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Ciência que alimenta o conhecimento

IOC marcou presença na 13ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, destacando as variadas ligações entre o alimento, a ciência e a saúde. Confira a galeria de fotos




Prover algo para o corpo ou a mente que gere satisfação de completo. Definição do verbo ‘alimentar’, esta ação tornou-se realidade para as centenas de adolescentes, jovens e adultos que passaram pelas atividades do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) durante a 13ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) 2016. A partir do tema ‘Ciência Alimentando o Brasil’, eles foram saciados com um nutritivo e importante alimento: o conhecimento. “O encontro contribuiu para ampliar o saber das pessoas em relação ao que tem sido desenvolvido em busca de melhorias para a saúde pública, parte da missão do IOC. Ao aproximar o público da pesquisa científica estamos fortalecendo o despertar de novas vocações”, destacou Wilson Savino, diretor do IOC. A SNCT é realizada em todo o país pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Na Fiocruz, o evento aconteceu entre os dias 18 e 21 de outubro.

Max Gomes

Centenas de adolescentes, jovens e adultos acompanharam as atividades promovidas pelo IOC na 13ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia


Os laboratórios do Instituto desenvolveram mais de dez atividades, distribuídas em quatro núcleos – ‘Mais que comidas, nutrientes!’; ‘Operação cozinha limpa: alimentos precisam de cuidados’; ‘Insetos também comem’; e ‘Da natureza para o laboratório’. “As atividades destacaram uma nova fase do projeto ‘IOC + Escolas’, que insere crianças e adolescentes em um espaço privilegiado de contato com aprendizados voltados para a ciência, saúde e cultura no IOC”, ressaltou Elisa Cupolillo, vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação.

Mais que comidas, nutrientes!

Além de ajudar a manter uma dieta rica em nutrientes, conhecer a composição dos alimentos pode evitar doenças como diabetes, por exemplo. Foi com esse mote que o núcleo ‘Mais que comidas, nutrientes!’ ofereceu aos visitantes um ‘prato cheio de conhecimento’ sobre as quantidades máximas de açúcares e proteínas indicadas para o consumo diário. No ‘Jogo das Refeições’, desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa em Leishmanioses, os visitantes foram estimulados a optar por refeições mais saudáveis, substituindo alimentos industrializados, considerados ‘pobres’ em nutrientes para a saúde humana. Aluno do 7º ano da Escola Municipal Brasil, de Olaria, na Zona Norte do Rio, Samuel de Lima, de 15 anos, ressaltou que, durante a atividade, aprendeu informações complementares ao conteúdo escolar. “As dicas de alimentação foram as partes mais interessantes do evento. Eu tento comer coisas variadas, como maçã e banana no lanche e também uma saladinha com arroz e feijão no almoço. Agora sei a importância disso para a saúde”, comentou. Já na ‘Na trilha dos Nutrientes’, jogo de tabuleiro desenvolvido pelo Laboratório de Avaliação em Ensino e Filosofia das Biociências, os participantes calcularam a quantidade e os tipos de alimentos que diferentes perfis de pessoas precisam para exercer atividades cotidianas. Um torso do corpo humano, apresentado pelo Laboratório de Patologia, também atraiu olhares curiosos. O objetivo foi mostrar que os alimentos percorrem um longo caminho pelo corpo até passarem pelo processo de digestão, o que permite ampla absorção dos nutrientes. A ação da saliva e da bile foi observada com o uso de microscópios.

Gutemberg Brito

Jogos e brincadeiras estimularam os participantes a refletir sobre a importância da alimentação saudável e do exercício físico para a prevenção de doenças como a diabetes


O excesso de glicose no sangue pode causar a uma série de complicações, como problemas cardiovasculares e diabetes. Jogos e brincadeiras desenvolvidas pelo Laboratório de Inflamação enfatizaram como uma alimentação rica em nutrientes, aliada à prática de atividades físicas regulares, pode contribuir para a prevenção destas doenças. “As crianças e os adolescentes têm se alimentado muito mal – não consomem frutas, verduras ou legumes numa quantidade adequada e acabam ingerindo muita gordura. É preciso reforçar a importância da boa alimentação, o que pode prevenir problemas de saúde e doenças no futuro”, ressaltou o professor da Escola Municipal Brasil, Vinicius Goldenberg, que acompanhou os alunos durante as atividades na SNCT.

Operação cozinha limpa

O núcleo ‘Operação cozinha limpa’ mostrou que a manutenção de uma rotina saudável também depende de cuidados que vão além da escolha dos alimentos. A lavagem correta das mãos, por exemplo, pode evitar infecções intestinais. A atividade coordenada pelo Laboratório de Estudos Integrados em Protozoologia destacou o passo a passo para uma correta higienização, que deve ser feita antes e após as refeições. O tema também compôs o ‘cardápio’ de atividades nos estandes do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas e do Laboratório de Enterobactérias, que abordaram os perigos causados pelos parasitos giárdia e Salmonella, que podem ser transmitidos por meio da ingestão de água contaminada ou pelo consumo de alimentos mal cozidos, respectivamente.

