da tarde, apresentada pelo pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Urbano Ferreira, trouxe o foco das discussões para a malária, uma doença negligenciada que prevalece em condições de pobreza e contribui para a manutenção do quadro de desigualdade. Segundo o pesquisador, a espécie de parasita causador da doença predominante no Brasil, Plasmodium vivax, está concentrada na região amazônica. Em seu trabalho, Marcelo descreve a epidemiologia da malária em um assentamento agrícola de fronteira na Amazônia brasileira. A base da pesquisa está na análise da transmissão da doença de acordo com características do indivíduo afetado como gênero, idade e tipo de moradia. “De 1970 a 1990 os casos de malária tiveram explosão no Brasil, o grande fator foi a ocupação da Amazônia, com obras e projetos de colonização do espaço. De lá pra cá muita coisa mudou, morre-se pouco de malária no Brasil, mas ainda é preciso manter atenção sobre a doença”, afirmou. Fechando o ciclo de ideias e homenagens, o parasitologista Erney Camargo da USP resgatou uma versão mais intimista de Leônidas Deane. O pesquisador ainda era estagiário da faculdade de Medicina da USP quando se conheceram em 1954. Entre a descrição de pesquisas com protozoários e histórias de convivência, a palestra de Erney descontraiu a plateia. “Deane sempre se preocupou com os tripanossomas, mas nunca fugimos da responsabilidade social daquilo que estudávamos. Sempre relacionávamos os nossos estudos a enfermidades com grande impacto social como a doença de Chagas e a malária”, finalizou.
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