Publicada em: 19/11/2014 às 08:30 |
||||||
Tese do IOC vence prêmio promovido pelo MS Pesquisa de métodos para diagnóstico precoce da dengue foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical. Artigo sobre papel do colesterol na hanseníase recebeu menção honrosa Vencedora do ‘Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS’ de 2014, a pesquisa de doutorado da bióloga Monique da Rocha Queiroz Lima realizou uma ampla avaliação de diferentes marcas de testes capazes de diagnosticar a dengue logo nos primeiros dias da infecção. Defendida pelo Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a tese também apresentou inovações para melhorar a sensibilidade dos exames e para utilizá-los na confirmação de óbitos por dengue e na vigilância dos mosquitos Aedes aegypti, transmissores da doença. O resultado da premiação promovida pelo Ministério da Saúde foi anunciado no dia 12 de novembro durante o evento ‘Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde’, que reuniu cerca de 800 pesquisadores, representantes do setor produtivo e gestores de saúde, em Brasília. A entrega dos certificados foi realizada pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, e pelo o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta, Carlos Gadelha. “Foi emocionante receber este prêmio. É um reconhecimento por anos de dedicação, trabalhando na bancada e escrevendo. Além disso, confirma que a pesquisa foi importante para a sociedade”, diz Monique.
Foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde
Promovido pelo Ministério da Saúde, prêmio destaca mérito científico Além do primeiro lugar na categoria tese de doutorado, o IOC conquistou uma menção honrosa na premiação. Um artigo liderado por pesquisadores do Laboratório de Microbiologia Celular do Instituto foi destacado no grupo de trabalhos científicos publicados. O estudo mostrou que o acúmulo de colesterol nas células infectadas pelo Mycobacterium leprae contribui para a persistência da infecção causadora da hanseníase. Além disso, a pesquisa apontou que drogas de baixo custo disponíveis no mercado podem contribuir para o tratamento da doença. Investigação pioneira em dengue A investigação sobre os testes do antígeno NS1 foi iniciada por Monique ainda no mestrado. De acordo com Rita, os primeiros exames com esta abordagem chegaram ao Brasil entre 2007 e 2008, mas não havia estudos abrangentes sobre a eficácia deles no país. “Além da comparação entre as metodologias dos diferentes fabricantes, faltava uma avaliação sobre a sensibilidade dos testes para detectar os vírus da dengue presentes no Brasil”, conta a pesquisadora, ressaltando que, até 2010, o país tinha três sorotipos do patógeno circulando simultaneamente. Defendida em 2009, no mesmo programa de pós-graduação, a dissertação de Monique apresentou a primeira avaliação ampla dos exames no Brasil, apontando uma sensibilidade satisfatória para a detecção dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue. Inovação acessível A solução encontrada por Monique para o problema mostrou-se simples, econômica e eficiente: basta ferver as amostras de soro dos pacientes por cinco minutos antes da realização dos exames para aumentar a chance de diagnosticar a infecção. “O calor é capaz de dissociar os antígenos dos anticorpos, aumentando a quantidade de proteínas livres no soro. Com este procedimento, que pode ser realizado também em unidades básicas de saúde, a sensibilidade dos testes passou para mais de 70%”, afirma a autora.
Aplicações para a saúde pública Resultados da tese foram publicados em cinco artigos em revistas científicas. Rita ressalta que as informações auxiliam o Ministério da Saúde a definir estratégias para uso dos testes de captura do antígeno NS1. Atualmente, estes exames são utilizados em unidades de saúde chamadas de sentinela, que têm o papel de monitorar a ocorrência de casos da doença para orientar as políticas públicas. “Estes testes levam, em média, de 15 minutos a duas horas para apresentar o resultado. Além de ajudar na tomada de decisões para o manejo individual dos pacientes, esta rapidez é muito importante para a coletividade, pois permite mobilizar as equipes de controle do Aedes aegypti e reduzir a disseminação da doença”, destaca. A conquista do primeiro lugar na categoria tese de doutorado levou o Laboratório de Flavivírus do IOC a ser reconhecido pela segunda vez na premiação. Em 2007, um artigo que partiu de resultados da tese de doutorado de Flávia já tinha recebido menção honrosa na categoria trabalho científico publicado. “Produzir conhecimento científico que atenda às demandas do Ministério da Saúde e do país é uma preocupação constante do Laboratório. Por isso, ficamos muito satisfeitos com este reconhecimento”, declara Rita. Novas opções contra a hanseníase A pesquisa mostra que o micro-organismos causador da hanseníase altera o metabolismo do colesterol, levando ao acúmulo destas moléculas no interior das células infectadas. De acordo com os pesquisadores, esta é uma estratégia eficiente do M. leprae para obter lipídeos (moléculas gordurosas) que podem ser usados como fonte de energia e carbono. Uma vez que esta alteração metabólica favorece a sobrevivência do patógeno, o estudo aponta um caminho para potencializar o tratamento da hanseníase. O trabalho revela que a lovastatina – um medicamento de baixo custo amplamente utilizado para reduzir os níveis de colesterol no sangue – favorece a destruição do M. leprae nas células infectadas. Segundo os autores, os resultados indicam que medicamentos deste tipo poderiam ser usados como drogas adicionais contra a doença, reduzindo a duração da terapia e a frequência de casos em que a infecção volta a se manifestar mesmo após o tratamento completo. Sobre o prêmio Maíra Menezes |
||||||