A atenção no preparo das refeições também foi destaque da atividade do Laboratório de Malacologia, que expôs ao público um pequeno e gosmento ser que pode transmitir doenças ao entrar em contato com frutas, legumes e verduras. Os caramujos despertaram a curiosidade de muita gente, incluindo a do estudante Carlos Alberto Lobo Guimarães dos Santos, de 18 anos. “Foi uma experiência completamente nova. Achei muito interessante ver diferentes espécies de caramujos e saber que algumas delas podem transmitir doenças”, comentou o estudante do Colégio Estadual Clodomiro Vasconcelos, de Itaguaí, município da Região Metropolitana do Rio.

Insetos também comem

Mosquitos, abelhas, borboletas e os mais variados insetos que conhecemos também precisam de nutrientes para sobreviver, mostrou o núcleo ‘Insetos também comem’. Dentre as fontes de alimentação, estão substâncias como frutas e até mesmo o sangue humano e animal. Os Laboratórios Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Díptera e Hemíptera e de Bioquímica e Fisiologia de Insetos apresentaram as principais características do ‘barbeiro’, vetor da doença de Chagas. Na exposição, insetos vivos e espécimes em lâmina puderam ser observados com o uso de microscópios. Os pesquisadores chamaram a atenção para medidas que ajudam a evitar o contato com o inseto, como a higienização e manutenção de alimentos em ambientes vedados. A equipe do Laboratório de Simulídeos, Oncocercose e Infecções Simpátricas: Mansonelose e Malária apresentou os mosquitos simulídeos, conhecidos popularmente como ‘borrachudos’. Esses insetos se desenvolvem em rios, possuem hábito diurno e uma picada que provoca coceira intensa. São responsáveis pela transmissão de uma doença pouco conhecida, a oncocercose (cegueira dos rios), causada pela filária Onchocerca volvulus.

Gutemberg Brito

Os hábitos alimentares de insetos podem indicar os riscos que eles oferecem para a saúde humana. Os 'borrachudos', por exemplo, se alimentam de sangue humano e podem provocar uma doença conhecida como 'cegueira dos rios'


Outro mosquito bastante conhecido no Brasil e no mundo – o Aedes aegypti também foi destaque. O Núcleo Operacional Sentinela de Mosquitos Vetores (Nosmove) apresentou o ciclo de vida do mosquito até a fase adulta, na qual a fêmea precisa se alimentar de sangue para maturar seus ovos, momento em que pode passar a transmitir os vírus dengue, Zika e chikungunya. Os visitantes ainda foram presenteados com as belezas da Coleção Entomológica do IOC, uma das mais importantes da América Latina, que completa 115 anos em 2016. Parte do acervo foi disponibilizada para visualização, incluindo espécies de mariposas, besouros, borboletas, vespas, abelhas, grilos e gafanhotos. A Coleção abriga mais de 5 milhões de exemplares de insetos das faunas brasileira e de outras regiões do mundo, reunindo espécimes que representam grande relevância para pesquisas de saúde pública.

Da natureza para o laboratório

Você sabia que na sua refeição pode haver alimentos e plantas que, além de serem nutritivos, são fontes de substâncias fundamentais para pesquisas científicas? O núcleo ‘Da natureza para o laboratório’ mostrou como os compostos extraídos de vegetais podem ser utilizados nos tratamentos de hepatites, doença de Chagas e leishmaniose, por exemplo. O Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos abordou o Projeto Selênio, iniciativa que utiliza o mineral encontrado na castanha-do-pará como estratégia complementar no tratamento da doença de Chagas. Já o Laboratório de Bioquímica de Tripanossomatídeos fez exposição da apigenina, molécula encontrada no aipo e que pode ser utilizada no tratamento da Leishmaniose para reduzir a carga parasitária e as lesões decorrentes do agravo. Já o Laboratório de Hepatites Virais desenvolveu um jogo de tabuleiro que mostrou como a Vitamina D que pode contribuir para melhores resultados no tratamento das hepatites. Além destas atividades, os visitantes puderam conhecer - em visita ao Borboletário Fiocruz - o fascinante mundo das borboletas e como esses insetos pequenos e coloridos desempenham uma função importante na produção de frutos de diversas plantas: a polinização.

Josué Damacena

De acordo com os pesquisadores, conhecer os nutrientes presentes em cada alimento pode ajudar na hora de montar refeições mais saudáveis e equilibradas


Coordenadora científica das iniciativas do IOC, a chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, Rafaela Vieira Bruno, destacou a coesão dos temas apresentados. “Em um esforço que reuniu diferentes perspectivas sobre a alimentação, buscamos conscientizar um público diverso, entre crianças, jovens e adultos”, explicou. “Eventos como esse possibilitam a formação de multiplicadores do conhecimento, reforçando um dos papéis da ciência, que é difundir informações para a população”, complementou Luiza Pereira, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Leishmaniose do IOC, que também atuou na coordenação das atividades.


Reportagem: Lucas Rocha e Max Gomes
Edição: Cristiane Albuquerque e Vinicius Ferreira
25/10/2016
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