Publicada em: 11/04/2018 às 11:00 |
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Inovação no diagnóstico da febre amarela Instituto idealiza procedimento capaz de identificar, em cerca de uma hora, se uma amostra apresenta o vírus em circulação ou o vírus utilizado na fabricação da vacina
Gutemberg Brito
"Criamos uma solução que permite dar respostas mais rápidas em termos de diagnóstico da febre amarela", destaca a virologista Ana Bispo, uma das líderes da pesquisa O protocolo mostrou ser capaz de detectar o vírus selvagem e o vírus vacinal com alta sensibilidade e especificidade diagnóstica. “Um ponto merece destaque: para garantir que não havia o risco de reação cruzada, foram realizados experimentos com mais de 40 vírus diferentes durante o desenvolvimento do método. Tivemos a grata surpresa de conseguir desenvolver um método inédito de alta sensibilidade, especificidade e rápido para diferenciar vírus febre amarela selvagem e vírus vacinal”, comemora a pesquisadora. Além disso, o procedimento permite quantificar a carga viral presente na amostra. Atualmente, o procedimento está sendo aplicado no Laboratório de Flavivírus do IOC para caracterizar o tipo de infecção em amostras de casos suspeitos de eventos adversos após a vacinação. O protocolo tem potencial para contribuir especialmente na rotina de esclarecimento de casos suspeitos de eventos adversos à vacinação junto ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). A pedido da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Ministério da Saúde (CGLAB), está em curso a produção, em caráter de protótipo, de um kit de insumos para uso no protocolo. Essa etapa está sendo realizada por meio de colaboração do IOC com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP). A perspectiva é de que, no futuro, os insumos possam ser utilizados na rede de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens), que atua no diagnóstico laboratorial de febre amarela. Para André Luiz de Abreu, da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Ministério da Saúde (CGLAB/SVS/MS), a novidade poderá beneficiar a rotina de trabalho em todo o país. “Essa é uma inovação pensada por um Laboratório da rede para aperfeiçoar o conjunto das atividades de diferenciação em diagnóstico da febre amarela. Existe potencial de agilizar o processo em todo o Brasil”, avaliou.
O novo protocolo tem ainda mais um benefício: oferece resultados conclusivos mesmo quando a amostra tem baixa concentração do vírus. Nesses casos, pode não ser possível realizar a análise tradicional diretamente a partir do material clínico, sendo necessária a realização de uma etapa intermediária para isolamento do vírus, que é então replicado em laboratório. No entanto, a situação se torna um problema na hipótese de um paciente que tenha simultaneamente a infecção selvagem e a vacinal – um paciente, portanto, que é picado por um mosquito com o vírus pouco antes ou pouco depois do momento em que foi vacinado, quando a imunidade provocada pela vacinação ainda não foi estabelecida. Nessa circunstância, aumentam as chances de que, por conta da etapa intermediária de isolamento viral, seja detectado apenas vírus presente em maior quantidade na amostra, apesar dos dois vírus estarem presentes. Já o novo protocolo de RT-PCR em tempo real diferencial é capaz de detectar ao mesmo tempo a presença dos dois vírus – mesmo que um deles esteja em concentração mais baixa na amostra do paciente. Sobre o Laboratório de Flavivírus O Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) atua regularmente desde a década de 1990 no diagnóstico laboratorial de amostras de pacientes com suspeita da doença provenientes dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. Também realiza análises de amostras de primatas desde 2014. Além disso, com o aumento do número de casos suspeitos desde 2017, o laboratório também foi designado pelo Ministério da Saúde para processar amostras do Ceará e Rio Grande do Norte. Segundo o Ministério da Saúde, entre junho de 2016 e junho de 2017, foram confirmados 777 casos e 261 óbitos por febre amarela no país. E de julho de 2017 a 03 de abril de 2018, já foram contabilizados 1.127 casos e 328 óbitos. Reportagem: Lucas Rocha Edição: Raquel Aguiar 11/04/2018 Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz) |
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