Publicada em: 04/05/2017 às 13:43 |
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Desnutrição pode agravar a leishmaniose visceral Pesquisa detalha como carência de proteínas altera o funcionamento do timo, órgão onde as células de defesa são amadurecidas, e prejudica a resposta contra a infecção A desnutrição afeta a resposta imune frente a infecções e, entre as diferentes formas de desnutrição, a carência de proteínas na dieta é uma das formas mais prejudiciais. A desnutrição proteica é um fator de risco conhecido para o desenvolvimento da leishmaniose visceral. Em novo estudo, publicado na revista internacional ‘Scientific Reports’, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Nacional da Colômbia descrevem mecanismos que ajudam a compreender essa associação nociva. O trabalho detalha alterações da desnutrição proteica sobre o timo, órgão de maturação das células de defesa conhecidas como linfócitos T, o que pode prejudicar a resposta imune ao parasito Leishmania infantum, causador da doença. O impacto negativo da desnutrição no desenvolvimento do agravo é mais um fator que caracteriza uma situação social perversa: classificada como doença negligenciada, a leishmaniose afeta majoritariamente populações que vivem em condições de pobreza, que também são as mais afetadas pela carência de proteínas na dieta – os dois aspectos se somam, com efeitos deletérios.
Após serem produzidas na medula óssea, as células precursoras dos linfócitos T migram para o timo, onde amadurecem e se diferenciam, dando origem a subpopulações celulares que atuam na defesa do organismo. Isso acontece de duas formas: a ação direta no combate às infecções intracelulares e a ação indireta por meio da ativação de outros tipos de células de defesa e da regulação da resposta imune. Os pesquisadores observaram que a carência de proteínas pode prejudicar tanto a chegada das células precursoras ao timo, quanto o retorno de linfócitos T maduros para o órgão. Como resultado dessa combinação de fatores, a resposta à infecção é prejudicada. Segundo o estudo, a capacidade de migração das células precursoras e dos linfócitos T não é afetada, porém a desnutrição provoca uma queda significativa na produção de moléculas que compõem o microambiente do timo – fundamentais para orientar o deslocamento celular durante o processo de maturação. Por esse motivo, a entrada de células precursoras no órgão é reduzida e o processo de diferenciação apresenta falhas. Ao mesmo tempo, há dificuldade em atrair linfócitos T maduros de volta para o timo, o que contribui para o descontrole da infecção dentro do órgão. Os autores destacam que não foram encontradas evidências de que a desnutrição provoque um aumento da morte celular no timo, embora essa possibilidade não possa ser descartada. Segundo eles, os resultados reforçam o papel do microambiente do órgão no controle da leishmaniose visceral. “Nossos dados mostram uma drástica desregulação das moléculas migratórias no timo, o que afeta a entrada e a saída de linfócitos imaturos e maduros. Esses achados sugerem que a desnutrição tem um efeito deletério sobre a resposta imune mediada pelos linfócitos T, reduzindo a capacidade dos animais privados de proteínas para controlar a proliferação dos parasitos”, concluem os cientistas. Clique aqui e saiba mais sobre as formas de transmissão, prevenção e tratamento das leishmanioses. Referência do artigo: Losada-Barragán, M. et al. Protein malnutrition promotes dysregulation of molecules involved in T cell migration in the thymus of mice infected with Leishmania infantum. Sci. Rep. 7, 45991; doi: 10.1038/srep45991 (2017). Foto da capa: Imagem de microscopia mostra, em vermelho, um macrófago no timo de um animal com alimentação saudável / Crédito: Losada-Barragán, M. et al Reportagem: Maíra Menezes Edição: Raquel Aguiar 04/05/2017 Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz) |
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