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Dengue, chikungunya e zika: prevenção começa no inverno

Pesquisadores orientam sobre medidas semanais que podem combater a proliferação do Aedes aegypti e contribuir para um próximo verão sem epidemias. Eliminar, vedar e tratar são as palavras-chave

Com a chegada do inverno, muitas pessoas esquecem que um grande inimigo, apesar de seu tamanho milimétrico, ainda pode marcar presença no interior ou nos arredores do ambiente domiciliar. Com a missão de se alimentar de sangue para se acasalar e gerar outros milhares de descendentes, a fêmea do Aedes aegypti não desiste até encontrar uma vítima. Seja de dia, como se costume, ou até mesmo à noite, colocando em evidência sua característica oportunista de ser. Para evitar que o próximo verão seja marcado por epidemias ou surtos das doenças transmitidas por ele, que agora são três - dengue, chikungunya e zika -, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) recomendam atenção redobrada para a prevenção e reforçam: uma verificação no ambiente doméstico realizada semanalmente é capaz de prevenir as doenças. Para isso, ensinam três palavras-chave: eliminar, vedar ou tratar potenciais criadouros

Como o Aedes aegypti habita preferencialmente o ambiente doméstico, a atitude de cada cidadão é fundamental. “O mosquito vive junto ao homem, dentro de casa e também ao redor da residência, em quintais, varandas e áreas de serviço, por exemplo”, diz a pesquisadora Denise Valle, do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus. “Como o mosquito leva de 7 a 10 dias para chegar de ovo à fase adulta, basta que a população elimine os potenciais criadouros em suas casas uma vez por semana. Assim, o Aedes não consegue completar seu ciclo de desenvolvimento até a fase adulta, momento em que é capaz de transmitir os vírus”, explica.

Arte: Jefferson Mendes

 
A recomendação número um é eliminar os recipientes que possibilitem o acúmulo de água. Este é o caso de garrafas, pneus velhos, sucata, entulhos de obra ou outros elementos que possam ser descartados. Já para caixas d’água ou toneis destinados ao armazenamento de água de consumo, no caso de regiões que sofrem com problemas no abastecimento de água, a recomendação é vedar completamente. “A vedação é fundamental: assim, mosquitos não podem entrar para colocar ovos e futuros mosquitos, se nascerem, não conseguirão sair”, orienta Denise.

Neste ponto, é importante redobrar a atenção para o armazenamento de água para consumo. “Não há comprovação científica de que a estiagem ainda vivida por alguns Estados, demandando o armazenamento de água pelo morador, tenha relação direta com o aumento dos casos dessas três doenças no país. No entanto, é fundamental lembrar que, mesmo diante da atual necessidade de economia de água, qualquer recipiente pode ser um potencial criadouro de milhares de novos mosquitos”, alerta Ricardo Lourenço, do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários. Novamente, a regra é vedar.

Já a bióloga Rafaela Vieira Bruno, do Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, relembra uma importante característica dos ovos do A. aegypti: a capacidade de resistirem por até um ano em ambientes secos. Por isso, recipientes que não podem ser descartados e nem vedados precisam ser cuidados. As piscinas estão nesta situação. Outro caso é a água da vasilha de alimentação dos animais. “Além de jogar a água fora, é necessário esfregar com uma esponja as paredes dos recipientes, pois os ovos podem ficar aderidos às superfícies”, explica.

“Um ovo depositado pelo mosquito no inverno poderá estar viável para eclodir mesmo depois de alguns meses até chegar o verão”, completa Rafaela. Em contato com a água, os ovos do Aedes podem levar de 10 a 30 minutos para eclodir dando origem a larvas.

Nos Estados onde o problema são as chuvas, é importante verificar locais menos comuns, como ralos de áreas externas e calhas – enquanto os ralos podem ser telados, as calhas precisam ser limpas e desentupidas para não acumular água das chuvas. Outros possíveis criadouros incluem bandejas de ar-condicionado e de geladeiras mais antigas.

O descarte das larvas requer cuidados. O pesquisador José Bento Pereira Lima, do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores, ensina como proceder corretamente. “A água com as larvas deve ser jogada no chão cimentado, na terra ou no asfalto. Como são aquáticas, quando colocadas no seco as larvas morrem em pouco tempo. Essa água não deve ser jogada em ralos ou pias, pois isso poderia caracterizar uma simples transferência de criadouro”, completa o biólogo.


Vinicius Ferreira
23/07/2015
Autorizada a reprodução sem fins lucrativos desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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