Publicada em: 17/11/2014 às 09:52
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Vigilância ativa contra rotavírus
Jornalismo

Grupo técnico da OMS se reúne no Rio de Janeiro para debater situação atual da doença que é a principal causa de mortes por diarreia aguda em crianças menores de cinco anos no mundo

Especialistas em rotavírus que integram o grupo técnico de trabalho da Organização Mundial da Saúde (OMS) se reuniram nos dias 17 e 18 de novembro no Rio de Janeiro para discutir o panorama atual da doença, que é a causa mais frequente de hospitalizações e mortes por diarreia aguda em crianças menores de cinco anos no mundo. Formado por cerca de 20 especialistas dos cinco continentes, o objetivo do encontro é debater sobre o impacto dos programas de vacinação, os genótipos de rotavírus mais frequentes e as estratégias para o monitoramento dos casos. Representante da América Latina no grupo técnico, o pesquisador do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz (LVCA-IOC/Fiocruz), José Paulo Gagliardi Leite, explica que a imunização reduziu o número de internações e mortes por diarreia nos países onde foi implantada, mas a vigilância é fundamental para o sucesso da iniciativa. “É importante identificar os genótipos do vírus que estão circulando, pois, eventualmente, pode surgir um novo genótipo ou uma nova variante contra os quais a vacina não proteja adequadamente, podendo reduzir a sua eficácia”, afirma.

No Brasil, a vacinação para rotavírus foi incluída no Programa Nacional de Imunizações em março de 2006. Desde então, bebês entre dois e seis meses recebem duas doses do imunizante e ficam protegidos contra a infecção. Apenas nos três primeiros anos, a medida levou a uma redução de 22% nas mortes e de 17% nas internações provocadas por diarreia entre crianças menores de cinco anos. Os percentuais correspondem a cerca de 1.500 vidas salvas e 130 mil hospitalizações evitadas. “A vacina oral para rotavírus é oferecida gratuitamente nos postos de saúde de toda a rede pública. Esta imunização reduz os casos de diarreia aguda grave por rotavírus e representa uma enorme conquista social, pois além de salvar vidas, reduz o custo com hospitalizações e disponibiliza a rede pública para outros atendimentos”, avalia José Paulo.

No entanto, o sucesso da vacina não significa o fim dos casos de rotavírus no país ou mesmo no mundo. Segundo o virologista, os rotavírus nunca poderão ser erradicados porque infectam diversos hospedeiros, como aves e mamíferos. Assim, mesmo que toda a população humana seja vacinada, os vírus continuarão circulando em outras espécies. A aplicação da vacina também deve seguir a recomendação do Ministério da Saúde, respeitando a faixa etária das crianças, com a primeira dose aos dois meses e segunda aos quatro. José Paulo afirma que surtos de rotavírus ainda ocorrem no Brasil e precisam ser investigados. “Este ano, houve um surto que começou em Pernambuco e acabou em Porto Alegre, acometendo crianças e adultos. A vigilância epidemiológica e a vigilância laboratorial são fundamentais para o esclarecimento destes casos, pois há necessidade de investigar as condições sanitárias e, até mesmo, a possível emergência de novas linhagens do vírus em circulação”, esclarece.


Foto de capa: Monika Barth, Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral do IOC

Maíra Menezes
17/11/2014
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)


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