Publicada em: 02/08/2018 às 16:00 |
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Reconhecimento merecido 15º Simpósio Internacional de Esquistossomose teve homenagem a Naftale Katz, referência em estudos na área, e conferência com representante da OMS sobre recomendações globais para eliminação da doença
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Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz
Cerimônia de abertura homenageou o pesquisador Naftale Katz com o título de presidente honorário da 15ª edição do Simpósio Internacional de Esquistossomose Ficou a cargo de Roberto Sena, coordenador do Programa Translacional de Pesquisa em Esquistossomose da Fiocruz (Fio-Schisto), homenagear Katz, que também possui o título de pesquisador emérito da Fiocruz. Nas palavras de Sena, o reconhecimento é também um agradecimento por sua dedicação ao tema. “Na história científica dele, só para se ter uma ideia, publicou mais de 290 artigos originais em revistas nacionais e internacionais, em sua quase totalidade sobre esquistossomose e geohelmintos, além de ter sido coinventor do método de diagnóstico parasitário Kato-Katz”, destacou. Após ser homenageado, Katz fez um panorama da esquistossomose no Brasil e destacou dados que fornecem dimensão dos avanços e desafios para o controle da doença. “Foi realizado um inquérito nacional sobre o agravo em 40 municípios de 26 estados na década de 1950. Nessa época, havia 10% de prevalência da doença. No mais recente levantamento, identificamos que o índice foi reduzido para 1%. Deve haver uma maior atenção ao saneamento, pois apenas o tratamento não fará a doença ser eliminada”, ponderou.
A presidente da Fiocruz Nísia Trindade Lima destacou a relevância da pesquisa e das ações de combate à esquistossomose na realidade socioeconômica brasileira reforçando que, no conceito de doença negligenciada, em que a esquistossomose está inserida, é central destacar o negligenciamento das populações afetadas. Nísia enfatizou a importância da adoção de políticas públicas continuadas que garantam o trabalho de pesquisa e ações junto à população. A presidente também chamou a atenção para dados do inquérito sobre prevalência de casos de esquistossomose, coordenado por Naftale Katz: os avanços do Brasil no controle da doença; os avanços no saneamento, ainda que em ritmo lento, comparativamente a outros progressos; a importância de programas sociais com foco na eliminação de pobreza; e a estratégia da saúde da família, com destaque para os agentes comunitários de saúde da atenção básica. Citou, ainda, o trabalho integrado de saúde pública, ao lado de novas tecnologias, da inovação em medicamentos e nas formas de tratamento, aliados à mobilização social. “A continuidade destas políticas é um desafio colocado”, pontuou Nísia.
Sem fórmula mágica Já a pesquisadora Tereza Favre, presidente do Simpósio, ressaltou a importância da articulação entre pesquisa científica, políticas públicas e programas de controle da doença. “Não há ‘fórmula mágica’ para a eliminação da esquistossomose. As estratégias de informação, educação e comunicação em saúde, e a promoção de melhorias de saneamento, que incluem o tratamento e fornecimento de água potável, precisam ser fortemente incluídas ao arsenal de armas para o enfrentamento da esquistossomose e de outras doenças associadas e perpetuadoras da pobreza”, ressaltou Tereza, que é pesquisadora do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Juventude engajada Representante do Ministério da Saúde, André Luiz de Abreu destacou a importância da participação de jovens pesquisadores e estudantes no evento. “Neste auditório, repleto de jovens, eu vejo paixão e mobilização social. Muitos avanços na pesquisa científica relacionados à esquistossomose podem ser atribuídos ao empenho e dedicação de pessoas que trabalham com compromisso”, ressaltou Abreu, que dirige o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Para o especialista da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Santiago Nicholls, a reunião científica é uma oportunidade para o compartilhamento de informações entre os países. “Para atingir a meta de eliminação da esquistossomose como problema de saúde pública, é importante investir em abordagens que levem em consideração a atuação de diferentes setores, com especial atenção para os determinantes sociais da doença. Para a Opas, é importante contar com a expertise de especialistas sobre o tema”, destacou. Perspectivas para a eliminação Na sequência à cerimônia de abertura, Amadou Garba, da OMS, realizou conferência sobre as recomendações da entidade para a meta de eliminação da esquistossomose. Desde o lançamento da estratégia de terapia preventiva pela entidade, em 2006, mais de 66 milhões de pessoas foram tratadas em áreas endêmicas, resultando em uma redução significativa da prevalência da infecção e da carga da doença. O número de pessoas que precisam de tratamento periódico diminuiu de 258,8 milhões, em 2014, para 206,4 milhões, em 2016.
Em relação aos desafios no enfrentamento à doença, o especialista ressaltou que um grande número de pessoas ainda necessita receber o tratamento preventivo, incluindo, por exemplo, adultos em áreas de risco – e não apenas crianças em idade escolar, público-alvo prioritário em diversas regiões do mundo. “A captação de recursos financeiros por meio de doações seria um caminho facilitador para ampliação do acesso ao tratamento”, defendeu. Reportagem: Lucas Rocha e Vinícius Ferreira, com informações de Kath Lousada (Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas / Fiocruz) Edição: Raquel Aguiar 02/08/2018 Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz) |
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