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Pesquisadores alertam para os cuidados com a gripe

A queda de temperatura durante os meses de outono e inverno favorece a infecção pelos vírus Influenza. Saiba mais sobre os tipos de vírus em circulação e como agir para reduzir o contágio e a transmissão

Com o início da campanha nacional de vacinação contra a gripe, em 23/04, o Brasil se prepara para o enfrentamento sazonal da doença causada pela ação dos vírus Influenza. A queda de temperatura durante as estações de outono e inverno é um dos fatores que favorece a proliferação dos patógenos. Até 21 de abril deste ano já foram registrados 566 casos de influenza no país, com 90 óbitos, a maioria em decorrência da infecção pelo subtipo A(H1N1). As informações são do último informe epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde.

A circulação do vírus Influenza no país é acompanhada pela pasta por meio de uma rede de unidades sentinelas, distribuídas em serviços de saúde de todos os estados, e uma rede de laboratórios de referência, dentre eles, o Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O monitoramento é feito por meio do acompanhamento dos casos de síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda grave (SRAG). “Permanecemos sempre alertas, verificando as semelhanças genéticas entre os vírus circulantes e as cepas utilizadas na produção de vacinas. Além disso, monitoramos possíveis traços de resistência aos antivirais usados no combate à infecção”, destaca Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do IOC, que integra o Sistema Global de Vigilância e Resposta à Influenza da Organização Mundial da Saúde (OMS), e atua como referência nacional junto ao MS.

O virologista Fernando Motta, do mesmo Laboratório, explica que a circulação dos vírus varia ano após ano, podendo haver equilíbrio ou predomínio de alguma cepa. Nesse contexto, a vacinação é a principal forma de evitar o desenvolvimento de casos mais graves de gripe. “As vacinas são atualizadas para cada epidemia, e mesmo que apenas um componente seja alterado é importante renovar a vacinação. Outro aspecto desejado é o efeito provocado pela nova vacina, que reforça as defesas ativadas no ano anterior”, pontuou. No dia 12 de maio, será realizada uma mobilização nacional pelo Ministério da Saúde, o chamado ‘Dia D’ contra a gripe, com a disponibilização de 65 mil postos de vacinação e o envolvimento de 240 mil pessoas.

Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

Marilda Siqueira e Fernando Motta atuam no Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz

Diferentes tipos e linhagens
Existem três tipos de vírus Influenza: A, B e C – os dois primeiros são responsáveis por epidemias sazonais em várias regiões do mundo, com circulação predominantemente no inverno e, o último, causador de infecções mais brandas. O tipo A é classificado em subtipos, como o A(H1N1) e o A(H3N2). “Todos os anos, as epidemias são provocadas por variantes de três vírus principais, que circulam na população humana, sendo dois do tipo A: influenza A(H1N1)pdm09 e A(H3N2), e de influenza B, que não tem subtipos, mas sim duas linhagens: Victoria e Yagamata”, explica a pesquisadora Paola Resende, que integra a equipe do Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo. Mesmo com suas particularidades genéticas, todos podem provocar os mesmos sintomas, como febre alta, tosse, garganta inflamada, dores de cabeça, no corpo e nas articulações, calafrios e fadiga.

Foto: Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz

Segundo Paola Resende, as epidemias anuais são causadas por variantes do vírus Influenza que circulam na população humana: A(H1N1)pdm09, A(H3N2), e influenza B

Subtipo do Influenza A, o H3N2 ganhou destaque após atingir de forma intensa a população dos Estados Unidos durante a recente temporada de inverno no hemisfério norte. “Não se trata de um vírus novo, o H3N2 infecta humanos desde 1968 e tem circulado de modo preponderante desde 2015 no Brasil e no mundo”, esclarece Motta. No entanto, uma onda de boatos, que passou a circular pelas redes sociais, ‘pegou carona’ nessa notoriedade propagando informações inverídicas de um subtipo de nomenclatura similar – H2N3 – estaria em circulação no país e poderia provocar uma pandemia. “Esse subtipo até existe, mas sua circulação está restrita a animais. Nunca foi identificado em humanos em nenhuma região do mundo”, enfatiza o especialista.

Foto: Medical Graphics

Reprodução do vírus influenza

Fernando Motta esclarece, ainda, que a origem das pandemias está relacionada aos rearranjos genéticos de cepas dos vírus Influenza a partir da mistura de vírus que afetam humanos e animais, assim como observado com o subtipo H1N1 em 2009. “A mutação pode acontecer no processo de replicação do vírus quando uma pessoa ou um animal está infectado por mais de um vírus ao mesmo tempo: numa situação de infecção de uma mesma célula por dois vírus Influenza distintos (A e B), a célula pode misturar o material genético dos vírus, dando origem a um novo vírus”, pondera. Esse processo difere da evolução pontual, relacionada às pequenas mutações que os vírus Influenza sofrem constantemente e que ocorrem naturalmente no ambiente.

Monitoramento constante
O Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do IOC recebe amostras de diversas unidades sentinelas vinculadas ao Ministério da Saúde para a realização de análises complementares que contribuem para o monitoramento e vigilância da influenza no país. Entre os estudos desenvolvidos estão as análises filogenéticas, que permitem avaliar a relação evolutiva entre distintos grupos de influenza. O Laboratório também é responsável pela identificação de cepas variantes dos vírus que circulam durante as epidemias sazonais. “A rede de vigilância de influenza acompanha semanalmente os casos e a evolução dos vírus de modo a que o sistema de saúde público esteja apto a intervir no caso de uma mudança de cenário”, ressalta Motta.

Cuidados do dia a dia
Ações básicas podem contribuir para reduzir as chances de contágio com os vírus Influenza. O uso de desinfetante para higienizar superfícies, o hábito de lavar as mãos adequadamente com água e sabão e o uso de álcool em gel são formas eficazes de inativar o vírus e evitar sua propagação. Hábitos como cobrir a boca e o nariz usando lenços ao tossir ou espirrar também são eficazes para reduzir a transmissão viral. O vírus é pouco resistente, perde sua capacidade infecciosa facilmente e permanece poucas horas no ar ou em superfícies como mesas e corrimões.

Essas e outras informações foram repassadas à sociedade pelos pesquisadores da Fiocruz e por representantes do Ministério da Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e do Conselho de Secretários Municipais de Saúde durante o evento ‘Influenza: Uma epidemia de todos os anos’, realizado na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 26/04.

Reportagem: Lucas Rocha
Edição: Vinicius Ferreira
Foto: Influenza Viruses, por www.medicalgraphics.de, sob a licença de uso CC BY-ND 3.0 DE
27/04/2018
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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