Publicada em: 30/06/2014 às 17:00 |
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A batalha dos vírus Mecanismo identificado por pesquisadores do IOC pode explicar por que pacientes com HIV apresentam sintomas leves após infecção por H1N1
Gutemberg Brito
Segundo Thiago Moreno, mecanismo identificado na coinfecção HIV-H1N1 pode ser explorado na busca de novos tratamentos contra a gripe “A pesquisa começou ainda durante a pandemia. Diversos grupos de risco, como pacientes com câncer e transplantados, eram afetados de forma mais grave pelo H1N1, enquanto, surpreendentemente, os indivíduos com HIV tinham desfechos clínicos similares aos da população em geral. Decidimos investigar as bases moleculares para esse fenômeno e conseguimos demonstrar pelo menos um dos mecanismos envolvidos nessa evolução diferenciada da doença”, afirma o autor principal do estudo, Thiago Moreno, pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC.
O pesquisador explica que o HIV e o H1N1 podem ‘conviver’ no aparelho respiratório. Quando ocorre a gripe, aumenta o número de células de defesa no pulmão. Entre elas, são encontrados macrófagos, que carregam o HIV e também podem ser infectados pelo H1N1. Além disso, partículas do vírus da Aids e subprodutos dele atingem a superfície do epitélio pulmonar, onde ocorre a multiplicação dos vírus da gripe. O estudo apontou que o contato de uma única molécula da superfície do HIV – a proteína gp120 – com as células infectadas pelo H1N1 já é suficiente para bloquear o ciclo de replicação deste último vírus. Além disso, a infecção simultânea pelos dois patógenos reduz a liberação de substâncias envolvidas na resposta inflamatória exacerbada, que causa o agravamento de quadros de gripe. “Ao infectar os macrófagos, o Influenza pode induzir uma reação exagerada do sistema imune, que é danosa para o organismo. Mas nas células já infectadas pelo HIV, a capacidade de o vírus da gripe induzir a resposta pró-inflamatória é reduzida”, esclarece Thiago.
Os fenômenos observados em ensaios in vitro – realizados em culturas de células – foram confirmados em análises de amostras do trato respiratório de pacientes, o que, segundo o virologista, reforça a consistência dos resultados. O estudo foi realizado por pesquisadores do Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo em parceria com cientistas do Laboratório de Pesquisa sobre o Timo do IOC.
Maíra Menezes |
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