Publicada em: 06/07/2017 às 16:25
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Arboviroses e hepatite B são destaques das ‘Memórias’
Jornalismo

Na primeira edição após comemorar índice recorde de fator de impacto, a publicação também traz estudo sobre tuberculose entre índios no Paraguai e achado inédito relacionado a micobactérias

O diagnóstico de arboviroses é um dos temas em pauta na edição de julho da revista
‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’, que acaba de celebrar o índice recorde de fator de impacto, consolidando a posição de publicação científica mais citada da América Latina. Realizado por pesquisadores do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz-Amazônia), Instituto Evandro Chagas (IEC) e Universidade do Estado do Pará (Uepa), um dos estudos publicados no periódico apresenta um método molecular para detecção simultânea dos vírus Oropouche e mayaro. Como as duas viroses transmitidas por insetos ocorrem ao mesmo tempo na região amazônica e provocam sintomas semelhantes aos da dengue, chikungunya e Zika, pode haver dificuldades no diagnóstico clínico. Os cientistas desenvolveram um teste com alta sensibilidade e especificidade para detectar o material genético dos vírus Oropuche e mayaro, com base na metodologia de PCR multiplex.

Outra pesquisa em destaque na edição avaliou a ocorrência de diferentes sorotipos do vírus da dengue na cidade de Matamoros, no estado de Tamaulipas, no México. Analisando amostras de 243 pacientes, o estudo conduzido pelo Instituto Politécnico Nacional, no México, identificou, pela primeira vez, a presença do sorotipo 4 do vírus da dengue na região e apontou um alto índice de infecções mistas: cerca de 20% dos pacientes estavam infectados por dois ou mais sorotipos virais. Segundo os autores, o resultado reforça a importância de combinar métodos de diagnóstico moleculares e sorológicos para confirmação dos casos.

Entre os dez artigos publicados, a edição apresenta também uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Hepatites Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) que apontou mutações no genoma do vírus da hepatite B em um caso de infecção oculta. A variante viral foi identificada após a análise de amostras relativas a 35 pacientes atendidos no Ambulatório de Hepatites Virais do IOC, que tiveram os exames sorológicos de diagnóstico com resultado inespecífico. Adaptando um método de PCR quantitativo, os cientistas conseguiram detectar o genoma do vírus na amostra de um dos pacientes, confirmando a infecção oculta. A partir do sequenciamento do DNA viral, os cientistas identificaram a presença de mutações que podem ter contribuído para o resultado inespecífico nos testes sorológicos.

Em outro trabalho, pesquisadores do Laboratório de Genética Molecular de Microrganismos do IOC relatam um achado inédito. Em uma micobactéria ambiental, encontrada no solo de florestas da Mata Atlântica, os cientistas identificaram um plasmídeo que não tinha sido descrito antes na literatura científica. Separados do material genético principal do microorganismo, os plasmídeos são pequenas moléculas de DNA com formato circular. Isso é comum em bactérias, porém, poucos plasmídeos foram detectados em micobactérias até o momento. Segundo os cientistas, o achado abre portas para estudos de evolução e conjugação, além de ser um potencial instrumento para manipulação do DNA deste gênero de microrganismos.

A partir de entrevistas com mais de 24 mil voluntários de diferentes grupos étnicos indígenas do Paraguai, pesquisadores identificaram quase 1,4 mil indivíduos com sintomas respiratórios e dez casos de tuberculose pulmonar, confirmados por exame de cultura. O estudo, que é mais um destaque da edição de julho, encontrou risco três vezes maior de sintomas entre os índios Ayoreo e Manjui. A idade superior aos 37 anos também foi associada ao dobro de chances de apresentar sintomas. Entre os fatores de risco, os pesquisadores identificaram ainda sexo feminino, histórico de casos anteriores de tuberculose na família, tipo de habitação, ausência de aquecimento doméstico e carência de consumo de vegetais, carnes, laticínios e frutas. A pesquisa foi realizada pelo Ministério de Saúde Pública e Bem-Estar Social e Universidade Nacional de Assunção, no Paraguai; Faculdade de Ciências Sociais Latinoamericana, na Argentina; Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no Brasil. Todos os artigos publicados na revista ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’ podem ser acessados gratuitamente online.

Reportagem: Maíra Menezes
Edição: Raquel Aguiar
06/07/2017
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)


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