Publicada em: 10/10/2017 às 17:27
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Reconhecimento no Prêmio Capes de Tese
Jornalismo

Estudo sobre proteogenômica foi um dos vencedores da mais importante premiação de teses do país. Trabalho que investigou alternativas terapêuticas para a doença de Chagas recebeu menção honrosa

A tese de doutorado do biólogo Raphael Tavares da Silva, defendida na Pós-graduação em Biologia Computacional e Sistemas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), foi contemplada no Prêmio Capes de Tese 2017 na categoria Interdisciplinar. O trabalho enfocou o processo molecular denominado 'splicing alternativo', no qual diferentes proteínas podem ser produzidas por um mesmo gene. Este processo tem a capacidade de ampliar a variedade de proteínas produzidas pelo organismo, podendo afetar aproximadamente 90% dos genes humanos. O estudo foi orientado por Fabio Passetti, que atuava no Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática do IOC e atualmente está vinculado ao Instituto Carlos Chagas (Fiocruz-Paraná), e Nicole de Miranda Scherer, do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Divulgado nesta terça-feira, 10/10, o resultado marca a primeira conquista da Pós-graduação em Biologia Computacional e Sistemas na premiação. A premiação contemplou, ainda, o trabalho sobre novas terapias para a doença de Chagas da bióloga Francisca Hildemagna, da Pós-graduação em Biologia Parasitária, com a menção honrosa na categoria Ciências Biológicas III. O estudo foi orientado pela pesquisadora Maria de Nazaré Correia Soeiro, chefe do Laboratório de Biologia Celular do IOC. Os trabalhos também foram destaques do Prêmio Anual IOC de Teses Alexandre Peixoto 2017, que reconhece as melhores teses desenvolvidas pelos mais novos doutores dos Programas de Pós-graduação Stricto sensu do IOC. Conheça também as teses desenvolvidas em outros programas de pós-graduação da Fiocruz premiadas nessa edição.

"A gente sempre trabalha para fazer o nosso melhor", disse Raphael. "Gostaria de agradecer ao Instituto - e eu continuo acreditando na ciência do país, apesar da situação atual - , ao programa de pós-graduação e aos orientadores, que são nosso exemplo. Se consegui chegar aqui, é porque tive excelentes referências", sentenciou. Para o pesquisador Fábio Passetti, que orienta Raphael desde a iniciação científica, a premiação é motivo de orgulho. “É um jovem promissor na área de bioinformática que tem tudo para ter um futuro brilhante. Além disso, é importante ressaltar o apoio do corpo docente, da Pós-graduação e da direção do IOC para a conquista”, destacou, acrescentando agradecimentos à coorientadora do projeto, a pesquisadora Nicole de Miranda Scherer, e ao Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática do IOC.

O vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do Instituto, Marcelo Alves Pinto, reforça a relevância da conquista. "O Prêmio Capes de Tese é um reconhecimento que vem se somar à safra de boas notícias no Ensino, junto ao êxito na avaliação quadrienal da Capes. Parabéns a nossos alunos premiados, seus orientadores e aos Programas de Pós-graduação onde as teses foram desenvolvidas", disse. Coordenador da Pós-graduação em Biologia Computacional e Sistemas do IOC, Ernesto Raúl Caffarena relacionou a premiação aos investimentos em melhorias para o Programa. “O prêmio inesperado evidencia o resultado de um trabalho árduo por parte dos alunos e orientadores desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos, que levou ao aumento do conceito do Programa na avaliação quadrienal. O reconhecimento da Capes, mediante a outorga do prêmio na área interdisciplinar faz jus à qualidade da produção científica do Programa”, destacou.

O estudo desenvolvido por Raphael está situado no campo da proteogenômica, área que atua na interface entre o genoma e o proteoma com o auxílio de tecnologias de espectrometria de massa (MS) e de sequenciamento de alta vazão de RNAs (RNA-Seq). No trabalho, Raphael utilizou dados de RNA-Seq para construir diferentes repositórios proteicos voltados para a identificação de variantes de splicing alternativo no proteoma de diferentes linhagens celulares e em amostras de cérebro de homem e camundongo.

Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

Raphael Tavares da Silva também foi reconhecido pelo Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto por trabalho dedicado à proteogenômica


Estudo sobre a doença de Chagas: menção honrosa
A menção honrosa do Prêmio Capes de Tese, na categoria Ciências Biológicas III, contemplou um estudo de novas terapias contra a doença de Chagas. O agravo negligenciado causado pelo parasito Trypanosoma cruzi resulta numa das principais cardiopatias infecciosas que levam à morte. A terapia apresenta várias limitações, incluindo baixa eficácia na fase crônica (estágio tardio da doença), e altos níveis de toxicidade, o que torna necessária a identificação de novos medicamentos. “É com muita alegria, honra e orgulho que recebemos a premiação que celebra o conjunto de resultados alcançados através de muito estudo, trabalho e do apoio da nossa instituição. Este reconhecimento nos incentiva a continuar promovendo ações em saúde e educação, gerando conhecimento, desenvolvimento tecnológico e inovação que nosso país tanto precisa”, ressaltou Nazaré Soeiro.

Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

Autora da tese que recebeu menção honrosa, Francisca em cerimônia do Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto


Foram investigadas – de forma individual e combinada – moléculas chamadas arilimidamidas (AIAs), potentes agentes tripanocidas, e inibidores de enzimas envolvidas na biossíntese de ergosterol, que interferem na sobrevivência e na proliferação do protozoário T. cruzi. Foi avaliada a eficácia na eliminação do parasito em estudos in vitro e in vivo. Os testes revelaram reduções na carga parasitária e aumento nos níveis de cura parasitológica com o uso da terapia combinada em camundongos. Os resultados apontam que o tratamento baseado na associação dos agentes permite a redução de doses e do tempo de exposição aos produtos, além de apresentar menores índices de toxicidade em relação ao tratamento disponível atualmente, minimizando a possível ocorrência de resistência a fármacos. “Uma grande alegria e uma imensa satisfação saber que o nosso trabalho foi reconhecido como uma das melhores teses do Brasil. Além de ser gratificante, é de grande importância para um estudo sobre uma doença negligenciada ter esse tipo de repercussão. Vale a pena insistir na pesquisa mesmo nos momentos de restrição orçamentária”, destacou Francisca. “A menção honrosa destaca que o Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária continua formando pessoas com alta qualidade. O Programa já foi premiado em outras oportunidades, padrão que tem se repetido nos últimos anos, e que mostra que estamos formando bem nossos alunos”, ressaltou Rafael Freitas, coordenador do Programa.

Sobre o prêmio
Criado em 2005, o Prêmio Capes de Teses é promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Na edição de 2017, foram reconhecidas as melhores pesquisas de doutorado defendidas em 2016 em 48 áreas do conhecimento. Os trabalhos vencedores e os ganhadores das duas menções honrosas concedidas em cada categoria foram selecionados com base em critérios de originalidade, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação, além do valor agregado pelo sistema educacional ao candidato.

Reportagem: Lucas Rocha
Edição: Raquel Aguiar
10/10/2017
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)


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