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Diversidade de olhares para aprimorar a formação de pesquisadores em malária

Seminário Laveran & Deane Sobre Malária consolida mais de duas décadas a serviço da ciência brasileira

A diversidade das pesquisas apresentadas foi um dos destaques da 21ª edição do ‘Seminário Laveran & Deane sobre Malária’, realizado de 10 a 14 de outubro, na Ilha de Itacuruçá, na Costa Verde do Rio de Janeiro. Promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o tradicional evento contou com a participação de 15 estudantes de mestrado e doutorado de diversos cantos do país e 18 professores incluindo três franceses e um português. Os temas abordados incluíram desde aspectos relacionados à infecção nos mosquitos vetores até características genéticas dos pacientes que podem afetar a evolução do agravo, passando por modelos de estudo de vacinas e fármacos para a doença. Confira o documentário comemorativo de 20 anos do evento.

Para o idealizador e coordenador do seminário, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC, o intercâmbio entre estudantes e pesquisadores com visões variadas sobre a doença é um ponto positivo do encontro. “Assim como os estudantes, os pesquisadores convidados atuam em diferentes campos da malariologia, em pesquisas mais básicas ou mais aplicadas. Temos, ainda, a participação de epidemiologistas no evento e, há alguns anos, passamos a convidar pesquisadores experientes que não trabalham com malária, mas que podem contribuir com os projetos dos estudantes em função de sua experiência científica e pelo conhecimento que têm das tecnologias e metodologias empregadas nos trabalhos", avalia Cláudio, que organiza o evento em parceria com a biologista molecular Maria de Fátima Ferreira da Cruz, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Malária.

Foto: Gutemberg Brito

Participantes da 21ª edição do 'Seminário Laveran & Deane sobre Malária'

Dotado de um formato inovador, que privilegia a interação de estudantes de pós-graduação com pesquisadores de destaque, o Seminário prioriza a participação de estudantes das áreas endêmicas de malária e alunos do primeiro ano do mestrado e do segundo ano do doutorado, que estão justamente na metade do percurso de suas pesquisas. A dinâmica favorece que seja possível levantar contribuições para o projeto de cada aluno: inicialmente, o estudante faz uma apresentação de dez minutos sobre sua pesquisa, seguida por 40 minutos de debate com participação dos outros alunos e dos pesquisadores convidados para o evento. Todos os projetos são discutidos novamente em grupos de trabalho, e, ao final, um relatório compila as principais sugestões.

O objetivo é que os estudantes possam corrigir falhas e aprimorar suas pesquisas, elevando a qualidade das dissertações e teses produzidas no país no campo da malariologia. "Nesses 21 anos, tivemos a participação de cerca de 280 alunos e mais de cem professores, que contribuíram com sugestões para tornar o processo cada vez mais produtivo. Por exemplo, foi por sugestão dos participantes que passamos a designar um aluno iniciador dos debates em cada projeto. Cada um dos 15 alunos recebe antecipadamente o projeto de um colega e é responsável por fazer os primeiros comentários após a apresentação", comenta Cláudio, acrescentando que o número de estudantes interessados em participar do seminário tem crescido nos últimos anos, com 28 pedidos de inscrição recebidos em 2016.

Além das discussões pautadas nos trabalhos dos estudantes, o evento também conta com conferências que abordam temas diversos em malariologia, sempre incluindo uma atualização sobre a epidemiologia e o enfrentamento da malária no Brasil. Na 21ª edição, Franck Prugnolle, pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), de Montpellier, na França, abordou a ‘Origem e a evolução do Plasmodium falciparum’, microorganismo responsável pela forma mais grave da doença. Abordando um problema atual, Lise Musset, pesquisadora do Institut Pasteur de la Guyane, na Guiana Francesa, falou sobre o problema da resistência dos plasmódios aos medicamentos disponíveis, o que pode dificultar o tratamento da doença. Coube à Sheila Rodovalho, representante do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária (PNCM), da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, expor os desafios no combate ao agravo no Brasil, considerando a passagem de uma estratégia pautada pelo controle da malária para uma perspectiva que assume a eliminação da doença como objetivo. “As conferências são uma oportunidade de aprendizado com pesquisadores que atuam na vanguarda da malariologia. Além disso, a participação do PNCM, abordando a situação da malária no Brasil, permite que os alunos percebam como seus trabalhos podem contribuir para o país", destaca Cláudio.

Sobre Charles Laveran e Leônidas Deane
Criado em 1995, durante as comemorações do aniversário de 95 anos do IOC, o evento recebeu o nome de ‘Seminários do Instituto Oswaldo Cruz’ e foi dedicado à memória de Alphonse Laveran. O homenageado, cirurgião do exército francês, foi quem primeiro identificou e descreveu o parasito Plasmodium em 1880, durante uma missão na Algéria, na amostra de sangue de um paciente. Graças à descoberta, ele recebeu o Prêmio Nobel de Medicina de 1907.

No ano 2000, no centenário do Instituto Oswaldo Cruz, o nome foi oficialmente alterado para ‘Seminário Laveran & Deane’, passando a homenagear também o conceituado parasitologista brasileiro Leônidas de Mello Deane. O cientista é reconhecido como um dos grandes nomes da malariologia no mundo e atuou como pesquisador no IOC de 1980 até o ano de sua morte, em 1993. Leônidas Deane conduziu, em conjunto com sua esposa Maria Deane, o maior estudo abrangendo a biologia e a distribuição geográfica dos vetores da malária na região amazônica.

Em sua 21ª edição, o evento foi patrocinado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, IOC, Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Governo Federal e Governo Francês. Além disso, teve o apoio da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec).

Reportagem: Maíra Menezes
20/10/2016
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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