Publicada em: 29/07/2016 às 16:00
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Seminário debate ameaça de agentes infecciosos
Jornalismo

Com apoio do IOC, evento aberto ao público em Niterói discutiu desafios dos vírus Zika, dengue e chikungunya e controle do mosquito Aedes aegypti

Os avanços e desafios no enfrentamento do vírus Zika e das malformações congênitas causadas pela infecção em gestantes estiveram entre os principais temas do seminário ‘Ameaças à saúde pública no estado do Rio de Janeiro’, que reuniu cerca de 350 pessoas, em Niterói, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 28/07. Com palestras, debate e espaço para perguntas da plateia, o evento abordou também questões relacionadas aos vírus da dengue e da chikungunya e o controle do mosquito Aedes aegypti. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi um dos apoiadores do seminário, promovido pelas organizações sem fins lucrativos Associação Pestalozzi de Niterói e Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência (ILTC), com patrocínio da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Fundação Cesgranrio.

Foto: Paulo Bittencourt

Cerca de 350 pessoas assistiram ao seminário realizado no Teatro Popular Oscar Niemayer, no centro de Niterói

Segundo dados do Ministério da Saúde, de 08 novembro de 2015 a 23 de julho de 2016, foram notificados 599 casos suspeitos de microcefalia e outras malformações congênitas do sistema nervoso central possivelmente associados ao vírus Zika no Rio de Janeiro. Destes, 95 foram confirmados, 187 descartados e 317 permanecem em investigação. O subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria estadual de Saúde do Rio, Alexandre Chieppe, afirmou que a Zika ganhou destaque nos últimos meses por causa das consequências graves da infecção em gestantes, mas as três doenças transmitidas pelo Aedes circulam atualmente no Rio. Segundo ele, o número de casos caiu com a chegada do inverno. Porém, uma nova alta é esperada para o verão e é fundamental manter as ações de combate ao vetor.

O debate científico reuniu diretores de três centros de pesquisa do Brasil: Wilson Savino, diretor do IOC; Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan; e Edimilson Migowski, presidente do Instituto Vital Brazil. Savino, que atua como membro do Gabinete para o Enfrentamento à Emergência Epidemiológica em Saúde Pública da Fiocruz, ressaltou a atuação da comunidade científica brasileira na resposta à emergência internacional. Em sua apresentação, destacou estudos de diferentes grupos de pesquisa do país que contribuíram para construir o conhecimento sobre o vírus Zika, incluindo a identificação do patógeno, feita pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em abril de 2015; a detecção do vírus no líquido amniótico de gestantes cujos fetos foram diagnosticados com microcefalia, realizada pelo IOC em novembro de 2015; e a análise da genética dos micro-organismos, coordenada pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, e publicada em março de 2016. “A comunidade científica brasileira trabalhou de forma rápida e em colaboração para responder a esse desafio de saúde pública e produziu resultados muito importantes”, disse Savino, completando que “ainda há muito trabalho pela frente”.

Foto: Paulo Bittencourt

No debate moderado pelo médico Luiz Antônio Santini, Savino destacou a mobilização da comunidade científica brasileira

O diretor do Instituto Butantan comentou os esforços para desenvolver uma vacina contra o vírus Zika. Kalil afirmou que o trabalho é desenvolvido em colaboração com instituições internacionais e de forma acelerada. Já Migowski disse que o Instituto Vital Brazil trabalha em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em busca de um fitoterápico que atue contra as arboviroses. Na sessão de perguntas da plateia, os pesquisadores discutiram ainda o controle do mosquito A. aegypti, reforçando a importância de eliminação dos criadouros do inseto. “A difusão de informação é uma questão central em situações de emergência em saúde pública. Nesse contexto, o seminário foi uma oportunidade de apresentar informações qualificadas e esclarecer dúvidas da população”, avaliou Savino.

Reportagem: Maíra Menezes
29/07/2016
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)


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