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Integração em neurociência

Com participação da Fiocruz, encontro Neuro Sur III reuniu representantes de instituições do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile para discutir estratégias de cooperação

Realizado pela primeira vez no Brasil, o encontro Neuro Sur reuniu pesquisadores e diretores de sete instituições do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile para discutir possibilidades de colaborações na área de neurociência. O encerramento do evento ocorreu na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no dia 07 de novembro. Entre as propostas que devem ser implementadas para aproximar os países estão a realização de, pelo menos, um encontro científico em 2015 e ações visando a estimular o intercâmbio de estudantes e pesquisadores. “A colaboração internacional faz parte da estratégia da Fiocruz para expandir sua atuação na área da neurociência. Em uma relação norte-sul, já temos parcerias com França, Inglaterra, Espanha e Estados Unidos. Agora, trabalhamos também para estreitar a cooperação com diferentes países da América do Sul”, afirmou o diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e coordenador do Programa Fiocruz de Neurociência (FioNeuro), Wilson Savino.

Foto: Gutemberg Brito

Para os participantes do Neuro Sur, conhecer as pesquisas em neurociência desenvolvidas nos diferentes países do Cone Sul é o primeiro passo para estabelecer parcerias

A iniciativa da Fiocruz para criar um programa dedicado à neurociência foi apresentada no encontro. Segundo Savino, já existem estudos ligados à neurociência na Fiocruz, especialmente em interações com doenças infecciosas e inflamação. “A atuação da Fiocruz na área da neurociência atende a uma demanda do Ministério da Saúde, que considera as pesquisas sobre o tema fundamentais devido ao envelhecimento da população brasileira e ao aumento da incidência de doenças neurológicas e psiquiátricas”, ressaltou.

O Chile, por exemplo, já possui, desde 2011, um centro de pesquisas em neurociência: o Instituto de Neurociência Biomédica (BNI), criado a partir da Iniciativa Científica do Milênio do Ministério da Economia, Desenvolvimento e Turismo do país. Segundo o diretor do BNI, Andrés Couve, o órgão reúne 11 pesquisadores titulares e cerca de 200 colaboradores, incluindo estudantes de pós-graduação. As linhas de pesquisa vão desde estudos de funções intracelulares dos neurônios até a análise da atividade cerebral diante de estímulos complexos.

Segundo Andrés, mesmo antes da fundação do Instituto, muitos pesquisadores já trabalhavam com parcerias internacionais, mas as cooperações dentro da América do Sul eram escassas. Por isso, foi desenvolvida a iniciativa Neuro Sur. “Uma das dificuldades para a colaboração é o fato de que os cientistas dos diferentes países não conhecem as pesquisas desenvolvidas nos demais. Para nos aproximar, começamos com um encontro em Montevidéu, em 2012. Depois, fomos a Buenos Aires, em 2013. E este ano, viemos para o Brasil. Não foi fácil organizar estes eventos, mas já temos algumas conquistas, como publicações e o desenvolvimento de plataformas tecnológicas em conjunto”, contou.

Possibilidades de financiamento
A parceria regional também foi considerada estratégica pelo diretor do Instituto de Pesquisa em Biomedicina de Buenos Aires - Instituto Max Planck Argentina (IBioBA-MPSP), Eduardo Arzt. O centro de pesquisa foi fundado em 2007, por meio de um acordo entre o governo argentino e a Sociedade Max Planck, da Alemanha. Segundo Arzt, cerca de 120 pessoas trabalham na unidade, que ainda opera com apenas 60% de sua capacidade e deve expandir seus quadros nos próximos anos. “Temos interesse em atrair pesquisadores de fora da Argentina e internacionalizar nosso Instituto”, disse ele.

Além de apresentar o panorama das pesquisas em neurociência no país, Arzt abordou as possibilidades de financiamento de projetos de colaboração regionais por meio do Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (Focem). Ele lembrou que, em 2011, o Focem aprovou de forma inédita um financiamento de US$ 10 milhões para a integração científica da região por meio do projeto ‘Pesquisa, Educação e Biotecnologia Aplicadas à Saúde’, parceria entre o IBioBA-MPSP, a Fiocruz, o Instituto Pasteur de Montevidéu (no Uruguai) e três centros de pesquisa do Paraguai. “Doenças crônicas e do envelhecimento estão no foco deste projeto. Queremos gerar conhecimento integrado e formar recursos humanos, além de investir em biotecnologia. Tudo isso contribui para a competitividade econômica da região”, ressaltou.

O encontro Neuro Sur III reuniu ainda representantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Instituto Pasteur de Montevidéu. Em 2015, a expectativa é que o encontro seja realizado no Chile, segundo Andrés Couve. “As três primeiras reuniões tiveram um caráter estratégico, para conhecermos os neurocientistas do Cone Sul e avaliarmos as possibilidades de parceria. No próximo ano, queremos reunir estes pesquisadores e outros indicados por eles em um evento científico, no qual poderemos discutir as nossas pesquisas e aprofundar as colaborações”, explicou o líder da iniciativa.

Savino acrescentou que o intercâmbio de estudantes e pesquisadores também deve ser um caminho para aumentar a cooperação regional. “Em princípio, queremos estabelecer cursos de curta duração para estimular a mobilidade. No futuro, essa estratégia também pode evoluir para uma ação permanente, como um programa de pós-graduação internacional”, concluiu o diretor do IOC.


Maíra Menezes
12/11/2014
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