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Microscopia Eletrônica: avanços e desafios

Cerca de cem participantes se reuniram em workshop promovido pelo IOC. O histórico sobre o tema, os desafios e as novas tecnologias da área foram apresentados por especialistas de diversas instituições brasileiras

Pesquisadores, estudantes e técnicos se reuniram no campus da Fiocruz, em Manguinhos, para o ‘I Workshop de Microscopia Eletrônica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)’. Realizado na última quinta-feira, 13 de novembro, pela Plataforma de Microscopia Eletrônica Rudolf Barth do Instituto, com o apoio do Departamento de Apoio Técnico e Tecnológico (DATT/IOC), o encontro contou com conferências, palestras técnicas e mesas-redondas sobre a integração, o panorama atual e as novas tecnologias da área.

Participaram da abertura do evento, o diretor do IOC, Wilson Savino, a pesquisadora do Laboratório de Biologia Estrutural do IOC e coordenadora da Plataforma Rudolf Barth, Suzana Côrte-Real Faria; e a coordenadora do Departamento de Apoio Técnico e Tecnológico (DATT/IOC), Thereza Christina Benévolo de Andrade. Na ocasião, Savino lembrou a importância da microscopia eletrônica para o fazer científico. “Sou histologista de formação e tenho uma relação muito próxima com o tema do workshop, pois parte significativa da minha tese de mestrado foi feita a partir desta tecnologia. É fundamental discutir esse assunto, uma vez que o estudo e aprofundamento em diversas áreas do conhecimento são possíveis por meio dessa ferramenta”, destacou o diretor. “Realizar este debate sobre as diversas modalidades da microscopia é motivo de orgulho para nós, pois trata-se de um tema de grande importância para a pesquisa científica”, completou Suzana.

 Lucas Rocha

 

Wilson Savino, Suzana Côrte-Real Faria e Thereza Christina Benévolo de Andrade na abertura do encontro que apresentou o histórico sobre o tema, os desafios e as novas tecnologias da área

Avanços

Para discutir sobre os avanços da Microscopia Eletrônica no Brasil, o professor do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF-UFRJ), Kildare Miranda, apresentou as técnicas que prometem ampliar a capacidade de trabalho da microscopia. “Os ganhos mais significativos dos últimos anos foram na área de visualização tridimensional e resolução, ou seja, a qualidade com a qual é possível observar o material. Os maiores desafios ainda são o treinamento de pessoas para a utilização dos equipamentos e a aquisição das novas ferramentas”, explicou. Durante a palestra, Kildare introduziu o conceito de super-resolução, que tende a marcar a evolução desse campo. “A super-resolução é um grande passo, e pode ser entendida como se fosse uma cirurgia corretiva para a catarata. Ela atinge uma faixa de resolução que é exatamente do tamanho de algumas estruturas que sabemos que existe, porém só podemos estudar de forma estática por microscopia eletrônica. A partir disso, podendo utilizar marcadores específicos e observar isso em vivo, é um novo mundo que se abre”.

Histórico

As pesquisadoras Suzana Côrte-Real Faria, coordenadora da Plataforma Rudolf Barth e Monika Barth, do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral, promoveram um resgate histórico do tema no Instituto. Os primeiros passos da Microscopia Eletrônica no Brasil aconteceram em 1947, a partir de uma exposição da empresa norte-americana RCA, realizada no Rio de Janeiro. Após o evento, o Instituto, juntamente com o Laboratório de Perícia da Polícia Técnica do Rio, foi uma das primeiras instituições a contar com o equipamento no país. “Recebemos um microscópio eletrônico, EMU-2C, instalado no andar térreo do Castelo. O aparelho viria a ser operado pelo engenheiro físico Hans-Muth”, afirmou Monika.

Na década de 70, foi criado o primeiro Centro de Microscopia Eletrônica do IOC. Na ocasião, o governo alemão, através do Instituto Bernhard-Nocht de Medicina Tropical (BNI), firmou um convênio de cooperação técnico-científica com o Ministério da Saúde que incluía a doação de equipamentos e o treinamento de equipe técnica do IOC. Um dos articuladores da iniciativa foi Rudolf Barth, cientista que participou das atividades realizadas com os primeiros modelos de microscópio eletrônico trazidos ao Brasil.

 Rodrigo Méxas

 Monika Barth acompanhou as principais mudanças da Microscopia Eletrônica no IOC


Como parte dos profissionais que receberam o treinamento através da parceria com o instituto alemão, Suzana Côrte-Real Faria contextualizou a formação da Plataforma de Microscopia Eletrônica Rudolf Barth no IOC que, hoje, atende a laboratórios do IOC e oferece suporte a instituições de ensino e pesquisa de todo o país. “A Plataforma surgiu de um esforço conjunto com a Direção visando agrupar microscópios que ficavam em pavilhões diferentes. Na época, havia uma necessidade de concentrá-los em um espaço unificado. Curiosamente, a plataforma foi implantada no mesmo local onde ficava o Centro de Microscopia Eletrônica, devido às condições adequadas do ambiente”, explicou.

Microscopia e pesquisa biológica

As aplicações da Microscopia Eletrônica na pesquisa biológica foram tema da segunda mesa-redonda do evento. O pesquisador do Laboratório de Biologia Celular do IOC Rubem Menna-Barreto apresentou resultados de um trabalho que mostram que a técnica pode permitir aplicações que vão além da descrição da morfologia de uma célula. “Nosso estudo, que também engloba a interação parasito-célula hospedeira, mostrou que a microscopia é um instrumento preciso para a avaliação dos efeitos que uma droga pode ter sobre as células. Uma vez que essa técnica permite visualizar as estruturas celulares, podemos caracterizar a atuação específica de uma droga sobre elas”, explicou.

Já Antonio Henrique Moraes Neto, pesquisador do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos, expôs a importância do uso da ultraestrutura para o conhecimento da taxonomia e da morfologia dos principais helmintos de interesse médico e veterinário. Do Laboratório de Transmissores de Leishmanioses, a pesquisadora Jacenir Mallet introduziu como a Microscopia Eletrônica pode auxiliar a pesquisa com insetos. “Essa ferramenta é útil quando trabalhamos na diferenciação de espécies crípticas, aquele grupo de espécies morfologicamente idênticas mas geneticamente distintas, algumas caracterizações são possíveis apenas no nível microscópico. Estudos morfológicos, descrições taxonômicas e descrição de estágios de formação dos insetos também são importantes atividades relacionadas à microscopia eletrônica”, ressaltou Jacenir.

Destaques

As empresas JEOL Brasil, fornecedora de microscópios eletrônicos e instrumentação científica, e Zeiss, voltada para tecnologias das indústrias ótica, mecânica de precisão e sistemas de visualização eletrônica, apresentaram palestras técnicas, mostrando inovações e tendências de mercado. Com foco no desenvolvimento de pesquisas, o especialista do Laboratório de Biologia Celular do Instituto Carlos Chagas (Fiocruz-Paraná) Maurílio José Soares ministrou a palestra ‘Microscopia como ferramenta no estudo da endocitose em Trypanosoma cruzi’. Já a pesquisadora Monika Barth e a pós-graduanda do Laboratório de Biologia Estrutural do IOC, Camila Guerra, apresentaram resultados de estudos na mesa-redonda ‘Interação patógeno-célula hospedeira’.

Lucas Rocha
14/11/2014
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