Publicada em: 20/03/2017 às 16:35
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Em busca dos transmissores da febre amarela
Jornalismo

Pesquisadores e técnicos analisam mosquitos coletados em Casimiro de Abreu, município onde houve primeira confirmação da doença no Estado do Rio de Janeiro

O sol mal havia nascido na última sexta-feira (17/03) e pesquisadores e técnicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) já estavam a postos para percorrerem centenas de quilômetros em busca de respostas concretas a recente epidemia de febre amarela silvestre no país. O objetivo: detectar mosquitos transmissores do vírus na cidade de Casimiro de Abreu, na Baixada Litorânea do estado do Rio de Janeiro, onde foram confirmadas as primeiras infecções em humanos no estado. "Nossa missão em Casimiro é identificar os mosquitos da região e dizer quais deles podem estar envolvidos na transmissão da doença", explica o pesquisador Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC. Especialista em mosquitos transmissores de doenças, o entomologista atua há 30 anos na investigação de vetores.

Foto: Vinicius Ferreira/IOC

A equipe do laboratório enfrenta a mata fechada e íngreme para instalar armadilhas e capturar mosquitos Haemagogus e Sabethes

O desenho geográfico da localidade rural de Córrego da Luz, local onde os casos foram detectados e onde estão concentradas as atividades da equipe, representa um desafio extra com sua extensa área de mata fechada e morros íngremes. Armadilhas que capturam ovos e mosquitos adultos foram instaladas em casas e na mata, sob as árvores e até nas copas. Os alvos principais da busca são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, os dois principais vetores do vírus em casos silvestres da febre amarela nas Américas. Com um equipamento que é uma espécie de ‘aspirador científico’, os especialistas conseguiram capturar mosquitos, que foram levados para o laboratório, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Os mosquitos serão identificados e será analisada a possível presença do vírus. Clique aqui para saber mais sobre os mosquitos transmissores da febre amarela silvestre.

“Durante quatro semanas, retornaremos à localidade para recolher o material das armadilhas e para coletar mais mosquitos adultos. Com isso, será possível descobrir qualitativamente que espécies existem do interior da mata até dentro das casas próximas, determinar a densidade de mosquitos do local, apontar quais são capazes de sair da floresta e picar as pessoas na borda da mata e no descampado, indicar quais espécies peridomiciliares podem penetrar na floresta e picar animais reservatórios do vírus, dizer quais podem estar transmitindo o patógeno, e até mesmo decifrar a linhagem do vírus da febre amarela, caso sejam encontrados mosquitos naturalmente infectados”, diz a pesquisadora Monique Motta, do mesmo laboratório.

Fotos: Vinicius Ferreira/IOC

Acima, uma das dezenas de armadilhas que foram colocadas na mata, sob as árvores. Abaixo, mosquito do gênero Haemagogus capturado no primeiro dia de atividade


Reportagem: Vinícius Ferreira
Edição: Raquel Aguiar
20/03/2017
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)


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